Por Alexandre Ferreira Carvalho
Aproveitando uma viagem de trabalho em Santarém/PA, fui conhecer Alter do Chão. Lugar belíssimo e consegui uma bike emprestada. Lá, numa oficina de bike, me deram as dicas e um mapa para uma trilha de 40 km, parte margeando o Tapajós e parte dentro da Floresta Amazônica.
As 5:30 h do sábado me levantei e me preparei para pedalar, o sol só apareceu as 6:30, fui até a parte final da orla e entrei na floresta. Caminho inicialmente tranquilo, mas uns 2 km dentro da mata, o mapa não batia e comecei a usar meu horrível senso de direção.
Passei por uma casa e um índio local me deu umas dicas mas não sabia como eu deveria chegar, por ali, até Caranazal, meu destino.
A mata ficou mais fechada e com mais trilhas pra todo lado, os macacos que pareciam centenas começaram a fazer um barulho aterrorizante, pareciam todos a minha volta e não conseguia ver nenhum, o barulho aumentando e eu com medo de ser atacado.
Depois de algumas voltas vi uma trilha mais larga e segui. Caia no Tapajós, como tinha percebido o lado da correnteza, comecei a me guiar por ela, não dava pra seguir o rio todo tempo, mas fiquei atento ao som das águas.
Finalmente sai numa estrada de piçarra. Embora ainda fosse 08:30 h o calor dentro da mata é infernal, úmido e assustador. Era tudo que eu precisava para amar o lugar. Todos os ingredientes no ponto.
Na estrada de piçarra, outro barulho ensurdecedor era das cigarras, me bateu uma nostalgia quando elas “estouravam” nos troncos dos oitizeiros em Casa Forte, parte fundamental da minha infância. Lógico, multiplicando isso por zilhões delas.
Uma hora depois ouvi o som de uma motocicleta e me preparei para pedir ajuda. Um índio motorizado me tranquilizou, há poucos quilômetros estava um distrito chamado Pindobal, desisti de Caranazal e fui até lá, um pouco maior que uma aldeia. Comprei água e voltei pela piçarra mesmo, minha intuição dizia para me afastar da floresta.
Voltei até Alter por outro caminho e me deparei com a Pousada Beloalter e segui margeando o rio. Outras fotos incríveis e num certo ponto não deu pra pedalar, resolvi colocar a bike no ombro e passar pela água, quando um catraeiro chamado Robinho ia passando e me avisou que dali em diante o rio ficava mais fundo e se ofereceu para me levar até o porto. Contou histórias, nome de árvores e ainda paramos o barco para ver uma guerra entre um casal de gaviões com um pássaro chamado maiaqui que tentava roubar o ninho, muita gritaria, mas os gaviões fizeram o ladrão correr.
Recebi os novos amigos como um presente, do mesmo jeito que recebo um novo dia. Um presente para cuidar, curtir e aproveitar cada instante.
Alter do Chão, dos milhares que recebes mais um também.
[Nota do blog:] se você vai pedalar pelas cidades desse roteiro, pode consultar campings, hostels, pousadas e hotéis nos links abaixo:
Dicas de Hospedagem nesse Roteiro
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Minha nossenhora, que da hora, mano!!! Amei, amei!
Boa noite André! Estive em Santarém no final de 2015 também e deu uma rodada por vários pontos das redondezas como Alter-do-chão, Ponta de pedras, Belterra e outros. Não sei se você chegou a conhecer um restaurante chamado Casa do Saulo, que é um lugar maravilhoso bem pertinho de Santarém como todos os lugares são. Queria saber qual foi a oficina que você foi na cidade e o que achou da estrutura geral delas por aí, eu senti uma certa falta de grupos de pedal e oficinas cheias nos fins de tarde, você também? No aguardo!
Abraços
Lucas Nunes
Que relato show! Estive em Santarém também mas infelizmente sem minha bike. O que achou da cidade? Senti uma certa falta de grupos de pedal. Qual oficina você foi? Estou planejando uma viajem para Santarém no meio do ano, porém desta vez vou levar a magrela.