Por Jona Hill
Quando eu era pequeno jogava futebol às vezes na escola, até conhecer um amigo novo que veio morar perto de casa. Eu tinha uns 10 anos e ele tinha uns 13. Eu via ele empinando sua bicicleta e eu achava o máximo, nunca tinha visto algo antes, e logo me empolguei e já pedi pra ele me ensinar.
Ele tinha uma [bmx] cross preto fosco, coisa mais linda, e eu tinha uma cross da ciclo bem simplesinha. Eu tinha um amigo que praticava downhill ele também conhecia o novo amigo que veio morar perto de casa. Nosso sonho era ter umas bikes de downhill futuramente. Eu tinha 12 anos e meu amigo 16, e ele começou a trabalhar e logo comprou sua bikezinha. Abrimos uma pista aqui em casa e todas as tardes nós andávamos. Pedia para os meus pais para eles me darem uma bike igual aquela, mas eles sempre falavam: “quando tu crescer você trabalha e compra uma pra você”. Era sempre a mesma história, então meu amigo andava na pistinha com a bike dele e eu com a minha cross caindo aos pedaços. Quase sempre dava problemas nela e eu tinha que juntar grana para arrumar, normalmente eu ajudava meu avô na roça ele me dava uns trocos. Ficava lá um fim de semana inteiro e o ajudava, e também catava latinhas por ai, tudo isso para realizar o meu sonho.
E assim foi indo. Quando completei 14 anos, me inscrevi no jovem aprendiz que é um programa cooperativo que você trabalha nas cooperativas, e ali consegui juntar mais grana ainda e consegui comprar minha primeira bike. Ela era bem simples, com umas peças bem fajutas mas eu pensava: “batalhei para chegar aqui e não vou desistir da bike tão cedo”. Conheci novos amigos da bike, troquei as peças que eu queria, estava tudo sendo perfeito do jeito em que eu sonhava.
Acabava o domingo e eu já esperava chegar o fim de semana para estar com os meus amigos na minha pista. Todos reunidos e mostrando o que sabiam de melhor, aprendendo uns com os outros. Meus pais não me incentivam neste esporte, acham que é para loucos, mas eles não sabem que quanto mais eles falam isso mais eu ganho forças para erguer a cabeça e continuar seguindo em frente.
Às vezes chego em casa da pista e conto tudo o que aconteceu. Eles dizem: ”humm legal”, eu viro minhas costas e vou em bora. Mas às vezes o que mais me dói é quando eles me falam: ”tu não ta afim de fazer algum esporte?”. Ai eu todo desanimado, com uma dor no coração respondo: ”sim, eu pratico um esporte”. E eles dizem: “ah, isso que tu faz não é um esporte, os filhos dos meus amigos todos vão em escolinhas de futsal”. E eu digo: “que bom, desejo o maior sucesso a eles. Mas se você quiser me ver em uma escolinha de futebol, quem sabe verão meu outro irmão que tu vai ter que fazer, porque se depender de mim, puxe uma cadeira e se sente. Desde pequeno eu lutava pelo o que eu queria, corri atrás de tudo pra eu ter um sorriso no meu rosto, e agora nenhum de vocês ira conseguir mudar”.
E eles falam: “que nada, daqui um tempo tu esquece a bike e já ta na fase de namorar e de comprar carros”. E eu digo: ”sim, eu vou ter uma namorada, vou ter meu carro, e vou ter minha casa. Mas a bike, isso pode esquecer que eu vou largar. Ainda mais pra jogar um futebolzinho que só da briga. Olha quando acontece jogos nos estádios, é briga e troca de tiros é só isso que você vê lá. Agora vai conhecer as histórias dos bikers, os que fazem ciclismo por ai, aposto que devem ter histórias muito boas para se contar de lugares que foram. No downhill que é o meu esporte nunca se vê briga. Todos os corredores se desejam sorte na pista e que nada de ruim aconteça com eles. Eles não se importam em ganhar apenas ligam para os momentos bons que é estar la com os amigos, conhecendo novas pessoas e aprendendo um pouco mais da bike.”
A todos que leram minha história, só desejo sorte a todos vocês da bike e que levem seus ensinamentos a diante, cuidado pra galera do pedal nas estradas pois os motoristas não cuidam nem um pouquinho. Enfim, jamais desista dos seus sonhos.
Espero que minha história sirva de motivação para todos vocês bikers e jamais desistam daquilo que vai fazer vocês felizes.