Por José César Antunes de Navarro
Mais uma vez imbuídos pelo espírito do mountain bike, iniciamos uma nova cicloviagem, desta vez com destino a Salvador, partindo de Porto Seguro, dando sequência à viagem que fizemos em novembro/2014, de Montes Claros, no Norte de Minas, até aquela cidade.
Naquela ocasião, eu, José César Antunes de Navarro, aposentado da Cia. Energética de Minas Gerais, atualmente com 62 anos, partimos rumo a Porto Seguro, juntamente com dois amigos ciclistas, igualmente praticantes do mountain bike: Carlinhos Mourão, representante comercial, 58 anos e Marco Luiz (Lalá), também representante comercial, à época com 52 anos.
Nesta nova cicloviagem tivemos a feliz companhia de quatro novos companheiros: Tallys Couto, empresário, 47 anos; Demétrio Coimbra (Dedé), igualmente empresário, 44 anos, o mais novo do grupo, Fábio Gomes Freire (Fabim), aposentado, 58 anos e Luiz Fernando Gomes Freire (Luizão), também aposentado, 64 anos, que desta vez nos superou na idade, porém detentor de uma energia invejável pra pedalar. Um dos antigos companheiros, Marco Luiz (Lalá), infelizmente, por motivos particulares, desta vez não nos acompanhou, só nos visitou na saída e ficou torcendo por nós em Montes Claros. Pessoa tranquila, amiga e que certamente fez falta. Os novos companheiros por sua vez agregaram muita qualidade ao grupo.
A nossa aventura iniciou-se em 14 de maio último (2017). O objetivo, conforme mencionado, foi pedalar de Porto Seguro a Salvador e nesse sentido foi executado um pequeno planejamento, sem muita complexidade, a exemplo da viagem anterior, que basicamente constou da definição da rota, sendo dado preferência por pedalar pelas rodovias BA-001 e BR-367, através das chamadas “Costas do Cacau e Dendê” evitando o trânsito intenso da BR-101;
Verificação através do Google sobre o perfil altimétrico de cada trecho; definição de um rol de necessidades essenciais (roupas de reposição, materiais de higiene pessoal, remédios para primeiras necessidades, repositores energéticos, ferramentas e itens de manutenção das bikes, etc). Mais uma vez optamos por não ter um caro de apoio.
Ficamos mais tranquilos, pois pela análise dos trechos, estes eram bastante povoados. Região belíssima, muito agradável, com cidades banhadas pelo mar, de belas praias e excelente culinária à base de peixe e azeite de dendê.
Cicloturismo na Costa do Cacau e do Dendê
Assim, partimos de Montes Claros (MG) com destino a Porto Seguro, de ônibus, no dia 14-05-2017, passando por Vitória da Conquista. Embalamos as bikes para possibilitar o seu embarque no porta-malas do ônibus e, nesse aspecto, cabe uma ressalva: nem sempre as empresas exigem que as bikes sejam embaladas, porém a que escolhemos só aceitava o transporte delas nesta condição.
Saímos à noite, o “espírito da viagem” passou a nos contagiar já a partir daquele momento, a alegria e a animação eram totais. Mais uma vez iríamos nos “desligar” do nosso mundo, das nossas rotinas e adentrar num ambiente muito específico, particularmente, diria mágico e característico para cicloviajantes: definir um objetivo, vencer cada etapa, superar obstáculos e colocar à prova a nossa resiliência física e psicológica; enfrentar trechos difíceis e outros nem tanto, porém, todos eles, com suas especificidades.
No íntimo de cada um, muita determinação, companheirismo, vontade de tocar em frente “com alegria” (slogam do Fabim, a cada manhã, quando iniciávamos as jornadas) e Deus no coração para nos dar proteção. A propósito, falando do Fabim, caso fôssemos traçar um perfil das personalidades de cada um, diria que o Fabim, como já deu pra perceber, foi aquele companheiro “bom astral”, em que tudo estava bom e satisfatório; o Tallys, pode ser definido como o organizado, aquele que se preocupava com os detalhes, em analisar, antecipar os fatos e as necessidades; o Carlinhos, o companheiro de todas as horas, se precisasse colar um pneu ou emendar uma corrente, lá estava o Carlinhos ajudando.
Só não podia ficar com fome, o que o abatia fisicamente, afetava o seu humor e “resmungava” de tudo (hehe!); o Dedé, talvez por ser o mais jovem do grupo, era o mais afoito (o “correrino”), queria chegar logo, sumia na frente, porém solidário, aguardava o grupo após algum tempo. Exímio violonista, passamos a viagem toda à procura de um violão para que ele pudesse nos brindar com a sua música, sem sucesso.
Já o Luizão (irmão do Fabim), prevaleceu como sempre a serenidade, característica que lhe é peculiar, aquele que exerce a sua liderança (é um dos líderes dos “Catracas do Sertão”, grupo de mountain bike tradicional de Montes Claros) em benefício de todos. Paciente, companheiro, mesmo tendo condições de acompanhar o Dedé e andar a frente, fazia questão de aguardar os que vinham atrás. Não obstante a serenidade, dava as suas “cacetadas” de bom humor. Já eu estou muito mais para a serenidade do Luizão do que a espontaneidade do Fabim, tendo um pouco também do metodismo e a preocupação do Tallys. Todas essas personalidades somadas resultou num bom grupo de viagem e companheirismo.
Primeiro dia: Porto Seguro a Canavieiras.
O trecho de bike só começou de fato no dia 16/05/2017, uma vez que passamos o dia anterior viajando de Vitória da Conquista para Porto Seguro, de ônibus. Trecho longo, estradas esburacadas e demorado. Chegamos à noite em Porto.
Após pernoitarmos, não por acaso, no mesmo hotel que nos acolheu na viagem anterior “pra dá sorte”, quando lá estivemos, em novembro de 2014. Após o café da manhã, partimos por volta das 08:00h rumo a Canavieiras.
Não havia pressa, iríamos pedalar apenas 75km até Belmonte e de lá atravessaríamos de lancha até Canavieiras, por si só uma aventura (as chamadas lanchas “voadeiras”, não existem outros barcos para fazer tal travessia, ou do contrário nossa viagem seria acrescida em cerca de 200km, dando a volta por rodovia).
Mas não poderíamos nos atrasar, teríamos que chegar a tempo de “pegar” a maré alta, pois a travessia só é feita nesta condição. Trata-se do delta do rio Jequitinhonha, que deságua em Belmonte, cujo trajeto vai também ao encontro da foz do rio Pardo, que nasce em Minas e deságua na Bahia, já do lado de Canavieiras.
A travessia, que dura cerca de 01:00h, percorre por cerca de 22km canais e mangues, com paisagens belíssimas, vale a pena conhecer! (ver filme). Antes de chegarmos a Belmonte porém, atravessamos de balsa, em Santa Cruz de Cabrália, o rio “João de Tiba”, no sentido Santo André, que é aquele lugar que nos faz recordar o trágico “7 x 1” contra a Alemanha na Copa de 2014. Foi lá que aquela seleção ficou concentrada. Passamos em frente ao local onde hoje funciona um belo resort.
Chegamos a Belmonte por volta das 13:30 horas. Aproveitamos para almoçar à beira do cais, onde iríamos embarcar nas “voadeiras”. Almoçamos um belo cardápio à base de moqueca de arraia e contratamos a travessia, que seria executada em duas lanchas (R$ 35,00/ pessoa, incluindo as bikes) e aguardamos a maré subir para possibilitar a travessia. Quando a maré se tornou ideal executamos a passagem, chegando a Canavieiras já noite. Cidade bonita, histórica, cuja vila foi fundada em 1832, sendo elevada à condição de cidade em 1891, teve seu apogeu com a cultura do cacau e após a crise desta atividade face à pragas, passou a dar ênfase ao turismo a partir da década de 1980 (é um dos melhores lugares do mundo para se pescar o Marlim Azul). Encontramos uma pousada simples, porém aconchegante para pernoitarmos, saímos para jantar e aguardamos o dia seguinte, onde iríamos pedalar até Ilhéus.
Segundo dia: Canavieiras a Ilhéus
Pela manhã, no segundo dia de pedal, saímos de Canavieiras rumo a Ilhéus. Dia agradável, temperatura amena, nosso objetivo era pedalar por cerca de 115 km até aquela cidade, de belas praias e que serviu de cenário ao mestre Jorge Amado, em algumas de suas obras.
Muito antes de viajarmos, ainda em Montes Claros, percebemos que havia um interesse do grupo, principalmente do Tallys, de chegar a Ilhéus e visitar o famoso “Bar Vesúvio”. Local histórico, retratado pelo escritor em seu romance Gabriela. A visita ao Vesúvio na chegada, passou a ter um status tão importante quanto à própria chegada a Ilhéus, ou seja, era imprescindível irmos lá.
Saímos por volta das 08:00 horas, mais uma vez sem pressa e com alegria, como diria o Fabim. No meio do caminho paramos em Una, para almoço. Como o tempo estava frio e chuvoso, as camisas “corta-ventos”, adquiridas antes do início da viagem, foram de suma importância neste trecho e nos demais a frente, pois quase todos os dias pedalamos com chuva. Nesse percurso tivemos a primeira quebra de corrente, da bicicleta do Fabim.
Chegamos a Ilhéus por volta das 19:00 horas, já noite. Como previmos que viajaríamos predominantemente durante o dia, não nos preocupamos tanto com os faróis das bikes. Levamos apenas lanternas simples e tivemos um pouco de dificuldade ao chegar à noite em Ilhéus, mas deu tudo certo, pedalamos juntos, um dando cobertura pro outro. O destino inicial em Ilhéus, conforme afirmei, não podia ser outro senão o famoso “Bar Vesúvio”.
Chegamos à praça e, pra nossa surpresa e tristeza, o famoso bar se encontrava fechado, em obras. Assim, após alguns companheiros adentrarem à Catedral (também na praça) e agradecerem a Deus pela graça de ter cumprido com segurança aquela etapa, só nos restou procurar um bar similar nas imediações para “afogar” nosso cansaço e, como bons mineiros, prosear.
Apesar do imprevisto, a euforia mais uma vez foi contagiante. Cada chegada representava uma etapa vencida e sempre cabia uma pequena comemoração. Os que gostavam de “comer água” (expressão do Fabim), como eu, por exemplo, sempre tomava uma cervejinha (com responsabilidade, para não comprometer o dia seguinte, hehe!). Já os não adeptos, como o próprio Fabim e o Luizão, comemoravam com sucos típicos da região: cacau, cupuaçu, etc. O Fabim durante o trajeto sempre afirmava: “chegando lá vamos comer água!”, tudo mentira, “propaganda enganosa”, hehe! Não bebia nada, só suco.
Após animada comemoração e de procurarmos sem sucesso um violão para que o Dedé tocasse pra nós (penso que foi até bom, pois teríamos prolongado a comemoração e o dia seguinte seria imprevisível, hehe!) saímos à procura por um hotel para pernoitarmos, já por volta da meia noite.
Tal procura nos levou a um antigo hotel próximo, no centro de Ilhéus. Naquele instante, cansados pelo percurso de bike e com uns “gorós” na cachola o que mais precisávamos era de uma boa cama “pra aliviar o cansaço”, hehe! Mas eis que deparamos com um recepcionista de hotel “insensível” (hahá!) à nossa pretensão de descansar e sugeriu que procurássemos outras pousadas, pois não dispunha de local para acomodar as bikes (aí danou!).
Tal hotel, embora antigo, foi reformado, oferecia boas acomodações e teria sido construído pelo famoso Coronel Misael Tavares, dono de várias propriedades em Ilhéus e que outrora foi denominado “Rei do Cacau”. Ficamos apreensivos face à necessidade de ter de nos deslocar já cansados à procura de outras acomodações.
Para a nossa felicidade, quando já íamos “jogar a toalha” eis que chega o neto do famoso coronel Misael, que, além de nos dar um desconto na diária, determinou: “eles podem ficar aqui, acomoda as bikes no memorial!”. “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”, hehe! O memorial fica anexo ao hotel e é utilizado para acomodar as relíquias e contar a história do citado personagem, sendo aberto à visitações. Não sabemos se ele de lá onde se encontrava ficou satisfeito com a atitude do neto, porém nossas bikes ficaram muito bem acomodadas, hehe!
Terceiro dia de pedal: Ilhéus a Itacaré
Após uma noite agradável em Ilhéus, pela manhã partimos rumo a Itacaré, mais uma vez sem pressa. Saímos do hotel por volta das 07:20h e só pegamos o trecho de fato por volta das 09:00h, uma vez que tomamos café fora do hotel (este não servia).
Ainda no café fomos alertados por um ciclista local sobre o risco de assaltos neste trecho, mas não nos preocupamos. No percurso demos uma paradinha num mirante que se auto-intitulava “o melhor mirante da Bahia”. De fato muito bonito, tiramos belas fotos, tomamos água de côco e seguimos em frente.
No meio do caminho paramos para o almoço e mais adiante numa pequena lanchonete pra tomar açaí, cuja proprietária era uma simpática e “inconveniente”(hahá!) velhinha, que questionou ao Tallys e ao Dedé de onde estávamos vindo e pra onde estávamos indo? Ao responder que estávamos pedalando desde Porto Seguro e que estávamos indo pra Salvador olhou em atitude surpresa na direção do Luizão (64) e na minha(62) e questionou: “aqueles dois ali vão conseguir? (o que ela quis dizer nas entrelinhas era, aqueles dois velhinhos, hahá, vão conseguir?).
Chegamos a Itacaré ainda cedo e com chuva, por volta das 16:30h. Nesse terceiro dia de pedal totalizamos 268 km rodados, mais ou menos o meio do caminho até o nosso objetivo final.
À noite em Itacaré saímos pra jantar e comemorar mais uma etapa vencida. Cidadezinha tranquila, bonita, conseguimos um bom restaurante, ambiente agradável, música e comida boa, cervejinha gelada (e cara, mas o que importa, enquanto estávamos felizes ou como diria o filósofo Tallys: “o quê é um cisco no olho pra quem tá com o ‘..’ cheio de gravetos”, hehe!). Mais uma vez procuramos um violão pro Dedé, sem sucesso.
No que diz respeito ao consumo de bebida alcóolica após as etapas, vale sempre uma ressalva. Muitos acham que não combina com a prática de esportes, porém, o nosso objetivo era pedalar sem muito preciosismo, não somos e nem tínhamos a pretensão de ser atletas. Assim, considerávamos normal tomar uma cervejinha quando chegávamos, desde que com responsabilidade para não comprometer o dia seguinte.
O sentido da viagem era poder praticar o nosso esporte, num ambiente diferente, sem nos privar das coisas que fazíamos normalmente.
Quarto dia de pedal: Itacaré – Camamu
Depois de Itacaré o nosso objetivo seguinte era chegar a Camamu (nome se deve aos índios Macamamus, que habitavam a região). Cidade histórica, muito bonita, fundada em 1561, cujo trecho era de apenas 55 km. Todavia, a altimetria indicava muita aclividade nesse trecho, sendo de fato um dos trechos que mais enfrentamos subidões, embora curto.
Após nos alimentarmos bem no café da manhã, saímos de Itacaré por volta das 09:00h, sem pressa e “com alegria” na expressão do Fabim, mais uma vez.
O ponto de destaque desse trecho foi a parada para um açaí e sucos, mais ou menos no meio do percurso (desta vez sem a velhinha né, hehe!).
Chegamos cedo em Camamu, às 14:20h e mais uma vez comemoramos com tudo que tínhamos direito. À noite, ainda tivemos ânimo para um citytour pela cidade alta de Camamu, onde, pra nossa surpresa (o que não é muito comum em pequenas cidades), saboreamos uma deliciosa pizza. Até Camamu tínhamos percorrido 325,6 km.
Quinto dia de pedal: Camamu – Valença
O próximo objetivo agora era chegar em Valença, cujo planejamento previa um trecho de cerca de 72,0 km. Após fazermos uma oração conjunta, o que era comum a cada início de viagem, saímos de Camamu por volta das 08:30h, felizes por saber que a cidade de Salvador estava cada vez mais próxima.
Deu até vontade de ficar um pouco mais em Camamu, porém tínhamos que seguir em frente. Ao longo do trecho ficamos conhecendo o deslumbrante cenário que, dentre outros, faz valer todo esforço em viajar de bike, o denominado “Rio de Contas”, lindo rio com suas águas escuras e profundas. Só a alegria de vislumbrar todas essas belezas naturais compensam tal esforço.
Chegamos a Valença por volta das 17:00 horas, após pararmos no meio do caminho para almoço. Naquela cidade tivemos ao que podemos chamar de “um momento de mordomia”, afinal já havíamos pedalado por cerca de cinco dias seguidos e um pouco mais de conforto era merecido.
Hospedamos em um ótimo hotel e mais uma vez afogamos nosso cansaço numa cervejinha gelada, com moderação, acompanhada de churrasco de cordeiro (Hum! Tenho saudades até hoje, hehe!).
Sexto e último dia de pedal: Valença – Salvador
Enfim, estávamos nos aproximando do nosso objetivo final. Último dia de pedal de um total de seis dias ininterruptos até a velha e querida Salvador. A expectativa de todos era grande.
A exemplo de Ilhéus, cujo marco de chegada foi o Bar Vesúvio, em Salvador o marco determinado foi o Farol da Barra, monumento histórico da cidade. Saímos de Valença por volta das 08:50 horas, após café da manhã. Seriam cerca de 110 km.
O trecho era um pouco mais longo e talvez devido à nossa tranquilidade em vencer os obstáculos sem pressa, a noite começou a se aproximar mais rapidamente e ao final da tarde ainda nos encontrávamos em uma pequena comunidade a cerca de 35 km do terminal de Bom Despacho, na ilha de Itapararica, onde iríamos nos embarcar no Ferry Bolt até salvador.
Quase que dormimos por lá, porém, em consenso, decidimos seguir em frente. Assim, por volta das 19:30 horas, já escuro, trânsito intenso, chegamos a Itaparica. Embarcamos e finalmente chegamos a Salvador por volta das 21:00 horas.
De bike, percorremos um bom trecho até o Farol da Barra, símbolo da nossa conquista, após 06 agradáveis dias de pedal, companheirismo e aventura. Embora cansados face o dia inteiro de pedal, a satisfação da missão cumprida foi contagiante.
Hospedamos próximo ao Farol da Barra e no dia seguinte, após nova visita àquele monumento histórico, embarcamos rumo a Feira de Santana e de lá, pra nossa sorte, conseguimos um ônibus direto para Montes Claros. Após embalar as bikes na própria rodoviária, embarcamos e retornamos para casa, felizes e com a missão cumprida.
Esta viagem encerra o segundo ciclo de viagem rumo ao Nordeste, iniciado em 2014, em Montes Claros, onde residimos, quando pedalamos até Porto Seguro (780 km) e agora de lá até Salvador (520 km), totalizando os dois percursos 1300km.
Algumas pessoas do nosso círculo de amizades ao tomarem conhecimento deste feito demonstram uma certa perplexidade, sobretudo aquelas não familiarizadas com as viagens de bike. Nesse aspecto nos colocamos a refletir sobre o quê isso representa?
A resposta é que não realizamos nada de extraordinário. Para alguns ciclistas que conhecemos isso é “fichinha”, cumpririam o percurso em menos tempo e com bastante comodidade. Todavia, penso que para nós isso não é o que mais importa, o que de fato importa foi cumprir a meta a que nos propusemos a realizar e de acordo com o que cada um traçou para si próprio, mediante as nossas condições físicas e o nosso estado de espírito.
Nesse aspecto nos sentimos realizados. Há algum tempo atrás, eu e talvez alguns dos meus companheiros de viagem, jamais concebêssemos realizar tal viagem. Agradecemos a Deus pela saúde e pela condição de ter podido realiza-la; aos brilhantes companheiros e amigos que tudo fizeram para que a viagem se tornasse agradável. Às nossas famílias, que mais uma vez compreenderam o sentido de nossos objetivos e torceram por nós.
Oxalá, com a luz e a força divina consigamos neste ano de 2018 seguir em frente, até lá! Aguarde-nos Recife! Obrigado!