Experiências sobre Duas Rodas: a evolução da bicicleta e das pedaladas

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Foto: acervo pessoal Alfred Carstens

Por Alfred Carstens

Em janeiro de 2011 após alguns anos com a bicicleta parada na garagem, resolvi levá-la para uma revisão geral. A ideia era pedalar em Vila Velha (ES) pela ciclovia da Praia da Costa. Não tinha companheiro para os pedais, então já com a bicicleta revisada comecei a pedalar sozinho. No começo, aproveitando o horário de verão, comecei a pedalar pela ciclovia e em março de 2011 – mais precisamente no Carnaval – resolvi ir mais longe.

No primeiro dia de Carnaval choveu, fiquei um pouco decepcionado tomei o café e esperei um pouco para ver como o tempo se comportava. A chuva que não parava começou a diminuir e lá pelas 08h30min fui pedalar. Coloquei o tênis, a camiseta de malha, boné e sem mais nada lá fui eu pedalando até Interlagos. 20 km em 1 hora e 40 minutos. Cheguei à casa todo ensopado e todo sujo devido ao resultado da chuva, mas muito satisfeito pela conquista.
Assim foram os outros quatro dias e ao final do ultimo dia de Carnaval já estava fazendo o mesmo trajeto em 1 hora, o que dá uma média de 20 km/h. O animo tomou conta e segui pedalando nos fins de semana.

Foto: acervo pessoal Alfred Carstens
Foto: acervo pessoal Alfred Carstens

A bicicleta em 2011
Na época eu tinha uma GTS M5 cassete de 7 velocidades. Fiz uma planilha para registrar os pedais e o primeiro pedal foi pela cidade de Vila Velha resultando em 27 km e 16 km/h de velocidade média. A máquina fotográfica começou a fazer parte dos equipamentos essências aos pedais.
Animei, e todo o fim de semana fazia um pedal. Em fim de fevereiro fui a Vitória passando pelas Cinco Pontes (Florentino Ávidos) perfazendo 54 km e 17,34 km/h de velocidade media. Estes primeiros resultados foram animadores, verificava a planilha e acreditei que tinha capacidade de ir mais longe.

Comecei com os pedais até Interlagos no período do Carnaval de 2011. Sempre anotando os dados dos pedais na planilha, anotava a data, trajeto, hora de saída, tempo de pedal, hora de chegada, tempo de parada durante o pedal, velocidade media e a velocidade máxima. Estava então montando um banco de dados dos pedais. Até abril de 2011 os trajetos tinham em media 50 km.

Mas no dia 16 daquele mês resolvi ir mais longe. Objetivo: pedalar até Guarapari pelo contorno da Rodosol. Sai às 06h20min da manhã e após 2h16min pedalei 41,20 km com uma média de 18,18 km/h. Parei para respirar e avaliar as condições físicas para continuar. Faltavam 7 km para o objetivo. Avaliei as condições e pensei: “não são 7 km serão 14 km, pois existe o retorno”. Avaliei e decidi voltar. Estava bem fisicamente e não queira chegar todo dolorido. Retornei pelo viaduto do Perocão e pedalando verifiquei que estava bem e que poderia ter ido até atingir o objetivo. Engano meu: não cheguei a pedalar 1 km e comecei a sentir um cansaço sem igual. Braços pernas tudo começou a doer e muito. Estava travando, a velocidade diminuía cada vez mais e a vontade de para foi tomando conta. Pensei: “se parar não pedalo mais um metro, vou continuar até aonde não der mais”.

A bicicleta é uma atividade solitária. É só você e a bicicleta a descobrir novas sensações, faz você pensar de forma mais aberta, sem preconceitos, faz uma visão da vida e uma revisão de valores. Me contagiou de tal forma que vendi o carro, e agora é tudo de bicicleta ou mesmo de transporte coletivo, por que não? Acabou aquele estresse do transito, melhorou a saúde e agora estou mais disposto.

Continuei, mas foi uma briga enorme comigo mesmo, questionado o que eu estava fazendo ali. Cheguei ao ponto de pensar em abandonar bicicleta e pegar um ônibus, foi assim por mais de 5 km até que tudo começou a ficar melhor. O humor melhorou, as dores sumiram e voltei a pedalar, conseguindo inclusive melhorar o tempo da volta em 1 minuto.

As experiências vividas nestes pedais foram incríveis, saber que você pode ir mais longe ou que pode ir aonde quiser sobre uma bicicleta é indescritível. A cada pedal descobria mais e mais sobre a região que achava que conhecia, pois passei várias e várias vezes de carro. Mas de bicicleta as descobertas eram mais significativas. Tinha uma visão da paisagem que nunca tinha vivido.

A bicicleta é uma atividade solitária. É só você e a bicicleta a descobrir novas sensações, faz você pensar de forma mais aberta, sem preconceitos, faz uma visão da vida e uma revisão de valores. Me contagiou de tal forma que vendi o carro, e agora é tudo de bicicleta ou mesmo de transporte coletivo, por que não? Acabou aquele estresse do transito, melhorou a saúde e agora estou mais disposto.

A bicicleta em 2012

Pensando assim, conclui que a GTS não mais servia, pois queira ir mais longe e para isto precisava de ajuda da tecnologia, uma bicicleta leve, confortável e ajustada ao corpo. Resultado: em maio de 2011, vendi a GTS e montei uma bike em um quadro Mosso, agora com cassete de 9 velocidades e um quadro adequado ao meu tamanho.
Estava sempre pedalando pela Rodovia do Sol mais por uma questão de conhecer os locais. Mas a necessidade de ir a novos lugares estava cada vez mais forte, então com a ajuda do Google Earth comecei a traçar rotas para lugares desconhecidos, e finalmente definidos, pedal para Buenos Aires em Guarapari, passando por caminhos alternativos.
Até neste ponto tudo bem, mas como se orientar? Defini o trajeto com pontos de parada anotando as distâncias entre eles e calculando a hora de chegada em função da velocidade media desenvolvida, dado que eu tinha na minha planilha, avaliei os trajetos.
Fiz a impressão das telas do Google Earth onde poderia haver duvidas e equipado com ciclo computador que indicava à distância percorrida, a velocidade, a velocidade media, tempo de pedal uma caneta e uma calculadora. La fui eu, Vila Velha, Xuri, Amarelos, Rio Calçado, Buenos Aires, Guarapari e Vila Velha, 118 km saindo às 06h25min e chegando às 17h20min.

Foi fantástico, muitas fotos, lugares espetaculares e o que mais intrigava: bem perto de casa. Talvez de carro jamais fizesse este trajeto.
A utilização de mapas impressos não era muito prática. Passei então a procurar alternativas e encontrei a solução: um GPS para bicicletas. No Salão do Esporte em São Paulo tive acesso a um deles e não pensei duas vezes: vou levar. Talvez uma das melhores aquisições para a bicicleta, pois permitiu abrir novos horizontes e a descobrir novos lugares. Agora meus equipamentos obrigatórios eram máquina fotográfica e GPS.

E assim foram mais de 1800 km com a Mosso até que, durante um pedal na cidade de Alegre (Eco Trilhas 2012), senti a necessidade de trocar de equipamento, pois alguns itens necessitavam de melhorias. Fazendo uma pesquisa de preços e avaliando as alternativas de mercado, conclui que era melhor trocar de bicicleta ao invés de trocar componentes. Decisão que se mostrou a mais acertada. Apesar de ter a Mosso, não é a mesma coisa do que uma bicicleta montada em fábrica.
Avaliando e analisando as opções decidi pela Merida TFS 1000, cassete de 10 velocidades. Excelente compra. Uma bicicleta muito confortável, precisa, muito bem equipada com freios a disco hidráulico.
Assim foram passando os pedais e com 720 km com a GTS, 1960 km com a Mosso, 1178 km com a Specialized Cross Trail Pro, e os 2102 km com a Merida.

Mas isso era só o começo. Depois desse tempo todo de experiência e planejamento, finalmente fui fazer a minha primeira cicloviagem… Mas isso é assunto para o próximo post.  🙂

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