O Caminho da Fé é uma trilha de peregrinação, inaugurada em 11/02/2003, que vai de Tambaú, no interior de São Paulo, até Aparecida do Norte, no Vale do Paraíba/SP, atravessando a Serra da Mantiqueira, pelo sul de Minas Gerais.
Inspirado no famoso Caminho de Santiago de Compostela, da Espanha, narrado pelo escritor Paulo Coelho em “O Diário de um Mago”, o caminho brasileiro foi idealizado por um grupo de Águas da Prata, liderado pelo presidente da Associação Comercial da cidade, Almiro José Grings, que percorreu a trilha européia por duas vezes.
Caminho da Fé – 1° dia – Santa Rosa de Viterbo à Pousada da Dona Cidinha e seu Francisco – 96km
Presenciamos o nascer do sol na estrada, em cima da bike, um privilégio contemplar o nascer do sol, sentindo o restante da brisa da madrugada em nossos rostos, inflando nossos pulmões com o mais puro ar. Seguimos aproximadamente 30km até Tambaú, chegamos à igreja Padre Donizete, com decorações em vasos de barro-cerâmica, característico da região.
Chegando em Tambaú, quando estávamos carimbando nossas credenciais, encontrei o Emmil Takeda e sua esposa Magna, também de bicicletas iniciando em Tambaú o Caminho da Fé.
Eu e o Takeda, já tínhamos conversado pelas paginas sociais específicas do Caminho da Fé pela internet e combinado mais ou menos um horário de nos encontrarmos pelo caminho, mas deixamos rolar e se Deus quisesse, iríamos juntos fazer esta empreitada. O Takeda e sua esposa Magna, são de João Pessoa-PB e foi um prazer enorme tê-los ao nosso lado praticamente todo o Caminho da Fé.
De Tambaú a Casa Branca, foram mais uns 35km aproximadamente, passando por plantações de cana, bananas, laranjas…. enfim, paramos ao lado de um pé de laranja e já sabem né…… só sobraram as cascas.
Coloquei mais um quilo em meu alforge e fomos embora, o sol estava pegando, nossas garrafinhas estavam secas, pedimos aos moradores locais água, é incrível como as pessoas são solidárias com o peregrino nesta região, conhecemos a Dona… e o Seu…. que nos deram água geladinha, o Gê e o Paulo partiram para um banho de mangueira…hahahha!! Fica aqui nosso agradecimento ao casal!!
Seguimos para Casa Branca na paróquia Nossa Senhora do Desterro, para carimbarmos nossa credencial, chegando lá fomos recebidos pela Dn.Maria e a Dn.Vera quem nos deram almoço, estávamos pensando em ficar por lá mesmo, mas em consenso comum, resolvemos pedalar mais 30km até a Pousada da Dona Cidinha em Vargem Grande do Sul, só que não sabíamos o que iria acontecer pelo caminho, e a primeira novidade apareceu, a corrente da bike do Seu Geraldo quebrou no momento em que estava anoitecendo e iniciando uma chuva… paramos para arrumar e a noite já estava consumada, estava escuro, difícil de enxergar e chovendo
Pois bem, consertamos a bike e seguimos, não contávamos que para chegarmos à Pousada da Dona Cidinha, tinha uma “subidinha”…. além de não enxergarmos mais nada, só com as luzes das lanternas, a chuva apertava e na subida com as pedras soltas tivemos de empurrar nossas bikes, com alforges pesados e o trecho com lama, a gente dava um passo pra frente e o pé escorregava meio passo para trás, subidos o morro em ritmos de passo de balé. Em vários relatos, todo mundo dizia muito bem da Dn. Cidinha, uma pessoa de coração enorme, uma atenção extraordinária, uma casinha aconchegante e comida da boa fresquinha toda produzida ali mesmo, seu marido o Seu Francisco, um prozeador dos “bão” mesmo, nos deixou super a vontade…. parecia que eu estava em minha casa, e tudo que a gente passou até chegar ali foi recompensado pelo carinho da Dona Cidinha e Seu Francisco.
Caminho da Fé – 2° dia – Vargem Grande do Sul à Águas da Prata – 65km
Chegamos por volta das 15hs em Aguas da Prata, ficamos na Pousada do Peregrino, fomos bem acolhidos pela…. .
Caminho da Fé – 3° dia – Águas da Prata à Serra dos Lima – 64km
Encontrei o Delegado Renato e o seu Valdir pelo caminho, conversamos um monte de coisa, foram quase 10km de caminhada proseando pelo caminho chuvoso e neblinado. Nos deparamos com uma igrejinha muito antiga, no meio do “nada” mas muito bem conservada resolvemos tirar fotos.
Resolvi seguir sozinho, pois a galera estaria vindo logo atrás e eu queria subir até o vôo livre do Pico do Gavião, apesar da neblina. Segui com este propósito e assim foi, subi subi subi… ufs… após umas 2 horas estava lá em cimão, estava acima da neblina, pena que estava nublado o tempo, mas deu para ver alguma coisa.
Agora teria de voltar e não sabia se o pessoal já tinha passado, fui ao encontro deles, descabelando a bike…. consegui encontra-los na cidade de Andradas-MG, comendo um X-Egg…. parei no hotel para carimbar a credencial e comer também, estava totalmente enlameado… queria logo tomar um belo banho, mas o pedal por enquanto não tinha terminado, o destino seria a temida Serra dos Lima, na Pousada da Dona Natalina.
Chuva a dar com pau, saímos de Andradas, cidade maravilhosa, bem cuidada, limpa e organizada, em sentido à Serra dos Lima, chegando nela, com a chuva, lama e pedras soltas, era impossível pedalar a todo momento, só a Helen mesmo conseguia subir pedalando…. acho que a bike dela tem um sistema de motorzinho… sei lá……
Todos naquela hora se achavam cansados, estávamos muito sujos, molhados, com frio e com fome, até que chegamos na Pousada da Dona Natalina, onde fomos muito bem acolhidos por ela e o seu Claudio, seu marido. Tomamos banho, e fomos jantar, que maravilha…. eu, o Gê e a Helen partimos para um vinhozinho da região, e assim foi que deu um sono danado….. dormimos cedo, devido ao frio também, mas antes fui ver o planejamento para o dia seguinte, meus papeis estavam encharcados. A sorte que o Gê levou uma cópia, e deixou muito bem guardada, estava sequinho. Combinamos de sair cedo, pois o trecho seria de 58km, e não sabíamos se seria com tempo chuvoso.
Caminho da Fé – 4° dia – Serra dos Lima à Borda da Mata 58km
Seguimos no Caminho da Fé, passamos por Barra no bar do seu….., que tinha um campo de futebol profissional.
Após a passarmos pelo Bar do seu…., logo a frente tinha uma bica de agua mineral, apesar do calor intenso, a agua estava gelada pra caramba… mesmo assim fui me refrescar nela… GEELAAADA!!!
Após o refrescante banho, mais uma subidinha e logo nos deparamos com mais um anjo que estava em nosso caminho, ou melhor, dois anjos, Dona Maria Alice e o Seu Rovilson, observamos que, na região, se planta muito café, e nos aguçou a vontade de tomar um cafezinho plantado, colhido, torrado e moído pela Dona Maria Alice e seu Rovilson. Um casal muito simpático e atenciosos, nos recebeu em sua casa com maior carinho.
Em Crisólia, almoçamos no Restaurante da Zeti, feijoada!! Tive de me conter, pois se passasse da conta iria ficar por ali mesmo, maravilhosa comida!! Carimbamos a credencial e….
Passamos em Ouro Fino e conhecemos o Menino da Porteira, que já aparece na descida de uma montanha…. passamos em Inconfidentes, pelo bar do Maurão para carimbar a credencial e tomarmos uma Tubaína, logo pedalamos em direção à Borda da Mata pois o dia estava acabando e teríamos de nos ajeitar ainda na cidade.
Ficamos no Minas Hotel em Borda da Mata este dia, saímos para comer pizza, pedimos uma pizza mista… vem de tudo…. e uma pizza 4 queijos… de Minas hahaha… Queijo fresco, meia-cura, queijo curado e queijo tipo reino… Maravilhosa pedida do Takeda…. O trajeto deste dia foi super tranqüilo, sem muitas subidas, só até chegar ao centro de Borda da Mata, no hotel.
Caminho da Fé – 5° dia – Borda da Mata à Tocos do Moji – 20km
Caminho da Fé – 6°dia – Tocos do Moji-MG à São Bento do Sapucaí-SP – 80km
Sabíamos que estava chegando o momento, estava chegando o fim do Caminho da Fé, restavam alguns kms ainda, e por incrível que pareça, a saudade começava a pontar dali. Seguimos, e o que seria a parada em Paraisópolis, resolvemos estender para a Hospedaria Vó Maria, da Lúcia e do Rogério, após o bairro do Canta Galo, na divisa com São Bento do Sapucaí, entrando já quase no estado de São Paulo novamente.
Caminho da Fé – 7° dia – São Bento do Sapucaí(Hospedaria Vó Maria) à Campos do Jordão 40km
Este trecho já era esperado. Iríamos encarar a temida Serra da Luminosa de 1820m de altitude em relação ao nível do mar, assim fomos, escalando a montanha com nossas bikes, vezes pedalando, vezes empurrando e assim foi. Começamos perceber que o “monstro” não era o “monstro”, era sim, um dos locais mais belos que eu tinha visto, uma visão panorâmica fantástica. Em meio à subida, na metade do trecho da Serra da Luminosa, no meio ao “monstro” que todos diziam, uma pousada nos chamou a atenção.
Era a pousada da Dona Inês, um local espetacular, com uma visão promordial, uma pousada linda, aconchegante. A Dona Inês, pessoa extraordinária, logo de prontificou em nos dar um cafezinho e torradas, fez pão com ovo caipira para nos dar energia e vencer a temida montanha. Vendo algumas fotos expostas, vi um rosto familiar, perguntei se ela o conhecia, ele prontamente disse que era seu sobrinho, o Zil, meu amigo de faculdade, mas que mundo pequeno. Me despedi dela, e seguimos. Percebi que, após a pousada, a subida começou a ficar mais íngreme, e já não estava dando mais para pedalar, tínhamos de empurrar mesmo.
Chegamos ao distrito de Campista, e ali passa uma referência de que estávamos no Estado de São Paulo, a Luminosa estava vencida, agora tínhamos de chegar até Campos do Jordão, na pousada do Peregrino, e assim foi. Chegando em Campos do Jordão, fomos recepcionados pela Bianca e pela Clara…., que é quem toma conta da Pousada, tudo bem limpinho, bem organizado, uma música relaxante de fundo e uma geladeira forrada de cerveja, apesar de que eu não bebi. Ela fez o jantar naquela noite, estava divino…. eu, o Genésio e a Helen, prontamente abrimos uma garrafa de vinho Merlot chileno, e brindamos a conquista da Serra temida Luminosa, estávamos felizes e cansados, ao mesmo tempo, dava um aperto no coração, pois estava findando o Caminho da Fé, nos pomos a refletir o que aprendemos, a lição de vida, colocar em equilíbrio corpo e mente…. e isso estava se fazendo.
Caminho da Fé – 8° dia – Campos do Jordão à Basílica de Nossa Senhora Aparecida 40km
Mais 3,5 km estava eu, na imponente Basílica, muitos que estavam comigo, devotos de Nossa Senhora Aparecida, não conteve a emoção, e em lágrimas chegaram, realizados.
[Nota do blog:] Muitos ciclistas pedalam de vários lugares do Brasil com destino a Aparecida. Veja opções de hospedagem em Aparecida neste link
Dicas de Hospedagem nesse Roteiro
Você pode reservar hotéis, pousadas, hostels e até casas de hóspedes através do Booking.com. Assim terá muitas opções para comparar e escolher a que vai te atender da melhor forma.
Pessoal
O relato de viagem do Emerson está concorrendo a uma Bolsa de Guidão Impermeável da Topeak!
Para saber mais basta acessar o link: http://ateondedeuprairdebicicleta.com.br/?p=7152
Adorei o relato e quero muito fazer o roteiro!
Fica a dica de um bom cicloturismo
O grupo sabe contemplar a vida. Que lugares lindos.
Muito bom o conteúdo! Rico, e cheio de detalhes!!
Esse blog é nota 10!!!
Adorei o relato, fotos lindas e um roteiro completo, parabéns !
Adorei ver as fotos,vocÇes estão de Parabéns
Boa história!!!
Gostaria de fazer este trajeto, ainda estou estudando o percurso e fazendo o planejamento.
Caso tenha como me ajudar enviando este planejamento ficarei grato.
Boa pedalada a todos.