Por Vitaly Costa e Silva
Cicloturismo: Rio Preto – Ibitipoca (MG)
Após diversas tentativas de achar parceiros para fazer uma travessia de bike de Vassouras-RJ para Ibitipoca-MG resolvi fazer sozinho, pra desespero dos familiares. Por este motivo, achei melhor encurtar o trajeto de forma a não pedalar em estradas asfaltadas e mais movimentadas, apenas em estradas rurais. Assim, no dia 15/11, minha esposa, linda ela, me levou de carro até Rio Preto, de onde saí às 5:45hs rumo a Ibitipoca.
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Quem faz este caminho de carro, pega à direita em Rio Preto e vai até Santa Bárbara do Monte Verde, então pega a estrada de chão à esquerda e vai até a BR-267, onde, pegando novamente à esquerda, segue até Lima Duarte, num trajeto de +/- 70km. Porém, eu passaria “por dentro”, pelas serra que passa pelo Funil e sai em Olaria – MG.
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A saída de Rio Preto para o Funil já começa com uma parede sinuosa de paralelepípedos que vai serpenteando até chegar à estrada de chão já bem lá no alto. Dali até o Funil são subidas e mais subidas (como já escrevi aqui mesmo no blog: http://ateondedeuprairdebicicleta.com.br/cicloturismo-de-valenca-rj-a-pedra-do-funil-mg/). Este trecho foi de adaptação, pois era minha primeira viagem de bike efetivamente, ou seja, carregando bolsas, barraca, isolante etc. no bagageiro, ou seja, carregando peso. O centro de gravidade da bike muda e, além disso, o esforço é bem maior. No alto do primeiro “top” fui premiado com o nascer do sol. (olha ele aí embaixo)
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Minha pretensão era chegar ao Funil às 8hs, tomar um fortificado café-da-manhã e sair de lá no máximo às 9:30hs, porém cometi um erro de cálculo: como o feriado era numa sexta, a pousada do Funil ainda estava vazia (os hóspedes chegariam naquele dia, mais tarde), ou seja, não teria café aquela hora; me contentei com um pão com queijo num dos bares do local e resolvi ficar lá até o almoço (eu não podia fazer um pedal tão pesado sem estar bem alimentado); às 12:30hs eu almocei e deixei o Funil às 14hs (5hs após o planejado!!!!).
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Dali pra frente foi bem diferente, pois eu nunca havia passado do Funil, portanto eu atravessaria um trecho desconhecido, o que torna a sensação da pedalada bem diferente. Você não sabe mais o que tem a frente, o quanto dura uma subida, se na descida você terá algum obstáculo mais forte (como uma curva muito fechada), e não tem referências pra saber se está chegando ao destino ou não. E assim foram horas de pedaladas. E é maravilhosa a sensação de durante estas horas ver morros e mais morros, pequenos riachos, senhores em seus cavalos, pássaros, borboletas (tinham umas grandonas azuis que apareciam a toda hora). Horas e horas longe das cidades cinzas, em meio ao verde; um incrível descanso para os olhos e para a mente. Confira aí:
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Cheguei a Olaria às 18:15hs. Observando a pequeníssima cidade de 2000 habitantes tive a mesma impressão que já tive diversas outras vezes ao visitar Minas Gerais: as pequenas cidades mineiras, pelo menos as que conheci, são extremamente limpas e organizadas, com ruas amplas e calçadas amplas, com casas simples porém bem cuidadas, bem diferente das infelizmente abandonadas cidades pequenas do sul-fluminense. Após as impressões iniciais, sentei numa padaria para um lanche e meditei um pouco sobre o resto do pedal. Eu teria que pegar à noite um trecho desconhecido de estradas pouco movimentadas que cortam fazendas, somando isso ao grande desgaste físico já passado até ali e principalmente ao fato de estar sozinho, resolvi dormir em Olaria e seguir viagem no dia seguinte. Imaginem um tombo no meio do nada sozinho às 10 da noite: pesou mais o senso de segurança.
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Às 6:45 da manhã, deixei Olaria em direção a Ibitipoca. Dali pra frente haviam duas possibilidades: seguir por São José dos Lopes ou Rancharia. Optei por Lopes, pois está estrada me levaria até o trecho que vai de Lima Duarte a Ibitipoca. De Olaria a Lopes foi tranqüilo. Algumas subidas não muito pesadas e alguns baixadões bem planos. Em Lopes uma rápida parada para reabastecer o carboidrato e a água.
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De Olaria a Ibitipoca são apenas uns 28km, mas eu mal podia adivinhar o quanto seria duro o trecho final. Muitos já tinham me avisado: a estrada de Lima Duarte a Ibitipoca é duríssima. Mas tem coisa que não adianta ninguém falar, só vivendo pra saber. Eram umas 8 da manhã quando entrei na estrada de Ibitipoca. Dali pra frente eu subi muito. A cada subida mais forte eu lembrava do meu grande amigo Christhophe Balmant dizendo: “cara, a última subida é uma parede, vai poupando porque a última subida é monstruosa, mas aí também termina”. E a cada subida mais forte eu achava que era a última que o Cristhophe havia falado. Num determinado momento, após umas das subidas, olhei o odômetro e percebi que faltavam apenas uns 2km, logo pensei: “é, está deve ter sido a última subida, a que o Christophe havia falado”. Parei para beber o último restinho de água.
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Enquanto bebia via a minha frente dois baitas morros bem altos e a estradinha entrando entre eles, provavelmente, pensei, Ibitipoca é logo ali do outro lado. De repente, vejo algo se mexendo lá no alto da montanha. Eu mal pude acreditar: era um carro, subindo vagarosamente e com extrema dificuldade um paredão desesperador. Eu quase desisti naquele momento. Fiquei uns 10 minutos sentado ao lado da bike pensando já em pedir carona. Refleti, refleti e pensei: “quer saber, eu não vou deixar de completar este pedal apenas por causa da última subida”. Subi na bike e iniciei a penosa subida. O sol resolveu aparecer bem nessa hora. Acho que uns 90% desta ladeira eu fiz empurrando a bike. Empurrava 50 metros e dava uma parada pra respirar. E assim foi até lá em cima. No caminho, dois carros pifados me davam a noção da força daquela subida. Os motoristas que passavam me olhavam até com pena, mas outras davam gritos de incentivo.
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Assim, às 10:20hs da manhã do dia 16/11, cheguei a Ibitipoca. As forças haviam acabado. Deitei na calçada destruído, me deliciei com o picolé de limão mais refrescante de toda a história de humanidade e fiquei curtindo a felicidade de terminar mais uma longa travessia sobre a magrela.
[Nota do blog:] se você vai pedalar pelas cidades desse roteiro, pode consultar campings, hostels, pousadas e hotéis nos links abaixo:
Dicas de Hospedagem nesse Roteiro
Você pode reservar hotéis, pousadas, hostels e até casas de hóspedes através do Booking.com. Assim terá muitas opções para comparar e escolher a que vai te atender da melhor forma.
Amei demais o relato. Amo Ibitipoca mas, como já conheço a estrada, não animo fazer essa travessia. Parabéns a vc, Vitaly Costa, pela disposição e por não ter desistido. E continue pedalando e contando pra gente =)
Obrigado Monique!
Bem que eu te disse que a última subida era sinistra!!! rsrsrs
Mas todas as vezes que subi os passageiros dos carros que passavam por mim gritavam palavras de incentivo.
Parabéns pelo pedal e pelo relato!!!
Da próxima vez pretendo subir por Rancharia pois até onde sei as subidas são um tanto quanto mais tranquilas, se é que se pode dizer isso em Minas Gerais.
Abraço
É meu amigo Vitaly você pegou literalmente uma parede!!!
Parabéns pela viagem e pelo relato!!
Tirou onda Maru, no proximo passeio eu vou, vamos fazer Rio X Paraty ? rrrsrssrsr, parabéns maromba
O FINAL VOCÊ NÃO CONTA, NÉ???
Obrigado galera!!!
Filho, você é um guerreiro, corajoso e muito responsável, cada vez que leio os seus trajetos, acho lindo e fico muito orgulhosa do meu “Filhão
você é valente, mas não esqueça que a mamãe fica desesperada com essas aventuras. Desculpe, mas sempre tenho medo do que se pode encontrar no meio do caminho. Te Amo.bjs
” O final só a esposa e a Mãe ficam sabendo “
Ola Vitaly ! parabéns pelo dasafio vencido. Sou amante do cicloturismo e geralmente faço minhas pedaladas também sozinho! O mais importante você fez, não desistiu do seu sonho. Abraços
Muito bom seu relato! Gostaria muito de ir de Lima Duarte até a Serra do Funil pedalando, mais não sei se aguento voltar no mesmo dia.
Alessandro, na serra do Funil existem ótimas pousadas. Dá pra pernoitar lá e voltar no dia seguinte.
Adorei suas dicas sobre a região da cidade de Rio Preto, agora posso viajar sossegada e curtir toda beleza das paisagem mostrada por você. Gostaria de sair por aí assim como você ,tenho 2 desvantagem sou mulher e já passei dos 70 sou naturalista adoro a natureza. Deixo aqui um afetuoso abraço !!!!