Pedalando para a Vida

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Foto: Acervo pessoal Carmelito Dias

Por Carmelito Ribeiro Dias Junior

Pedalando para a Vida

Sempre fui esportista, aos 6 anos de idade comecei a surfar. Surfava 6 horas por dia todos os dia, competia em outras cidades e já estava conseguindo alguns bons resultados, isso aos 15 anos de idade. Só que aos 9 anos, enquanto assistia ao Fantástico, durante a exibição de trailer do filme “the day after”, o dia seguinte, tive minha primeira arritmia cardíaca, acompanhada de muito terror e pânico. Aos 18 tive a segunda crise dentro de um mar de ondas grandes em Olivença. Aí começou minha derrocada, comecei a deixar de fazer tudo que poderia gerar a maldita arritmia. Vários exames feitos e nenhum problema detectado.

Dos 18 aos 39 vivia em função do suposto problema cardíaco nunca detectado; larguei emprego que tinha que viajar, desisti de concurso público para não morar em outra cidade, parei de competir e viajar para cidades distantes. Quando completei 40 anos, vivia receoso de ter uma arritmia em locais onde não pudesse encontrar socorro, por isso não me afastava muito de casa. Foi quando em uma conversa com um amigo psiquiatra ele diagnosticou o problema que levava a arritmia: transtorno de ansiedade generalizada, gerada pela baixa produção da substância serotonina, que inibe os efeitos nocivos da adrenalina… Em outras palavras, minhas emoções geravam arritmia, pânico e outros sintomas.

Aos 41 anos comecei a pedalar, sempre por perto… As distâncias começaram a aumentar, a confiança também, até mesmo por conta do remédio passado pelo médico, que era um repositor da serotonina. Já pedalava 50km, rodava na média de 33km/h… mas não me afastava muito dos arredores. Um dia marquei um pedal de 120km, Ilhéus x Canavieiras. Amigos e carro de apoio furaram bem na hora. Então resolvi ir sozinho, decisão muito, muito difícil. A cada quilômetro rodado, cada árvore, cada quebra mola, cidade, rio, ladeira, vilarejo, pessoas e carros que passei, era como se uma corrente fosse quebrada. Estava eu ali, sozinho no meio do nada, vento no rosto, 43km/h no Garmin, vencendo os 120 quilômetros.

Pedalando para a vida
Pedalando para a vida. Foto: Acervo pessoal Carmelito Dias

Quando cheguei liguei pra casa, 4 horas apos a saida, gritei muito por ter chegado, mas, muito mais por esta no caminho de volta a vida, com minha SCOTT FOIL 20, e DEUS. Hoje aos 44 anos, planejo minha ida a Salvador, 456km de casa, estou muito empolgado, eu, minha bike e DEUS.

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