Por Waldeir Adilson dos Santos
O começo da minha historia é parecido com a de muitas outras pessoas na faixa dos 40 anos de idade. A bicicleta foi o grande sonho de consumo da minha infância. Não representava somente um brinquedo, mas sim toda a liberdade de um meio de transporte ágil e individual. Poderia me levar para todos os lugares da pequena cidade do interior onde eu morava: casa dos amigos, campo de futebol, córregos para se refrescar. Tudo ficava mais perto e acessível com a bicicleta.
Na adolescência trabalhei como office boy em um escritório e a bicicleta continuava sendo minha companheira, agora de uma forma mais séria, buscando e levando documentos por toda cidade.
Quando vim para Curitiba, há 30 anos, praticamente deixei a bicicleta de lado e o sonho de consumo passou a ser um carro. Com o conforto do carro, veio o sedentarismo, quebrado somente pelo futebol dos fins de semana. E como consequência veio a obesidade e o stress do trânsito.
Nunca fui magro, mas cheguei aos preocupantes 140 quilos! E a luta para emagrecer era (no meu caso ainda é) bem difícil. Depois de perder alguns quilos, o médico recomendou o óbvio: fazer exercícios físicos. Inicialmente aumentei a frequência dos jogos de futebol, chegando a jogar 3 vezes por semana. E vieram as lesões.
Como a bicicleta mudou minha vida
Então desentoquei do fundo do bicicletário, minha velha barra forte, freio contra-pedal e pedalei 4 km no dia! Parece que foi uma volta aos tempos de infância. Comecei a interagir com o meio em que vivia. Cumprimentar as pessoas que estavam na rua, ouvir os pássaros, conhecer as árvores perto da minha casa.
Em 2012 resolvi ir para o trabalho de bicicleta. São 8 km e vi que levava apenas alguns minutos a mais do que se fosse de carro. E com muitas vantagens das quais destaco duas: economia e diminuição do stress do trânsito.
Comecei a participar de grupos de pedaladas noturnos. E também nos fins de semana. E minha esposa começou a pedalar comigo, juntos fizemos grandes aventuras.
Praticamente abandonei carro e em novembro/2012 fiz minha primeira viagem de bicicleta. Foram 300 km em 3 dias, com um roteiro na cabeça, mas sem nenhuma reserva de hotel ou ideia de quantos kms iria pedalar no dia. Acho que foi a maior sensação de liberdade que tive na vida.
Finalizei o ano de 2012 com orgulhosos 10.004 km pedalados! Tenho uma planilha onde controle os kms que pedalo em cada dia e desde 01/jan/2012 já foram mais de 32.000 km. Em 2016 pretendo completar 40.000 km, o que representa uma volta ao redor da linha do Equador. E já tenho vários roteiros na cabeça para outras viagens de bicicleta.
Ah, vale dizer que a bicicleta me ajudou a emagrecer quase 40 quilos. E agora tenho uma bicicleta aro 29 com 20 marchas.
Deixo duas mensagens finais:
1) aos que não são ciclistas: voltem a pedalar. Digo ‘voltem’ porque quase todo mundo já pedalou um dia;
2) aos ciclistas: façam uma viagem de bicicleta.
A bike mudou a minha vida, para melhor.pois se hoje eu trabalho com mais gosto, com mais animo, graça a liberdade que tenho de poder pedalar e observar cada coisa, viver cada momento, sentir o vento em todo o corpo quando estou pedalando. E aqui aonde eu moro tenho a oportunidade de vê belas paisagens. Quando chego em algum local que tem banho só encosto minha bike em algum lugar com todo cuidado, e entro na água com roupa e ás vezes até de capacete mesmo e saio a pedalar toda molhada. Quem tiver uma bike, que aproveite cada segundo. Pois o custo é mínimo e a liberdade é o máximo.