“imaginem que lindo: todos deixando seus carros em suas casas e indo fazer seus afazeres usando transporte público ou a bicicleta pra isso, por pelo menos um dia…” seria, mas não é assim no Brasil.
Criado em 1997 na França, a ideia era fazer com que os condutores de veículos automotores deixassem de usar seus veículos, pelo menos por um dia, para ver se é viável utiliza-los todos os dias. Hoje, 15 anos depois, a ação ocorre em 40 países e em mais de 2000 cidades no mundo com sucesso, mas no Brasil a história é diferente…
É inegável dizer que, hoje em dia, os carros estão cada vez mais “imóveis”, ainda mais nos grandes centros e cidades em franca expansão, e no dia proposto para se usar meios alternativos de locomoção, que tem a missão de chamar justamente quem fica preso no tráfego, acabam tratado-os como os “culpados” de tudo isso. Justo aquele que era pra ser convidado acaba por ser repelido!
Só pra se situarem, vejam o anúncio “FAIL” no início do post, que a Agência Salve fez a pedido da Caloi
Mas como assim?
Explico: citando o caso de São Paulo, onde se passa por volta de 2:49 (duas horas e quarenta e nove minutos) preso nos deslocamentos diários devido ao inchaço nas vias urbanas (muito carro pra pouca rua), o crescimento do número de ciclistas foi muito alto (e continua a crescer) visando uma tentativa de mudança nessa estatística. É ai que a bronca começa: Quem é de SP sabe que andar de bike é quase um suicídio (eu estive lá em Maio e usei muito o transporte público, que é até bom mas a demanda é muito alta e logo todos os coletivos que usei estavam sempre lotados, mesmos em ser na “hora do rush”. Em breve comentarei mais a respeito), e como em toda grande cidade o stress rola solto. Não preciso dizer muito sobre os vários “enroscos” entre motoristas e motoboys, e agora com mais um “inimigo”: o ciclista.
Diante disso, aquele discurso de convite do dia Mundial Sem Carro acabou se transformando em “discurso de caça as bruxas”. Antes que digam que estou defendendo os automóveis, devo lembra-los que além de ciclista sou motorista, e conheço muito bem o drama dos dois lados, e neste texto quero expor o que está acontecendo de errado.
Voltando ao assunto: Lendo um texto no site Jalopnik Brasil (recomendo a leitura) falando justamente sobre este tema, temos a visão de um “Petrolhead” (pessoa que adora e vive a cultura automotiva, e eu também sou um desses) sobre o assunto. E o melhor: o editor deste texto também é ciclista e usa a bike para se deslocar até a redação do site, como ele mesmo deixa claro no texto. Nele, fica claro que o dia Mundial Sem Carro, aqui no Brasil, é mais um movimento contra o automóvel e seus usuários (ou “Car Haters” como o editor mostra). O que era pra ser um convite a deixar o carro em casa por um dia para conhecer outros meios de deslocamento, acaba por ser um dia para “demonizar” o automóvel e seu condutor.
A minha visão sobre isso:
Como Ciclista: Em tempos onde a bicicleta está em voga, campanhas desse tipo acabam sendo um “tiro no pé”, isto é, mostra erroneamente que o automóvel não é um meio de transporte e que o mesmo só serve para atrapalhar o trânsito, quando o mesmo também faz parte do modal de transporte. O problema é que, no Brasil, o carro é visto como símbolo de “status”, riqueza, onde quem tem um automóvel é considerado “rico”. Com as facilidade de se ter um automóvel hoje em dia, qualquer um pode ter um carro, mesmo se for um semi-novo (motos então, nem precisa comprovar renda em alguns casos!). A bicicleta é vista como “coisa de pobre” e isso seria uma regressão no status. A “pobreza de espirito” aliado a ignorância é pior do que a pobreza financeira 🙁
Como Motorista: Atitudes como esta só visa a aumentar a raiva dos motoristas para com os ciclistas. Não tem um motorista que não tenha um caso envolvendo ciclistas (ou melhor “bicicleteiros”, pois ciclista de verdade sabe como se portar no trânsito), e o modo como o Dia Mundial se Carro trata os carros e seus motoristas atiça ainda mais a ira deles, principalmente dos mais ignorantes/fanáticos, ainda mais aqueles “fracos de espírito” que se julgam serem superiores só por estar guiando um carro (esses são os mais perigosos, até mesmo entre nós motoristas!)
Em resumo: enquanto o povo brasileiro não se respeitar e não rever seus conceitos, logo teremos uma “batalha campal” em uma rua perto de você! Espero que isso não aconteça…
P.S: Po#$$%& Caloi! Não tá dando uma dentro!!! ¬¬”
Abraços e bons giros 🙂
Kiko Molinari