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O Caminho da Fé e as lições do cicloturismo

O Caminho da Fé e as lições do cicloturismo
Foto: acervo pessoal Paulo César Melo

Por Paulo César Melo

Comecei a pedalar para melhorar a saúde. Precisava de exercícios, mas nunca gostei de academias, por ser um espaço fechado, e a bicicleta me pareceu o ideal.

Comecei aos poucos, equipamentos simples, e fui me adaptando aos passeios com a bike. Conheci novas pessoas, aprendi sobre pedalar, descobri as trilhas onde muitos outros ciclistas dividiam experiências e alegrias. Num destes passeios, conversamos sobre cicloviagem, e as aventuras e prazeres que tal viagem proporciona. Já estava bem familiarizado com os pedais, equipamento melhorado, e bem mais experiências., e a ideia me agradava muito.

A ideia tomou forma, consegui um parceiro de aventura, e marcamos nossa viagem. O trajeto escolhido para nossa primeira experiência foi o “Caminho da fé”, onde sairíamos de Águas da Prata e iríamos até Aparecida Norte. 318 km , pensados para concluirmos em 6 dias.

Foi uma ansiedade fora de série que antecedeu a viagem, programada para iniciar numa segunda feira . Manutenção na bike, acessórios , mochila e agendamento em pousadas. Tudo arrumado, e a véspera de iniciar o passeio foi difícil conseguir dormir. Começamos bem cedo, com uma empolgação juvenil, saindo de Águas da Prata. Quem conhece o caminho, sabe que dali já começa com uma subida pesada, mas tranquila de se vencer. Pegamos a trilha de terra entre as fazendas e começamos o caminho até Andradas. O caminho tem boa ascensão, passando por lugares maravilhosos, que dá gosto de passar.

O problema começou próximo a Andradas, onde comecei a sentir pequenas fisgadas na perna. Não achei que fosse um problema, e seguimos em frente. A ideia era almoçamos em Andradas e darmos sequência, porém, encontramos um grupo de ciclistas já saindo para a trilha, com o mesmo destino que o nosso.Pensamos, vamos deixar de comer e seguir junto, pois o pessoal já estava com mais de 10 anos de experiência no caminho. E fomos juntos, em direção a serra dos lima. E minha perna começou a fisgar mais, já dando sinais de câimbras. Seguimos, um lugar espetacular, com subidas e descidas dignas de profissionais. Confesso que aderimos ao grupo em solidariedade ao meu parceiro, e o pessoal era realmente muito bacana, mas estávamos fugindo completamente ao nosso roteiro. O Grupo ia até Ouro Fino neste dia, o que não era nossa ideia, mas fomos em frente.

Já estávamos no meio da tarde, é minhas duas pernas doendo como nunca, onde o passeio já estava mais para sacrifício do que prazer. Destino ainda estava longe, e eu já não aguentava mais. Liberamos o grupo para seguir em frente, diminuídos o ritmo, mas eu já estava sem condições de prosseguir, no meio do nada. Mas estávamos no caminho da fé, e fé era o que eu mais tinha de aparecer alguém naquele ponto, que pudesse me ajudar a seguir.

Pois bem, apareceu uma caminhonete , com dois caras, que trabalhavam em manutenção de torres energia, e pararam para me ajudar, dado as dores que eu estava sentindo. Meu parceiro foi pedalando até Ouro Fino, e eu fui de carona. Na cidade, já anoitecendo, procurei ajuda para melhorar as dores, más não consegui nada. Nos reunimos, comemos, finalmente, é fomos descansar, já pensando no dia seguinte. Foi uma madrugada horrível, com câimbras muito fortes, e dores de fazer chorar.

Acabava minha aventura ali, na pousada. De manhã, conversamos e concordamos que não havia condições de eu continuar, uma vez que dali em diante, o caminho ficaria mais pesado. Foi uma tristeza . Todos que ali estavam me deram apoio, conforto e incentivo, mas não foi fácil aceitar. A imagem deles iniciando o, pedal e indo embora marcou muito. Ainda com dores, comprei minha passagem de volta. Isso foi em 2012.

Foto: acervo pessoal Paulo César Melo
Foto: acervo pessoal Paulo César Melo

Hoje estou mais experiente, tratei minhas câimbras, tenho um condicionamento muito melhor que naquela época. Ainda tenho contato com o pessoal que conheci naquele dia, e todo ano eles fazem este caminho. Já fiz várias vezes o caminho de Águas da Prata até Andradas, mas ainda não fiz o Caminho da fé. Este ainda vou retomar um dia, para realmente apreciar suas belezas que suas trilhas possuem. Esta experiência me motivou ainda mais a pedalar, pois embora eu não tenha conseguido meu intuito, consegui boas amizades, e isso a bicicleta nos presenteia sempre.

[Nota do blog]: aqui no blog temos também um post sobre o Caminho da Fé com rota no Strava que pode interessar a você que pretende pedalar por esse roteiro.

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2 COMMENTS

  1. olá, amigo! obrigado por dividir sua experiência. eu tb sou iniciante na bike, mas não de idade, já tenho 60 anos. vcs fazem esse caminho por estrada de asfalto, em rodovia, ou por estradas de terra. como vcsd fazem para se orientar caso seja por caminhos alternativos? meu medo é com relação à orientação a não me perder, saber por onde estou indo. obrigado, rafael

  2. Paulo, força, foco e fé !!! Tenho certeza que na próxima vencerá suas câimbras e terminará o passeio. Divida conosco a história de quando chegar à Aparecida. Boa sorte !!!!

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