Olha ela aí na foto. A ciclovia. Provavelmente o primeiro equipamento que nos vem à cabeça quando pensamos em mobilidade urbana em bicicleta. Correndo o risco de ser chamado de chato, resolvi escrever esse texto falando um pouco sobre as ciclovias e os espaços para as bicicletas na cidade.
Quer pedalar na cidade? Não pode porque não tem ciclovia. Político falando de bicicleta na tv? Ciclovia. Planejamento “chinfrim” pra bicicleta na cidade? Ciclovia é a solução.
E quando finalmente a ciclovia é construída, muitas vezes é sub utilizada ou mal utilizada. “Foi construída no local errado”, “não há demanda suficiente” alguns dirão. “Foi construída para o lazer, não contempla quem usa a bicicleta para ir ao trabalho”. Ou então tem carro estacionando em cima, vendedor ambulante, virou lava-jato, pista de caminhada, “está impraticável pedalar”.
Calma amigos. Não estou querendo generalizar. Falo como ciclista que pedala há 12 anos pela cidade, e atualmente, por muitas ciclovias Brasil afora, especialmente em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. As ciclovias funcionam? As vezes sim, outras não. Mas minha crítica vem aqui de uma forma simples:
Se a ciclovia é colocada como única saída, ela pode não aumentar, mas sim, limitar as possibilidades da bicicleta no trânsito.
Estamos em Setembro, na Semana da Mobilidade, e a discussão é interessante. Me explico melhor: a ciclovia não pode mais ser a única, e nem a principal bandeira relacionada ao uso das bicicletas na cidade. As pessoas não podem achar que nunca poderão pedalar, pois não tem ciclovias para tal. Os motoristas não podem se enfezar com ciclistas no trânsito, achando que o único lugar da bicicleta é na ciclovia. E os ciclistas e cicloativistas, nas pedaladas do dia-a-dia ou em suas reivindicações junto ao poder público, devem extrapolar a questão da ciclovia.
Como na música “Comida”, dos Titãs, que diz: “A gente não quer só comida. A gente quer bebida, diversão e arte”. As bicicletas e os ciclistas não querem só ciclovias. Querem ciclovias, ciclofaixas, ciclorrotas, querem um espaço de direitos e deveres no trânsito junto aos outros meios de transporte.
Ciclovia não cabe em todo o lugar, e nem em qualquer lugar. Isso é simplificar soluções em cidades que são distintas e dinâmicas. Queremos a solução que cada espaço permite, que inclua a bicicleta no trânsito das cidades. Seja na ciclovia, ciclofaixa, ciclorrota , espaço compartilhado ou junto ao trânsito, como parte integrante dele.
Muito mais do que ciclovias. Para as bicicletas, respeito.
Em tempo: para saber mais sobre a diferença entre ciclovia, ciclofaixa, ciclorrota e espaço compartilhado, confiram esse post do excelente Vá de Bike.
Pedalo há 35 anos em Porto Alegre e nunca vi tanto perigo nas ruas, como nos dias de hoje. Aqui é uma verdadeira vergonha! Gastam milhões e quem usa são madames pra passear com seus poodles e até policiais a cavalo, que deixam suas “lembranças” mau-cheirosas na via. E ainda nos próximos dias, começará o sistema de aluguel de bicicletas, onde serão despejadas, na carnificina do trânsito, pessoas sem a experiência necessária para andar junto aos outros veículos, já que aquilo que chamam de ciclovia, como dizemos por aqui, “começa no nada e termina em lugar nenhum”!
Má vontade total e claríssima por parte das autoridades (in)competentes e do povo mal-educado, que olha e pensa somente para si.
Concordo plenamente e sou totalmente favorável à implantação de ciclorrotas, transito compartilhado com velocidade máxima de 30 km/h, a ciclovias onde acabamos segregados. A bicicleta, além de transporte, é meio de integração social e urbana.
É isso mesmo Alan! Obrigado pela visita. Seguimos pedalando!
Aqui em Belo Horizonte não é muito diferente não Flavio. Mas tenho acompanhado com meu otimismo incurável uma caminhada (ou pedalada) tímida rumo a mudanças. Precisamos acelerar agora! Obrigado por seu comentário, um grande abraço!
ótimo texto… só que a música do Titãs é “Comida”… =))))
Isso mesmo Enio! Vou corrigir agora! mas “Diversão” também é muito boa né? rsrsrs