De passagem pelo Brasil, cicloturista chinês é entrevistado em Santa Maria (RS)

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Por Jâneo Manoel Venturini

No dia 05 de maior de 2016, tive a oportunidade de passar a tarde, conversar e entrevistar Siwei Zhong (Sílvio Zhong, no Brasil), ciclista chinês que está dando a volta ao mundo e que esteve pela cidade de Santa Maria.

Zhong entrou no Brasil, pelo Rio Grande do Sul, pela cidade de Barra do Quaraí. Dirigiu-se a Alegrete, Santiago, Ijuí, Cruz Alta, Júlio de Castilhos, Itaara e Santa Maria. Encontrei-o na Praça dos Bombeiros, em Santa Maria.

Bom, mas até encontrá-lo foi algo difícil. Fiquei sabendo da passagem dele por Júlio de Castilhos, via redes sociais e mídias da cidade. Conforme entrevistas que deu, ele passaria pela cidade de Santa Maria. Entrei em contato com Zhong via seu Facebook e disse que gostaria de conhecê-lo e entrevistá-lo. Ele logo me retornou, falou que estava pela cidade, no campus da UFSM e que à tarde, iria visitar a Feira do Livro, que na ocasião realizava-se na Praça Saldanha Marinho.

Um ciclista amigo por coincidência havia encontrado Zhong na praça, entrou em contato comigo logo em seguida, pois o chinês havia comentado em meu nome, que estava me esperando para conversar e que depois partiria para outra direção. Peguei a bicicleta, dirigi-me o mais rápido possível a praça. Chegando lá acabei encontrando meu amigo e o ciclista chinês já havia partido.

Procurei pela praça, arredores, mas não o achei. Perguntei se o chinês havia dito para onde iria. Chiquinho respondeu que Zhong disse que iria dar umas voltas pelo centro.

Voltei para casa decepcionado, pois não tinha conseguido encontrar o ciclista para entrevistá-lo. Decidi novamente mandar mensagem via Facebook. Para minha surpresa, ele respondeu dizendo que estava na Praça dos Bombeiros. Pedi que esperasse lá, que não saísse desta vez, que iria ao seu encontro. Lá fui eu, peguei a bike e novamente saí pela cidade, em direção à praça.

Encontrei Zhong na praça, com sua bike Mountain Bike Merida. Me aproximei e tentei me apresentar. Quando pensei em entrevista-lo, também levei em conta a dificuldade na comunicação que ambos teriam para se entender. Era algo que seria inevitável, mas talvez não impossível, e que não me desmotivou em conhecer o ciclista e tentar conversar com ele. Apresentamo-nos. Zhong perguntou se eu falava inglês. Disse que não. Ele entendia algumas palavras e frases em português e espanhol. Então, começamos a conversar em espanhol, que logo virou uma mistura com o português (portunhol).

Foi difícil a conversa inicial. Percebi que ele estava na praça para visitar algum lugar por ali. Ele falava da Quitanda. Mostrou-me um cartão do local, com um nome. Indiquei-lhe o estabelecimento. Ele queria fazer um lanche. Fomos, então, até a Quitanda com Mais.

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Foi engraçado. Quando vi, estava levando a um lugar, alguém de outro país que a recém tinha conhecido, para fazer um lanche. Quando chegamos à Quitanda, deixamos as bikes ao lado de fora. Fomos muito bem recebidos pelo pessoal do estabelecimento.

Apresentei-me, disse com quem estava, perguntei se alguém sabia inglês ou se pudia ajudar, pois percebi que a dificuldade com a comunicação ainda seria problema. Então, tive uma ideia. Perguntei se a Quitanda tinha wi-fi livre e se podiam fornecer a senha aos clientes, pois com a internet poderia usar o tradutor para entender e me comunicar melhor com o chinês e vice-versa.

A partir daí a conversa fluiu. Consegui me apresentar melhor. Conversamos um pouco sobre nossas famílias. Disse-lhe que gostaria de entrevistá-lo porque é uma oportunidade que tinha de conhecer histórias de pessoas e suas aventuras, pois me chamam atenção essas situações pela coragem e desprendimento. Falei de uma página do Facebook que tenho “Diários de Ciclista” que me motiva a conhecer histórias como a dele, ainda mais com relação a bike, algo que também compartilho e gosto. Ainda lhe contei que também entrevistei outras pessoas como ele que passaram pela região.

Durante a conversa, descobri que Zhong estava na Praça dos Bombeiros à procura da Quitanda, pois quando esteve em Alegrete uma senhora (nome que estava no cartão) falou que se estivesse por Santa Maria procurasse o local para comer algo. A senhora que lhe deu o cartão é parente de um dos responsáveis do local.

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Durante o lanche, então, fui fazendo algumas perguntas ao ciclista, que descrevo abaixo:

Jâneo: Você vem de onde? Qual objetivo desta aventura?
Zhong: Eu sou da província de Jiang Xi, do sul da China. Tenho 29 anos, estudei Gestão em Turismo na Universidade de Changchun. Como gosto de pedalar, decidi sair de bicicleta para dar a volta ao mundo. Há dois anos e onze meses que estou nesta aventura. Em agosto deste ano, quero chegar ao Rio de Janeiro para ver as Olimpíadas. Depois sigo ainda mais dois anos até terminar a volta ao mundo.

Jâneo: Você gosta do Brasil? Quais países já passou?
Zhong: Gosto muito do Brasil. Acho um país lindo. Até chegar aqui já passei por 23 países. Vou te dizer alguns deles: Nepal, Sri Lanka, Egito, Sudão, Etiópia, Quênia, Uganda, Ruanda, Burundi, Tanzânia, Malawi, Zâmbia, Zimbábue, Moçambique, Suazilândia, África do Sul, Chile, Argentina, Uruguai e Brasil.

Jâneo: Após o Rio de Janeiro para onde seguirá?
Zhong: Quero passar pelas capitais como Vitória, Salvador, Recife e Fortaleza no Brasil. Talvez seguir a costa do Atlântico. Na América do Sul pretendo passar pela Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela e Colômbia. Passarei pelos países da América Central. Depois vou em direção a América do Norte: México, Estados Unidos, Canadá e quero sair da América pelo Alasca rumo à Rússia.

Jâneo: Como é teu dia a dia?
Zhong: Eu pedalo cerca de 70 quilômetros por dia. Em média 5 a 6 horas. Vou parando nas cidades. Em algumas conheço pessoas que me ajudam. Em outras fico em lugares públicos ou com amigos. Eu tenho um grupo de amigos que me ajuda da China e um patrocinador. Além disso, tenho um cartão para usar, no caso do dinheiro.

Jâneo: E após Santa Maria, qual o próximo destino?
Zhong: Bom, vou em direção a Porto Alegre. Vou descansando nas cidades até lá. Uma das paradas é Santa Cruz do Sul. Aqui em Santa Maria fico mais um dia. Estou parando na UFSM.

Após o lanche, registramos com fotos o momento na Quitanda. Saímos e pegamos nossas bikes. Zhong ia vir para a UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), então o acompanhei até o bairro Nossa Senhora das Dores. Além de ter passado um período da tarde conversando e sabendo mais sobre a história do ciclista chinês, ainda realizamos uma pequena pedalada pela cidade. Por fim, me despedi de Zhong, desejei boa viagem e aventura, e disse-lhe que havia sido um prazer e grande aprendizado tê-lo conhecido e conversado. Ele também falou o mesmo, me desejou bons estudos, trabalho e pedaladas.

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Gostaria de agradecer o meu amigo ciclista Chiquinho Arruda que me ajudou a encontrar Zhong. Também ao pessoal da Quitanda com Mais, pelo atendimento, compreensão e colaboração. Em especial a Francine Gabbardo e Bruno Medeiros. Recomendo o local, muito bom. Atendimento de qualidade e lanches excelentes.

Quitanda Com Mais (Fruteira, Café e Bistrô) Cor, Sabor e Amor

Fone: 33477737

Rua Cel. Niederauer, 913 – Na Praça dos Bombeiros – Santa Maria – RS.

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