Por Sérgio Heinrich
I Bike Tour Lagoa dos Patos
A Lagoa dos Patos é a maior laguna do Brasil e a segunda maior de toda a América do Sul, perdendo por pouco para o Lago de Maracaibo, na Venezuela. A Lagoa recebe muitos afluentes, entre eles o Lago Guaíba, o Rio Camaquã, o Rio São Gonçalo, sendo uma parte da lagoa inundada pelo Oceano Atlântico e, junto com a água do mar, entram os bichos de água salgada, como botos, leões marinhos, aves, peixes e camarões.
Diante desta imensa massa de água doce, 5 gaúchos (Yuri Machado, Sérgio Heinrich, Kefren Castro, Silvio Makoto e Luiz Felipe) criaram o I Bike Tour Lagoa dos Patos. Nossa proposta seria um contato direto com a natureza, acessando as estradas rurais, sem carro de apoio, sem reserva de hotéis ou pousada, largando-se ao acaso e ao imprevisto, que foram muitos. Conhecemos lugares incríveis que nunca conheceríamos se fôssemos de carro, como a Lagoa do Graxaim, uma pequena comunidade isolada pelo difícil acesso, a Vila Pacheca, um recanto histórico, o berço da Revolução Farroupilha. Um recanto ecológico que abriga muitos animais silvestres como o Graxaim, jacaré, capivara e outros tantos.
Foi na estrada da Pacheca, que o destino nos reservou uma grande surpresa: ao seu final encontramos o Rio Camaquã, que subiu fora dos padrões depois do temporal que nos pegou na estrada. A balsa municipal não funciona mais, ficamos com um enorme rio a nossa frente. Um pescador (foto), com seu barco a remo nos atravessou para o outro lado na margem, onde seguimos pela estrada do Tigre, até São Lourenço.
A Estrada do Tigre, que leva a São Lourenço parece não ter fim, mas logo fomos premiados na chegada a Lagoa. Um fato inusitado em São Lourenço aconteceu, enquanto tomávamos banho na Lagoa, uma imensa capivara quase ao nosso lado levanta sua enorme cabeça, nos olha, e como não se importar com nossa presença submerge em um mergulho e desaparece. Infelizmente não conseguimos fotografar.
Outro fato interessante, depois de atravessarmos Rio Grande por balsa, fomos de encontro ao mar em Mostardas. Queríamos conhecer a Lagoa do Peixe, área de preservação permanente, o que chamou a atenção por sua beleza e por total falta de fiscalização, muitas latas, garrafas e dejetos encontramos dentro da reserva. Um triste fato foi encontrarmos redes de pesca na área de preservação, na praia. Encontramos uma enorme tartaruga marinha morta. O sangue ainda vermelho vivo pingava por suas narinas. Seu corpo estava preservado. Um morador da região nos comentou que pescadores utilizam uma seringa com material tóxico (veneno) e injetam no pescoço do animal quando estes se enroscam em suas redes. Logo libertam a tartaruga que vem a morrer dois dias depois, não voltando a atrapalhar sua percaria. Triste fato e denunciado por nós.
Nossa volta na Lagoa dos Patos durou 9 dias. Foram 790km de pedaladas em lugares de difícil acesso, estradas ruais, areia, barro, estradas sem acostamento, 30kg de carga nos alforges, e mesmo perseguido por cachorros em todos os cantos, uma alegria enorme enchia nossos corações. Foram 9 dias de aventura intensa. Dormimos em barracas, pousadas, campings, beira da praia, etc. Cada dia era uma surpresa que o acaso nos premiava.
Entendemos que a Lagoa dos Patos e seus diversos ecossistemas são um capital ambiental inestimável para o país, mas está suscetível à poluição, degradação e ação irresponsável de alguns seres humanos.
Foi uma experiência intensa, incrível e inesquecível.
Espero que um novo grupo possa dar continuidade, quem sabe um II Bike Tour Lagoa dos Patos. Será como foi para nós, inesquecível.
Grande abraço.
[Nota do blog:] se você vai pedalar pela região da Lagoa dos Patos, pode consultar campings, pousadas e hotéis na região de Pelotas, maior das cidades de seu entorno.
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