Uma história de 26.000 km com a bicicleta
Por Sônia Weber Mello
A história com a bicicleta dura cinco anos e 26.000 quilômetros. Começou quando recebemos em nossa casa um casal que vinha da Patagônia e ia em direção ao Caribe. Nos dias que passaram conosco foram nos contando suas aventuras inspiradoras e decidimos comprar bicicletas .
No começo pedalamos aqui pela Ilha, progredindo nas distâncias e no preparo físico. No dia em que decidimos fazer a primeira viagem parecíamos crianças que provam algo totalmente novo. Sair pela primeira vez com os alforges – super carregados – em direção à Serra foi realmente desafiador e emocionante pelo carinho que recebemos das pessoas que encontrávamos no caminho.
A primeira viagem foi de 350 km, Florianópolis a Nova Trento via São Pedro de Alcântara, a segunda foi de 400km para a Serra do Corvo Branco. Depois fizemos uma viagem no Norte da Argentina em que tivemos problemas com a altitude. Nossa primeira grande experiência foi o Caminho de Santiago de Compostela, seguindo até Lisboa, em um trecho total de 1500km. Vencendo essa barreira, sentimos que não havia mais limites para nós, pois ficávamos mais fortes durante a viagem, conforme avançávamos nas distâncias.
Saímos então da nossa casa, em Florianópolis até Montevideu, também 1500km. Depois fizemos uma viagem pela Alemanha, em que enfrentamos uma enchente histórica, mas cumprimos todo o pedal.
A última viagem foi pelos Alpes da Suiça e Austria, 70% de montanhas, cinco passos e muita aventura, sendo que a mais marcante foi o dia em que me perdi do meu marido e ficamos desencontrados durante seis horas, sem celular, sendo que ele não fala alemão nem inglês.
Nessas andanças aprendemos muito, aprendemos que comida, água, repouso na hora certa são fundamentais. Aprendemos que temos mais força do que imaginamos. Indo devagar, vendo quadro a quadro as paisagens, sentindo cheiros, provando frutas e comidas novas, percebemos que um mundo infinito de sensação fica mais evidente quando estamos expostos à natureza andando de bicicleta.
Lembro de um caso que nos aconteceu na Alemanha, que eu nunca contei de pura envergonha, apesar de não me arrepender nem um pouco: andávamos há dias em condições difíceis e não tínhamos reservas em hoteis, íamos cada dia procurando alojamento. Estava escuro já e chegamos a uma pequena cidade, havia um quarto em uma pensão e duas pessoas esperando, quer dizer, chegaram antes de nós, eu me aproveitei do fato de saber falar alemão e da dona da pensão ter simpatizado muito comigo e trapaceei, fiquei com o quarto e deixei os outros ciclistas ao relento. Eu sei que é difícil explicar, mas as pessoas são todas boas desde que estejam alimentadas, em segurança, aquecidas. Tire delas o básico e resta somente a lei da sobrevivência.
A próxima viagem será na Itália em breve.
Nosso blog é: lecoesoniabikers.blospot.com, nele estão todas nossas aventuras.
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