Nesse post vou falar sobre um problema que tive e que me afastou das pedaladas por cerca de um mês: o Dedo em Gatilho. Vou falar um pouco sobre o problema e como consegui resolver, no meu caso, sem cirurgia.
No início do ano, no dia seguinte a um treino longo (166km), acordei com o dedo médio da mão direita “travado”. O dedo estava flexionado e eu não conseguia estendê-lo, a não ser com a ajuda da outra mão. Ao estender o dedo de maneira forçada, sentia um pequeno estalo, como se estivesse liberando uma engrenagem obstruída, e o movimento era acompanhado de um pouco de dor e bastante incômodo.
Preocupado, resolvi procurar logo um fisioterapeuta. Mas antes mesmo da consulta, ao conversar com o amigo que havia pedalado comigo no treino anterior ele disse: ” Dedo em Gatilho, já tive isso”. Logo me lembrei que meu pai, que pedala bastante, também teve o mesmo problema e resolveu com cirurgia.
Fiquei pensando que esse problema pudesse ser comum a mais ciclistas, especialmente os que pedalam bastante, passando longas horas segurando o guidão da bicicleta. Não encontrei nenhum estudo dizendo que ciclistas seriam mais propensos a desenvolver o Dedo em Gatilho por causa da prática da modalidade. Porém, no meu caso, vi que a minha rotina de trabalho contribuiu para o quadro.
Eu passo muito tempo na frente do computador, e utilizo bastante o dedo médio da mão direita no botão de scroll do mouse, para subir e descer pelas páginas da internet, além da digitação, é claro. Mas antes de mostrar o meu caminho para resolver o problema, é importante conhecer mais sobre ele.
O que é o Dedo em Gatilho
Dedo em gatilho é o nome popular da tenossinovite estenosante. É uma inflamação no tendão responsável por flexionar o dedo. Imagine que o tendão é como um cabo de aço de um aparelho de musculação. Esse cabo de aço fica posicionado na parte central de uma polia, e desliza livremente sobre ela. Quando ocorre a inflamação do tendão, ele passa a não deslizar mais livremente pelas articulações do dedo. Ao flexionar o dedo, essa inflamação impede que ele retorne novamente de maneira fluída e sem dor.
Segundo o site Fisioterapia Manual, “essa inflamação do tendão pode ter causa genética, além de ser agravado por outros fatores, como a realização de atividades manuais de extremo esforço ou repetitivas. Algumas doenças também podem contribuir ao surgimento do “dedo em gatilho”: diabetes, hipotireoidismo, problemas reumáticos e infecções como tuberculose e artrite reumatoide, são exemplos.”
Abaixo um vídeo que demonstra o processo do Dedo em Gatilho:
Dedo em Gatilho: como eu resolvi o problema e voltei aos pedais
Meu relato será bem genérico, mas vale antes o alerta: se por acaso você apresenta esse quadro de dedo em gatilho, procure um médico. Cada caso é único e pode ter especificidades na abordagem e no tratamento. Foi exatamente o que eu fiz quando tive esse problema.
Quando procurei o médico – que por coincidência também era ciclista! – ele me informou sobre o problema, dizendo que o tratamento poderia ser feito com cirurgia ou fisioterapia. Minha primeira opção foi obviamente evitar a “faca”.
Procurei então uma fisioterapeuta que trabalha há muito tempo com atletas, e fui muito bem cuidado. Além de sessões para tratar a inflamação, trabalhei também o fortalecimento de musculaturas que estavam sobrecarregando os tendões. No meu caso, existiam músculos fracos desde as costas, que estavam sendo compensados por outras musculaturas e contribuindo também para sobrecarregar os tendões. Passei por um processo de consciência corporal, e tive que reaprender a recrutar os músculos nos movimentos para evitar a sobrecarga nos tendões.
Dedo em Gatilho e dicas para ciclistas: melhore o conforto durante a pedalada.
Outra coisa que achei bem legal foi que a fisioterapeuta deu algumas dicas para melhorar o conforto nas pedaladas. No meu caso a principal delas foi variar as pegadas no guidão em pedaladas de longa distância. Meu guidão antigo permitia apenas uma pegada. Imagine pedalar por 6, 8, 10 horas – no caso de provas de longa distância, cicloturismo etc – segurando o guidão sempre na mesma posição!
Como estava bem chateado pelo problema de dedo em gatilho resolvi investir. Eu optei então por comprar um guidão borboleta, que permite vários tipos de pegada durante a pedalada. Fiz um review dele que você pode ver neste link. É muito confortável, uma diferença enorme comparado ao guidão normal. Outra opção é a instalação de um bar end, que permite a pegada lateral além da pegada tradicional do guidão. Nas bicicletas com guidão curvo (estradeiras) existem também múltiplas opções de pegadas.
Veja na galeria abaixo o Guidão Borboleta e as diferentes pegadas que ele permite.
Desde que fiz essas mudanças e o tratamento o problema não retornou. E você, já apresentou um quadro de Dedo em Gatilho? Como foi seu tratamento? Tem alguma informação que possa ajudar ciclistas com o mesmo problema? Escreva aqui nos comentários.
Tive o mesmo problema em 2007, no mindinho da mão esquerda. Tive que resolver com cirurgia, 30 dias sem pedalar.
Por isso que o “amigo que estava comigo no treino anterior” é você cumpadre! 😉 Grande abração!
Muito interessante, muita gente acha que por praticar determinado esporte, não se necessita fazer musculação, incrivel termos musculos nas costas que influenciam nossa pegada, grande relato.
Tive dedo em gatilho por conta da bike tbem! Resolvi sem cirurgia. Foi com anti-inflamatório, fisio e repouso. Agora sempre tenho dormência nas mãos e me cuido para usar o computador. Mas não “engatilhou mais o dedo”.
Ótima matéria! Também tive este problema. Associado à dormência da mão que acusou o problema da compressão no túnel do carpo. Bike + muitas horas de trabalho no computador, provavelmente!
Cheguei ao artigo, justamente, por estar querendo pesquisar a respeito do guidão borboleta. Por ter visto cicloturistas usando e aprovando!
Provavelmente, seja esta minha próxima aquisição!
Valeu o relato!
Oi Susi, muito obrigado por seu comentário! Temos um review aqui no site sobre o Guidão Bornoleta da Ergotec – https://ateondedeuprairdebicicleta.com.br/review-guidao-borboleta-ergotec/
Um grande abraço e boas pedaladas!