[Bikes com nomes de gente] Caloi Aluminum Sigma “Erika”

Dando inicio a esta série, apresentaremos a primeira bike da frota, a “Erika”

Esta bike é a minha terceira bike que montei, sendo a segunda utilizando quadro em alumínio e sendo da Caloi.

Caloi Aluminum Sigma ErikaCaloi Sigma Hybrid Comp, ou simplesmente “Erika”, ainda quando morava no PR

Origem do nome:
O nome “Erika” se deve ao meu “primeiro amor platônico“, isso quando eu tinha meus 8, 9 anos mais ou menos. A menina (na época com 10 anos)  é filha de agricultores que moravam no mesmo bairro que eu, e tinham um sítio um pouco mais afastado da cidade. Nos conhecemos inicialmente na escola, e pouco tempo depois nossos pais se conheceram, uma vez que ficaram sabendo que eles vendiam leite “in natura”, o que na época era uma grande vantagem frente aos altos preços do leite na época.

Erika (2)Aquela “sélfie” básica antes dos treinos (e olha que nem se usava essa palavra em 2005)

Era loira e tinha perto de 1,70 de altura (isso com 12 anos!) e de uma simpatia ímpar, bem típico de pessoas do interior/sitiantes. Eu gostava muito dela, mas não sabia me expressar (minha timidez era gritante). Lembro do dia em que fomos nos matricular no mesmo colégio, iniciando os estudos no 2º Grau (hoje ensino médio). Pena que minha felicidade logo virou fumaça ao saber que ela iria se mudar de estado (saindo do Paraná em direção ao Mato Grosso do Sul)

Erika (1)Primeira foto da “Erika” em solo catarinense

Alguns anos depois, reencontro ela e familiares fazendo uma visita na cidade. Foi uma alegria muito grande em vê-la, e fiquei muito admirado com a transformação dela (ficou “gigante” e já tinha sido eleita Miss MS, devido ao porte de modelo que tinha). Cheguei a conversar com ela a sós por um tempo, e notei claramente que ela evoluiu por completo, ou seja, já se portava como gente grande, enquanto eu ficava meio envergonhado por ainda me sentir “pirralho”. Nos abraçamos e cada um foi para seu lar, e desde então nunca mais tive notícias dela. As únicas coisas que sei até então é que ela mora com os pais em Sidrolândia/MS, em uma pequena fazenda. A essas alturas, já deve estar casada e com filhos, mas não esqueço daquela que foi meu primeiro “amor platônico“. Ainda assim, decidi escolher este nome para minha até então “bike principal“, pois me fazia lembrar de tudo de bom que passei ao lado dessa pessoa.

Erika (3)Erika no mirante próximo a PRF na BR101, em Itapema/SC

Sobre a Bike:
Trata-se de um quadro Caloi da linha Sigma, um dos modelos mais leves que a marca já fez em solo brasileiro. Cheguei a publicar no “finado” Orkut um breve resumo sobre este modelo depois de algumas pesquisas em revistas da época. Segue matéria: (incluindo mais detalhes sobre minha bike)

“A minha é uma Sigma 21 marchas (originalmente ela era conhecida como Aspen Extra 21V e Sigma é a linha de quadros que na época de seu lançamento era equivalente a linha Elite hoje). Essa bike fui montando aos poucos sendo o quadro, garfo e sistema de direção comprado em separado (dei um quadro, tambem da Caloi, com garfo e direção e mais 50 mangos a troco desse conjunto). Eu a batizei de “Sigma Hybrid Comp” por usar elementos de bikes de estrada como pneus finos e coroa maior se comparado as MTB´s (eu a chamo carinhosamente de “Erika”)”

Erika (5)Erika, sempre na parceria: participando de um encontro de fuscas e derivados

Breve histórico da linha Sigma :

A Caloi lança em meados de 1995 a Caloi Sigma para substituir a já consagrada Caloi Andes “Tri Cell Technology” que vinha com grupo Shimano Alivio MC10 e Altus C10. Considerada o quadro mais leve e resistente feito pela Caloi até hoje, a Sigma inicialmente vinha com grupo Shimano STX e STX-RC seguido das linhas Alivio (MC 12) Acera (não lembro do código) e Altus (CT90 e CT 92). Alem dessas peças as mais “top” vinham com suspa Suntour DuoTrack, a mesma que vinha nas Andes de antigamente. A Caloi já chegou a desenvolver a Sigma Team XT com peças Shimano Deore XT e quadro com geometria Slooping. Muitos acreditam ter sido apenas um protótipo mas muitos outros já viram ela rodando (eu mesmo já vi, mas não com todas as peças : vi só o quadro slooping e vi uma Sigma tradicional com as peças XT da época !). Alem dela chegou a ser lançada uma série especial (não confirmada) chamada de Sigma Comp com peças Shimano STX RC 24V e suspa Rock Shox (não lembro do modelo agora), alem do quadro com geometria Slooping. Na época tambem se cogitava o lançamento de uma bike Full Suspension, ainda mais com a divulgação do protótipo Caloi XT, que era uma Sigma transformada em Full e usando componentes Shimano Deore XT. Seu formato era quase semelhante a Sundown FS3 de hoje*. (*lembrando que este foi publicado em 2005!)

Erika (4)Essa bike me leva a qualquer lugar (asfaltado), e sempre encontrando raridades.

Originalmente as Sigma vinham com as “orelhinas” das gancheiras traseiras furadas para a instalação de bagageiro (assim como na Caloi City Tour de hoje), alem de dois suportes de caramanhola (garrafinha). A partir do final de 1996 a linha sigma começa a vir mais despojada com peças mais baratas (um tanto vagabundas eu diria) para “desovar” o estoque de quadros que ainda existia na fabrica. As ultimas vinham com as gancheiras sem furar e com um suporte de caramanhola a menos. As cores disponíveis eram as “neon” como nas primeiras Aluminum e depois foi ganhando cores metálicas, alem da versão polida (em ambas usavam-se tintas liquidas e não tinta epóxi como se comentavam)

Erika e Gaby“Gaby” e “Erika”, em um passeio em um sábado desses…

No mesmo período estava a venda a nova Aspen Extra e um ano depois surgia a Aspen Supra com quadro Aerolight (com down tube mais grosso. Veja meu album). A diferença entre a Sigma e a nova Aspen era a gancheira forjada e o peso, mas pesada. Curiosidade : foram feitas algumas unidades com geometria slooping e usando essa gancheira forjada, alem de duplo suporte de caramanholas. Tanto a Sigma quanto essa Aspen slooping vinham na cor Azul Cobalto fosco. Nesse mesmo tempo chegava a T Type (final de 1995) com melhorias e grupo Shimano TY 22 e suspensão Pro Shock. A partir daí é outra história…

A bike atualmente conta com aros VZAN Extreme 36 furos e pedais clip Shimano. A última a peça a ser trocada nessa bike foram os aros, que eram um par de Escape 260 também da VZAN, e que estão guardadas para, quem sabe, reaparecer em outra bike…

Gostaram da história? Então vão se preparando que no próximo post falarei da “Juliana”, minha Caloi Aluminum Supra Aerolight.

Até a próxima o/

Fotos, texto e edição: Kiko Molinari Originals®

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Desafio Ciclístico 7 dias Verdes – Rio de Janeiro a Salvador

Por Jason Dias Silva

Depois de pouco mais de um ano de incessantes treinos e viagens de adaptação, com o que seria o maior desafio ciclístico já realizado em território nacional sem contar com veículos de apoio e com uma quilometragem diária consideravelmente alta, pude realizar em Agosto de 2012 a Maratona Ciclística 7 DIAS VERDES – Dias – meu primeiro sobrenome e Verdes por tratar-se de um desafio onde não haveria nenhum consumo de proteína animal, já que sou vegetariano desde dezembro de 1986.

Como só é permitido transitar de bicicleta pela ponte Rio/Niterói em ocasiões muito especiais, tive que começar minha jornada ciclística desde o outro lado da ponte em Niterói – dia 05/08/2012 – saindo às 3h da madrugada em ponto, com destino a Cidade de Salvador onde deveria chegar 7 dias depois da saída.

Amanheci o dia na cidade de Itaboraí, BR-101, e segui cumprindo meta de quilômetros por hora, já que deveria pedalar os primeiros 150 km do dia até o meio dia, tendo em conta que seria uma média de 260km diários independente do clima e situações adversas.

Tive meu primeiro contra-tempo (previsível) já na localidade de Silva Jardim com o pneu traseiro furado, problema imediatamente resolvido e segui viagem. Ainda em Silva Jardim, numa breve parada para nutrição, encontrei a bordo de uma van, a equipe CALOI que estava viajando para CAMPOS DOS GOITACAZES para uma competição.

Por volta das 14h me encontrei numa situação completamente inusitada e inesperada, no acostamento passei por um pé de sandália abandonada e a uns 10km a frente encontrei numa descida um personagem empurrando uma MTB com o pneu traseiro furado, descalço e empurrando a bike, parei e então lhe perguntei de onde estaria vindo e prontamente ele me disse que estava vindo do Rio De Janeiro e que havia saído desde o dia 01/08/2012. Ele estava sem câmara reserva, sem bomba, sem espátulas, sem kit de remendos, literalmente sem nada…

Colei a câmara do individuo, que me disse estar indo para Vitória-ES, tendo em vista de que quando o encontrei, a cidade mais próxima na mesma rota era MACAÉ, distante uns 45km. O sujeito de identidade ignorada já estava tão esfolado pelo selim que usava um travesseiro para amenizar a situação, me despedi e segui viagem e apertei o passo, pois atrás de mim se preparava para desaguar um temporal daqueles que metia medo. No trecho final do dia, me encontrei em outra situação da qual não havia levado em conta, quando me aproximava da cidade de Campos dos Goitacazes o tráfego de caminhões tanques era muito intenso devido às proximidades com as plataformas petrolíferas e por isso a viagem no primeiro dia tornou-se um tanto tensa. Por fim pude chegar a Campos dos Goitacazes por volta das 20:30h e havia cumprido 260km, então começou minha peregrinação para conseguir hospedagem, era aniversário da cidade – 05/08 – (o que eu ignorava), a cidade estava lotada e não conseguia uma alimentação adequada repositora, por fim fui dormir as 11h o que comprometeu significativamente meu pedal do segundo dia.

Comecei a pedalar por volta das 5h com o rendimento um tanto comprometido e sensação de cansaço, passei um dia de baixo rendimento, por voltas das 11h do segundo dia da viagem – 06/08/2013 – devido a alta temperatura, o pneu traseiro perdia calibragem estando em Mimoso do Sul-ES, foi quando então decidi usar a estratégia de calibrá-lo no limite extremo o qual provocou o estouro e danificou por completo o pneu traseiro, como tinha reserva de Kevlar, troquei imediatamente o pneu e segui viagem e só consegui cumprir 185 dos 260km esperados, dormi na cidade de Iconha-ES.

Terceiro dia – 07 /08 – estava bastante descansado e parti por volta das 3:45h da manhã para mais um dia de estrada, o que seria o dia mais imprevisível e oportuno, quando escureceu estava uns 70 km após a Cidade de Vitória-ES e não conseguia estalagem para poder passar a noite. Chovia muito, foi então que tomei uma decisão um tanto perigosa e arriscada, decidi pedalar pela rodovia BR-101 na escuridão até que encontrasse alguma cidade para poder parar e dormir, mas infelizmente ou felizmente na minha opinião, não encontrei e segui por toda a noite até chegar na Cidade de Pedro Canário no extremo sul da Bahia, onde já havia pedalado 362km, me sentia em casa apesar de quase 1.000 km até chegar ao meu destino em Salvador.

Segui pedalando as escuras até amanhecer o dia na Cidade de Itapebi, ainda no extremo sul da Bahia, aproximadamente uns 30km a frente, parei na Cidade de Mascote para o café da manhã e então vi uma sinalização onde estava escrito Itabuna a 195km, foi então que decidi só parar quando chegasse em Itabuna, nesse dia pedalei 417 km e toda uma noite sem dormir, com frio devido as chuvas que cairam por quase toda a noite provocando nos pés um estado de hipotermia.

Cheguei em Itabuna-BA as 19:30h do dia, quarto dia – 08/08/2012 – eufórico e com sensação de estar cada vez mais próximo de casa, já que só me restavam 450 km até meu destino final – Salvador.
Pude então ter uma merecida noite revigorante de sono, acordei por volta das 5:00h, mas só peguei a estrada as 6:30h com uma agradável sensação de estar bem perto do destino e poder tranqüilamente administrar a distância restante de 450 km em 3 dias com a média de 150 km a cada dia.

Fiz então o percurso de Itabuna para Gandú, 139 km, aonde cheguei no final da tarde e pude descansar bastante para o penúltimo dia.
No sexto dia da viagem Sai da Cidade de Gandú as 4h da madrugada debaixo de uma forte chuva que me acompanhou por quase toda manhã, percorri nesse dia 188,5 km até a cidade de Cachoeira no recôncavo baiano. Como pude andar bastante bem e tinha parada para o pernoite na Cidade de Cruz das Almas, então decidi seguir até anoitecer ou até onde pudesse, tive a oportunidade de poder subir uma tão desejada e longa ladeira, a da barragem de Pedra do Cavalo. Depois entrando por Belenzinho cheguei em Cachoeira as 19:30h, dessa vez já não tinha preocupação com o horário para acordar. Me faltavam apenas 122 kmdo total de 1.820. Sai de Cachoeira as 8:00h e pude mais uma vez subir uma ladeira que até então não havia logrado no passado por problemas com câimbras, dai por diante fiquei administrando o tempo para chegar no Farol da Barra no horário pretendido, entre as 16 e 17h do sábado – dia 11/08/2013 –

A 35 km antes de chegar em Salvador fui recebido por meu ilustríssimo amigo e incentivador Francisco Brandão (Júnior), o qual me acompanhou de moto até o meu destino final o Farol da Barra, onde fui calorosamente recepcionado por vários amigos e colaboradores dessa aventura.

Desafio que precisa de uma boa dose de planejamento, equipe de apoio e de instrução e uma certa dose de obstinação.

Você também pode conferir esta história em meu site: http://7diasverdes.com.br/

Foto: acervo pessoal Jason Dias Silva
Foto: acervo pessoal Jason Dias Silva

A todos vocês meu muito obrigado e até a próxima aventura!

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Cicloturismo: de Málaga a Sagres

Por Flávia Luchetti

Há dez anos morando na Espanha, eu já tinha sido irremediavelmente contaminada pelo vírus do cicloturismo. Comecei “engatinhando” em pequenos trajetos pela cidade,  e tempos depois, já na companhia de Miguel Ángel, meu querido fiel bike-parceiro, incentivador, mecânico e intrépido aventureiro espanhol, se transformaram em explorações maiores.

No país de “La Vuelta” a tradição ciclística é muito forte. Diariamente pode-se  avistar pelotões de ciclistas pelas estradas treinando ou simplesmente desfrutando de passeios pelo campo. A rede de caminhos cicláveis, vias-verdes, ciclo-faixas é bastante extensa e é impossível ficar indiferente a elas. Corria o mês de junho de 2012 e Miguel Ángel e eu, cansados de uma entediante rotina laboral, decidimos por em prática “a operação Leão da Montanha”:  Saída de bicicleta pela esquerdaaa !!

De Málaga a Sagres

E foi assim, sem muito planejamento que partimos de Málaga com a intensão de levar nossas endorfinas para passear até Lisboa. Este seria nosso segundo bike-ataque ao país vizinho. Bordearíamos a costa andaluza até conectar com a Ecovia Litoral no Algarve, para depois seguir pela costa vicentina até a capital lusa. Para esta  empreitada contávamos com um orçamento minúsculo, e uma vontade maiúscula de viajar e desconectar. E lá fomos nós…

Estávamos há uns dez dias na estrada, nossos odômetros já colecionavam uns 390km pedalados. Quando numa linda tarde ensolarada aportamos em Cádiz. A “tacita de plata” é uma das mais antigas e encantadoras cidades europeias, e talvez por isso tenha sido  a escolhida por Cristóvão Colombo como ponto de partida em sua segunda viagem ao Novo Mundo.

Chegamos em meio as festividades de Corpus Christi. A cidade estava radiante, vestida com  seus melhores trajes de gala. Flamulas enormes enfeitavam os balcões, as “calles” devidamente cobertas pelos tradicionais tapetes florais , crianças vestidas de branco corriam de lá prá cá,   procissões  de supetão surgiam vindas de becos menos esperados e um delicioso  aroma de incenso e alecrim impregnavam o ar… sublime! Abduzidos pela magia e beleza da festa,  nos esquecemos de passar pela capitania dos portos e verificar o horário das marés, para a travessia de 33km que faríamos pela praia deserta no dia seguinte.  Estávamos tão felizes comendo “pescaíto frito” ouvindo as cantorias na Plaza de San Juan de Dios.. que simplesmente relaxamos e aproveitamos.

Málaga a Sagres
Cidade de Rota Foto: acervo pessoal Flavia Luchetti
Málaga a Sagres
Saída de Cadiz. Foto: acervo pessoal Flavia Luchetti

 Domingo -10 de junho de 2012.

Levantamos cedo. Tomamos café. A etapa do dia se apresentava como uma barbarda!  Eram 80 e poucos quilômetros basicamente em terreno plano. Prá fazer com o pé nas costas. Só nos faltava conferir o horário da tábua de marés…

Cádiz está localizada numa península. E para sair da cidade, teríamos que desfilar novamente  pelos 5km da longa avenida até alcançarmos a estrada. Mas no meio do caminho tinha uma ponte levadiça, tinha uma ponte levadiça no meio do caminho. Uma enorme e bonita obra de engenharia, dessas que abrem e fecham, e que  ciclistas e caminhantes  estão  terminantemente proibidos de trafegar. E agora, o que fazer?

O GPS se mantinha mudo, como se não fosse com ele. Demos umas olhadelas no mapa e umas “perguntadelas” aos transeuntes… e descobrimos que se realmente quiséssemos chegar ao outro lado da ponte pedalando, teríamos que dar uma volta de uns 30km. Dios mio! Alternativa eliminada.

Plano B, voltar ao centro da cidade, e lá no porto, embarcar no primeiro ferry com destino a Puerto de Santa Maria do outro lado da baia e dali finalmente seguir nosso destino pela ciclovia. E lá fomos nós pela longa avenida outra vez… Quase chegando ao porto, vimos o ferry se distanciando lentamente do cais.. Oh, não podia ser verdade! Pare, espere por nós! Mas já era tarde… Resignados fomos a bilheteria comprar os tickets para o próximo ferry, quando um sonoro

– “Solamente por la tarde”! retumbou em nossos ouvidos!!

– O quê?? Como  assim só a tarde? Temos que cruzar a baia agora!

-Não há nada a fazer. Agora só de ônibus que sai dentro de uma hora.

Ufa, estávamos salvos ….

Uma hora depois, com as bikes no bagageiro, nos sentíamos satisfeitos,  avistando a Puente Carranza desta vez pela janelinha do ônibus… que nem lembramos da tábua de marés.  O trajeto foi rápido.  Depois de quarenta minutos desembarcávamos  em Puerto de Santa Maria. Montamos nas bikes, e olé! “libres otra vez”  para seguirmos viagem pelo “Caminho Natural de Rota” e “via verde Costa Ballena” – duas ciclovias habilitadas sobre traçado de uma antiga ferrovia  até Sanlucar de Barrameda.

Era por volta do meio dia,  com um sol implacavelmente a pino, quando chegamos em Sanlucar exaustos e com muita sede. O comércio fechado, decidimos atracar no primeiro bar aberto. Oba! Este tem sombra para as bikes e promoção para famintos. Nos serviram umas típicas “tortitas de camarón” de lamber os dedos e dois copos de vinho como cortesia da casa.. Coisas como estas não tem preço, não é?

O bar foi ficando animado e cheio de gente. A TV foi ligada e lá estavam eles Rafa Nadal e Novak Djokovic  na final do Roland Garros. Vi um sorrisão estampado na cara do Miguel. É claro que ele queria ficar prá ver o jogo. Não demorou muito, já tínhamos tomados uns vinhozinhos a mais e feito “um milhão de amigos” e Nadal já estava mordendo o seu sétimo troféu do Roland Garros. Caramba! Passou rápido! Eram quase as 4 da tarde e ainda tínhamos que cruzar pela praia o Parque de Doñana. “Espabila”!!! Os “amigos” insistiram para que ficássemos ali ..  mas nós tínhamos que seguir.

-Alguém sabe como está a maré??

-Tranquilos, ela só vai subir mais a noite!! ( quem era mesmo esse aí que falou??)

Movidos a “vino manzanilla” e muita paixão por aventuras,  cruzamos o Guadalquivir em balsa e já estávamos na praia do outro lado, prontinhos para pedalar.

O Parque de Doñana é considerado uma das áreas naturais protegidas mais importantes da Europa. Ponto de parada de muitas aves migratórias que seguem para o continente africano e refugio de outras tantas espécies em extinção. Veículos lá dentro, só os autorizados. Os visitantes podem circular a pé e em bicicleta ( em zonas autorizadas).

Málaga a Sagres
Praia de Doñana. Foto: acervo pessoal Flavia Luchetti

Nós tínhamos pela frente os famosos 35km de praia deserta antes de chegar a Matalascañas, onde pretendíamos acampar.

E foi dada a largada… Opa! aquele 4×4 do guarda-parque vem na nossa direção? Senta que lá vem história –  Aonde  pretendíamos ir aquela hora e com a maré subindo?? Que era proibido acampara na zona do parque… blá blá blá  que éramos dois irresponsáveis e mais blá blá blá.. Nós (visivelmente alegrinhos) argumentamos que devido nossa longa experiência cicloturistica, não víamos nenhum problema e nos responsabilizávamos pelas consequências neste  trajeto (gulp) afinal eram só 35 km pela praia. Em 3 horas e meia, ainda com luz, calculamos que chegaríamos em nosso destino. Ele deu uma risadinha e nos deixou seguir , mas perdemos preciosos minutos naquele sermão da montanha- praiano!

Os primeiros 10km em areia firme foram tranquilos , mesmo com o vento contra (sim, até ele). Algumas pedaladas mais e a areia foi ficando cada vez mais fofa… e faltando ainda uns 15km, com as bicis carregadas, já não  dava mais.. Só nos restava, por o orgulho de lado,  desmontar e empurrar. O horário de verão estava em vigor, e pelo menos o Sol seria nossa companhia até mais tarde, o mesmo não podíamos dizer da água, que já estava acabando!

Remem, remem, empurra, empurra… já falta menos! Foi escurecendo e gritamos de alegria quando vimos  as luzes da cidade no horizonte.. yupiii! Elas pareciam tão pertinho… seria uma miragem?? Começou a escurecer, e nossas maravilhosas cateyes estavam com pouca bateria (há então não foi só a tábua de marés que faltou ver…)

Era por volta das 11 da noite quando chegamos a Matalascañas acabadaços e completamente empanados de areia. Não tínhamos a mais mínima vontade de armar a barraca. Salvos por Juan na praça, chegamos ao Hostel Victoria (claro!) para um delicioso banho e uma reconfortante noite de sono.

Neste dia sentimos na pele, como o orgulho e o excesso de confiança,  pode trabalhar contra. Claro que uma aventura sempre é bem vinda, mas as vezes não vale por em  risco  integridade física e psicológica… e não digo isso pelo fato da travessia a noite… mas pelas doses de  vinho a mais tomados antes dela.

Portanto hoje temos  gravado nos alforjes de nossos corações – Se beber não pedale… e se pedalar,  beba água.. e a vontade… Depois dali  “deu prá chegar de bicicleta” no Cabo de São Vicente em Sagres pela Ciclovia Litoral. Totalmente recomendável para amantes das ciclo-viagens!

Málaga a Sagres
Chegada em Cabo de São Vicente – Sagres. Foto: acervo pessoal Flavia Luchetti
Málaga a Sagres
Marco Zero da ciclovia do Litoral – Algarve. Foto: acervo pessoal Flavia Luchetti

Fin!!

[Nota do blog:] se você vai pedalar pelas cidades desse roteiro, pode consultar campings, hostels, pousadas e hotéis nos links abaixo:

Cicloturismo: 186 km de Silveiras (SP) a Taubaté (SP)

Por Luciano de Oliveira Xavier

No mês de setembro eu e mais a turma do B.M.C = Bikeiros de Moreira Cezar fizemos um pedal que na minha opinião foi o mais casca grossa e com o visual mais bonito e de tirar o folego: no mar de morros em Campos Novos de Cunha.

O pedal começou nas estrada dos tropeiros. Passando pela Igreja de Santa Cabeça até chegar no portal de Silveiras, tomamos um café e partimos para subir a Serra da Bocaina, com um visual da serra que não dá para esquecer. Almoçamos e chegamos ao Bairro dos Macacos, aonde paramos em uma cachoeira para refrescar. Depois, só subida até chegarmos em Campos Novos de Cunha – 52 km.

Pernoitamos, a cidade é tranquila e logo cedo já estávamos na estrada. De novo sentido Cunha,  30 km, onde conhecemos o mar de morros um pequeno trecho da Estrada Real. Chegamos em Cunha, almoçamos e já saímos sentido Guaratinguetá – 40 km -, depois Aparecida, Moreira Cezar, Pindamonhangaba e Taubaté.

Cicloturismo: 186 km de Silveiras (SP) a Taubaté (SP)
Cicloturismo: 186 km de Silveiras (SP) a Taubaté (SP). Foto: acervo pessoal Luciano de Oliveira Xavier

Um pedal de superação e ótimas amizades.

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Desafio 330 km: de Santana do Livramento a São Gabriel (RS)

Por Anderson Alves de Oliveira

Em Outubro de 2013 surgiu a ideia de ir até São Gabriel de Bike e voltar.Então comecei aos poucos a me organizar.Graças a Deus tudo saio como o planejado.

No dia 05 de Abril de 2014 as 04:00hs eu, Anderson Alves de Oliveira, parti de Santana do Livramento para o tão esperado desafio até a cidade de São Gabriel ,onde ocorreu o 9º Marechal Motos.

Minha primeira parada foi de 2 min a 50 km de Santana do Livramento, na divisa com Rosário do Sul. Ali bati algumas fotos e segui viagem. As 08:45hs fiz a 2º parada em um restaurante a 20 km de Rosário. Ali então cruzava em sua Falcon o Paulo Estradeiro com destino ao 9º Marechal Motos. Foram uns 15 min de parada e segui novamente com minha GT até Rosário do Sul, aonde faria mais uma parada. Então completei os 100 km e segui viagem com destino a São Gabriel.

Quando me faltava 30 km para chegar ao meu destino me faltou água e venho então a pior parte do percurso, pois sem água é quase impossível. Baixei muito meu ritmo devido a falta de água e o sol. Encontrei então uma residencia na beira da estrada onde me dirigi e consegui água bem gelada. As 13:00 eu completei o percurso de ida: 165 km em 9 horas até São Gabriel.

Foto: acervo pessoal Anderson Alves de Oliveira
Foto: acervo pessoal Anderson Alves de Oliveira

Fui recepcionado pelos integrantes do moto grupo MARECHAIS DO ASFALTO e o Paulo Estradeiro. Recebi um troféu personalizado por ter ido de bike até o evento e outro por ter participado. Então me desloquei até o hotel São Luis, tomei banho e fui curtir o evento que foi nota 1.000. As 20:30hs ocorreu o jantar de confraternização. Já pensando na volta, resolvi mudar o horário de saída para a 01:00h para evitar o sol e o transito. As 21:30 retornei ao hotel para descansar um pouquinho,fui dormi as 22:00 e as 12:30 eu já estava de pé e pronto para encarar novamente mais 165 km.

A 01:30hs parti rumo a Livramento e a 1º parada foi em Rosário do sul ,bati fotos da linda ponte e me desloquei ao posto onde parei por 10 min. A 33 km de Livramento fiz a minha ultima parada, já com o gostinho de vitoria. Cheguei a Santana do Livramento as 09:40 muito feliz pois tinha realizado mais um sonho sobre duas rodas. Graças a Deus tudo ocorreu muito bem e sem incidente algum. No domingo 06 o jornal A PLATEIA exibiu uma linda matéria sobre o desafio 330 km.Para mim foi a maior aventura da minha vida,dois dias históricos que jamais serão esquecidos. BIKE AVENTURA 08/ 04/2014

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Cicloturismo: a primeira vez a gente nunca esquece…

Por André Mesquita

A primeira vez a gente nunca esquece…

Quando criança o pensamento voa, a vontade de sair por aí sem destino parece ser algo fácil e ser um super-herói é plausível… Eis que aos meus 38 anos resolvi que era hora de tornar o sonho de infância realidade. Troquei o carro pela bicicleta há pouco mais de 1 ano e viajar de bike era mais que um objetivo, era um desafio.

Muito prazer, meu nome é André Mesquita e agradeço ao meu xará André Schetino a oportunidade de poder compartilhar com vocês essa experiência enriquecedora que é viajar de bike.

Desafio aceito e após muitas idéias e roteiros resolvi sair de Curitiba em direção ao estado de Santa Catarina, em uma viagem programada para 1000 Kms terminando na cidade de Criciúma. Minha primeira viagem com a bike, sozinho e sem experiência. Encarei a empreitada, e apesar de ter feito apenas 469 Km´s dos 1000 pré-determinados, voltei para casa com a sensação de ter realizado uma das aventuras mais intensas da minha vida.

a primeira vez a gente nunca esquece
A primeira vez a gente nunca esquece… Foto: acervo pessoal André Mesquita

Desde que adotei a bike como meio de locomoção muitos amigos me perguntavam como era, se era perigoso, quais as vantagens, enfim, se valia a pena, então senti que apenas falar era pouco, eu precisava mostrar, e se iria mostrar pra eles por que não mostrar a todos? Então comecei a filmar em formato de Vlog e disponibilizar os vídeos no YouTube, surgiu então o PedalCWB, que tem sido nos últimos 2 anos uma ferramenta de incentivo a todos os que pedalam e principalmente para aqueles que pretendem começar. Os vídeos retratam meu dia a dia de bike na cidade de Curitiba e também por outras cidades e estradas, essa minha primeira viagem está lá na íntegra. Transformei mais de 50 horas de filmagens em 17 episódios, vocês são meus convidados a assistir como foi, os links estão logo abaixo.

Não deixem seus sonhos de lado, a vida é muito curta pra ver tudo passar pela janela de um carro. A bike mudou a minha vida, espero que mude a de muitos outros, garanto que a mudança será para melhor em todos os sentidos.

PedalCWB no Youtube
https://www.youtube.com/PedalCWB

PedalCWB no Facebook
https://www.facebook.com/PedalCWB

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