Cicloturismo: de Rio Negro (PR) a Porto Alegre (RS)

Por Felipe Guilherme Goldbach

1º dia – Saída de Rio Negro

Tudo começou no dia 24 de fevereiro de 2007 (1º dia), um sábado cedo com muita neblina. Sai de casa, em Rio Negro – PR, era umas 6 horas da manhã, meu destino do dia era Santa Cecília. No início foi tudo alegria, estava um pouco nervoso, tirando bastantes fotos. O dia foi esquentando, eu seguindo pela BR-116, acostamento péssimo, movimento intenso de caminhões, subi minha primeira serra, a serra do Espigão. Foi duro enfrentá-la, mas consegui chegar no ponto mais alto da BR-116. Alguns instantes depois começou a chover, o tempo esfriou, já era à tardinha, cheguei na cidade e fui logo para um hotel. Nesse primeiro dia o cansaço pegou, a chuva que não dava trégua me desanimava, mas meus amigos sempre me incentivando com mensagens pelo celular.

Dia 25 (2º dia)

Amanheceu um sol lindo, céu limpo, energias renovadas e novo destino, Lages. Passei por várias cidades pequenas, uma delas, para minha surpresa se chamava São Felipe, hehe. Chego tranqüilo a Lages, logo procuro um lugar para ficar e depois dei umas voltas pela cidade.

Dia 26 (3º dia)

Rumo a Bom Jardim da Serra. No caminho muitas paisagens bonitas, as conhecidas taipas, aqueles muros de pedra e as subidas, depois de Lages parece que a gente só sobe, encontrei um pomar de maçã, delícia… a estrada estava com pouco movimento, o tempo ensolarado, asfalto que não acaba mais, passei por São Joaquim, só faltou a neve… Continuei, subindo como sempre, tinha horas que aborrecia aquele ritmo. mas segui firme até Bom Jardim, onde a noite choveu.

Dia 27 (4º dia)

Próxima parada: Turvo. Logo que acordei comecei a pensar em como seria descer Serra do Rio do Rastro, já que estava a uns 20 km dela. O dia mais uma vez me presenteou com um magnífico sol e logo depois encontro a serra, muito bonita, quem ainda não passou por lá precisa ir, é algo maravilhoso para se ver. Passei por Lauro Muller, peguei um atalho por uma estrada de chão e passei por outras cidadezinhas. Depois de Criciúma o terreno se tornou plano, plantações de arroz por todo lado, conseguia manter uma média de 30km/h, pedalando freneticamente contra as rajadas de vento. Chego em Turvo e paro na casa de um amigo que se mudou para lá. Conversando com ele, me chamou de louco e tudo mais, quando disse que iria para Bom Jesus no próximo dia, contou de uma serra que me assustou em um primeiro momento.

Dia 28 (5º dia)

Bom Jesus RS. Vamos enfrentar a dita serra da Rocinha, o sol já se punha imponente no céu quando acaba minha alegria, daqui para frente só pedra, comecei a subir era umas 9 horas, cheguei no topo por volta do meio dia, visual fantástico, durante a noite é possível ver as luzes de 14 cidades e em dias limpos é possível ver o mar. Até ai tudo bem, mal sabia eu que seriam mais 80 km de estrada de chão, passando por Ausentes onde se armou um temporal que jamais havia pego antes, a chuva me cercou por 3 lados e não tinha para onde correr, ou melhor, pedalar, uma chuva gelada que parecia de inverno, pingos ardidos até chegar na cidade quase noite.

Rio Negro
De Rio Negro a Porto Alegre. Foto: acervo pessoal Felipe Goldbach

Dia 01 de março (6º dia)

Rumo a Canela. Já não sentia mais tanto o cansaço havia me adaptado ao esforço diário. Esse dia aprendi que mais uma caramanhola nunca é demais, peguei um sol muito forte, e uns 70 km onde não encontrava praticamente nada além dos pampas, até carro era raro passar, região de muitas fazendas, não consegui encontrar água, passei um aperto danado, mas entrando na rota do sol encontrei um restaurante onde pude me esbaldar, acho que tomei uns 2 litros ali. O dono me falou que pela manhã havia passado um cara que estava vindo de Caxias e indo para Fortaleza se não me engano, que levaria cerca de 2 meses para chegar lá (alguém conhece essa fera?). Dali faltavam 90 km para chegar em Canela, já que o atalho pela estrada de chão estava interditado por uma ponte ter caído. Cheguei muito cansado, já era quase noite e ainda não havia encontrado um lugar para passar a noite, rodei a cidade toda, muito bonita por sinal.

Dia 02 (7º dia)

Rumo a POA. O rapaz do hotel me disse que o trajeto era super tranquilo, só descida e estrada boa… de carro até pode ser, de bike a conversa muda, tinha sim muita descida, mas as subidas não eram curtas não e apesar de a estrada ser boa, em muitos trechos não havia acostamento, foi onde um infeliz de saveiro branca inventa de fazer uma ultrapassagem na curva com faixa contínua, quase me joga para o mato e o pior é que eu estava filmando tudo, uma mão no guidão e outra na câmera, que susto! Depois entro na Free-way, pense em uma sexta-feira, final de tarde, movimento que nunca tinha visto antes, e para completar resolve chover. Passo ao lado do trem, metro ou seja lá o que for aquilo, hehe, tento perguntar pra que lado fica a rodoviária, ah, é logo ali diz um rapaz, pedalei mais um trecho até conseguir vê-la. E para atravessar aquelas ruas, impossível pela quantidade de autos…quase que um caminhão me pega agora, putz, sorte que ele me viu e pediu para eu seguir, caso contrário seria panqueca de Felipe no muro, hehe. Me atrapalhei todo para entrar na cidade mas consegui, já cansado encontrei um hotel onde tomei banho e logo fui na rodo verificar os horários dos ônibus. Aquele momento eu apenas queria voltar para casa e contar para todo mundo que havia conseguido, até antes de embarcar no ônibus que sairia as 19:45, poucos sabiam que eu havia ido sozinho. Tive que fazer isso para deixar minha família e amigos tranquilos.

Resumindo: foi uma experiência única, percorri cerca de 920km nos 7 dias de viagem, conheci várias cidades, muitos lugares bonitos, a bike foi um show a parte, nenhum pneu furado, nenhum estralo, tudo 100%. Ainda hoje alguns me chamam de louco, mas ainda sim continuo gostando da minha super bike. Sem contar as mais de 400 fotos que tirei, as muitas vezes que tive que contar detalhe por detalhe para cada um daqui e sentir o melhor de tudo, O DESAFIO FOI CUMPRIDO e com muito sucesso.

Álbum de fotos:
https://plus.google.com/photos/113424109703706565397/albums/5227192895246897713?banner=pwa

[Nota do blog:] se você vai pedalar pelas cidades desse roteiro, pode consultar campings, albergues, pousadas e hotéis nos links abaixo:

Cicloturismo: 1650 km pelo Leste Europeu

Por Fernando Castilho Cintra

O ponto de partida de uma jornada sobre duas rodas normalmente é a porta de nossas casas. Algumas vezes, no entanto, carregamos alguns apetrechos e a magrela em nossos carros até um lugar longe da selva de pedra. Certas vezes até mesmo colocamos a bike no bagageiro de um ônibus para uma cidade ideal. O ponto de partida de uma jornada pode parecer uma coisa corriqueira. Mas diz muito sobre ela.

1650 km pelo Leste Europeu

Em Agosto de 2013 abri as portas de minha casa. Pneus calibrados, mantimentos para alguns dias, poucas roupas, muita ansiedade. Morava na Avenida da Liberdade, ou “Laisves Aleja” em Lituano. Vivi na cidade de Kaunas, segunda maior cidade da Lituânia, por aproximadamente 6 meses por conta de um intercâmbio – como cheguei a morar lá é outra longa história que talvez não venha ao caso. Era um ponto de partida simbólico, pois deixava a Lituânia para nunca mais voltar. Estava de mudança.

Evidentemente que o destino final também é algo importante. Me mudaria para a longínqua Romênia, cidade de Târgu-Mures, no coração da região conhecida como Transilvânia. Aqui ainda não tinha amigos, moradia, nada. Só sei que viria para um outro intercâmbio – outro assunto também que não cabe aqui.

Era uma mudança inusitada. Boa parte da bagagem foi despachada por correio, porém quando vi minha bicicleta encostada num corredor de minha antiga casa pensei “como é que vou fazer pra te levar até lá, hein?”. E quase como um reflexo, já tinha a resposta “Fácil. Pedalando!”

Foram 1650 km pelo Leste Europeu, percorridos em 14 dias de pedalada (19 ao todo, contando algumas paradas). Lituânia, Polônia, Eslováquia, Hungria e finalmente Romênia. O roteiro? Não havia um. Simplesmente marcava uma rota no meu precário GPS de um velho smartphone e o seguia quase a risca – desviava quando sentia vontade. Isso me proporcionou conhecer regiões com lagos maravilhosos no nordeste polonês, as belas montanhas dos Tatras na eslováquia, e os maravilhosos montes Apuseni na Romênia.

1650 km pelo Leste Europeu
1650 km pelo Leste Europeu. Foto: acervo pessoal Fernando Castilho Cintra

Hotéis? Que nada. Adotei o sistema Couchsurfing e fiz dezenas de amigos pela estrada. Ou então conhecia um amigo que tinha um primo de um cunhado de um irmão de uma tia que sabia de alguém na próxima cidade e me aceitava hospedar.

Pelo caminho fugi de ciganos na Hungria, de cão pastores na Romênia e até mesmo me deparei com uma placa “Warning!” e uma foto de um Urso pardo, na Eslováquia, orientando qualquer desavisado para que trocasse de rota.

Nessa viagem tive uma das mais importantes lições da minha vida. Pouco importa o valor na etiqueta da sua bike. Menos ainda importa o quão renomado e famoso é o lugar onde vai pedalar. Fiz uma rota longe de holofotes de percursos “clichês”, vim pelo belíssimo leste europeu, com pouca bagagem e grana e fui recompensado com a forma mais pura do que a bicicleta nos é capaz de proporcionar: Viver aqui e agora.

Dicas de Hospedagem nesse Roteiro

Você pode reservar hotéis, pousadas, hostels e até casas de hóspedes através do Booking.com. Assim terá muitas opções para comparar e escolher a que vai te atender da melhor forma.

Cicloturismo: de Santa Rosa (RS) as Cataratas do Iguaçu

Por Jaime Kafer

Meu nome é JAIME KAFER sou de Santa Rosa RS.

Tenho 34 anos e em Abril fui as Cataratas do Iguaçu – 358km de Santa Rosa. Agora em início de Dezembro fui de Santa Rosa à capital Porto Alegre, 520km!

Meu próximo destino sera Mendonça na Argentina e depois o Deserto do Atacama no Chile!

Abaixo algumas fotos dessas aventuras. Um abraço a todos!

Foto: acervo pessoal Jaime Ricardo Kafer
Foto: acervo pessoal Jaime Ricardo Kafer
Foto: acervo pessoal Jaime Ricardo Kafer
Foto: acervo pessoal Jaime Ricardo Kafer
Foto: acervo pessoal Jaime Ricardo Kafer
Foto: acervo pessoal Jaime Ricardo Kafer
Foto: acervo pessoal Jaime Ricardo Kafer
Foto: acervo pessoal Jaime Ricardo Kafer

Dicas de Hospedagem nesse Roteiro

Você pode reservar hotéis, pousadas, hostels e até casas de hóspedes através do Booking.com. Assim terá muitas opções para comparar e escolher a que vai te atender da melhor forma.

Superação: “o antes e depois da bicicleta”

Por Alberth Wagner Pedrina

Meu nome é Alberth e a um ano e meio atrás fumava 01 maço e meio de cigarro por dia, tomava cerveja constantemente e pesava 97 kg.

Decidi parar de beber e fumar. Me chamaram de louco, me disseram que não conseguiria vencer o cigarro sem tratamento. Pois venci, com a ajuda de minha esposa e minha filha que estava pra chegar.

Tomei uma iniciativa, coisa que não fazia há muitos anos: pedalar.

No início eram simplórios 03 km. Não conseguia ir muito longe, pois o sobrepeso e o cigarro não me deixavam ir além. O tempo passou, o fôlego voltou, não como antes, mais o suficiente para apreciar as paisagens lindas que esse novo hábito que adquiri no lugar do cigarro me proporciona.

Hoje quando pedalo 60, 70 Km, me lembro dos simplórios 03 Km do inicio da caminhada, e tenho orgulho de cada pedalada, pois pra mim foi pura superação!

Antes e depois da bicicleta
Antes e depois da bicicleta. Foto: acervo pessoal Alberth Wagner

E assim a bike vai me levando… a uma vida cada vez mais saudável e feliz.

Cicloturismo: mais de 600km no Caminho das Missões

Por Marcos Feltrin Scher

Saí de Uruguaiana-RS e percorri mais de 600km em 10 dias no Caminho das Missões, minha primeira viagem de bicicleta. A viagem foi inspirada no caminho das missões, saindo de Uruguaiana-RS.

Caminho das Missões – O roteiro

Caminho das Missões – 1º dia: Destino à Itaqui.

Foi o maior trajeto percorrido, cerca de 110km. Ao chegar na cidade, como em todas as outras a seguir, a rotina foi procurar um hotel barato, lavar a roupa usada para pedalar e sair para o mercado comprar água e algo para comer no café da tarde. Depois eu tinha o resto da tarde e a noite para conhecer a cidade e tirar fotos.

Caminho das Missões – 2º dia: São Borja.

Esse dia foi crucial pois não sabia como seria pedalar cerca de 200km em dois dias seguidos, e foi uma satisfação chegar bem, o que me proporcionou conhecer e ultrapassar os meus limites. No final do dia, pude ainda encontrar meus amigos desta cidade, foi um dia maravilhoso!

Caminho das Missões – 3º dia: Santo Antônio das Missões.

Como nem tudo são flores, nessa cidade não encontrei nada de muito interessante, exceto pessoas muito receptivas, com quem tive a oportunidade de conversar bastante, isso foi o mais gratificante.

Caminho das Missões – 4º dia: São Luiz Gonzaga.

Foi o dia que menos pedalei. Foram apenas 30km. A noite anterior mal dormida, o calor infernal e o vento contra muito forte me fizeram antecipar minha parada. Foi uma escolha certa, pois tive a oportunidade de conhecer essa cidade que, embora pequena, possui lugares muito bonitos de se conhecer.

Caminho das Missões – 5º dia: São Miguel das Missões.

Esse foi o grande dia. Visitei Caaró, onde há um calvário em meio a diversas árvores e uma fonte de água natural, onde pude encher minha caramanhola. É um lugar que transmite uma paz indescritível. Após, o próximo destino foi as Ruínas de São Miguel. Lá tive experiências únicas, onde pude visitar à tarde as ruínas jesuíticas, assistir ao espetáculo de som e luz à noite e, após, tive a oportunidade de conhecer pessoas espetaculares que jamais esquecerei.

Caminho das Missões – 6º dia: Santo Ângelo.

No percurso até a cidade, passei pela Vinícola Fin e não pude deixar de visitar, onde mais uma vez fui muito bem recebido e pude conhecer toda a vinícola de perto. Chegando em Santo Ângelo, enquanto descansava na praça em frente à igreja, um casal simpático veio conversar comigo, com uma curiosidade contagiante sobre a viagem. Inclusive foram eles que se ofereceram à me fotografar em frente à igreja. Isso fez com que minhas forças se renovassem e me proporcionou sentir mais uma vez que eu deixava uma energia boa por onde eu cruzava, o que fez eu sentir mais uma vez que tudo isso estava valendo a pena. Após, no decorrer do dia, visitei muitos lugares bonitos para visitar na cidade, destacando-se a praça, a igreja e a antiga estação ferroviária.

Foto: acervo pessoal Marcos Feltrin Scher
Foto: acervo pessoal Marcos Feltrin Scher

Caminho das Missões – 7º dia: São Paulo das Missões.

Foi um dia de muita pedalada, pois pretendia chegar nessa cidade antes da chuva que estava prevista para o próximo dia. Passei por Guarani das missões, que possui uma praça e uma igreja muito bonitas. O próximo destino foi São Pedro do Butiá, onde há como pontos turísticos a igreja, a prefeitura construída com características da cultura alemã e o centro germânico missioneiro, com uma estátua de 30 metros de São Pedro, um museu e diversos lugares bonitos em meio a caminhos floridos e muito bem cuidados. Após, cheguei no meu destino, São Paulo das Missões, onde o objetivo era fazer uma surpresa aos meus familiares, e a surpresa foi tanta que demorei um bom tempo até fazer eles acreditarem que eu tinha feito todo o caminho de bicicleta.

Caminho das Missões – 8º dia: Fiquei em São Paulo das Missões.

Foi o dia de curtir a chuva que caiu intensamente, e matar a saudade de meus familiares e de contar histórias sobre a viagem. Foi um dia que passou muito rápido.

Caminho das Missões – 9º dia: Foi o dia da volta.

Voltei 60 quilômetros até São Luiz Gonzaga de bicicleta, de onde voltei até Uruguaiana de ônibus, com a bicicleta devidamente embalada e amarrada no bagageiro.

Essa viagem me proporcionou conhecer pessoas excepcionais, lugares maravilhosos, de uma forma totalmente imersiva. Nesses dias pude sentir intensamente que a felicidade está nos detalhes e ter a certeza que precisamos de muito pouco para sermos felizes.

[Nota do blog:] se você vai pedalar pelas cidades desse roteiro, pode consultar campings, albergues, pousadas e hotéis nos links abaixo:

A bicicleta e o lado bom da vida

Por Francisco Gondim Gomes de Oliveira

Iniciei minha vida sobre duas rodas não muito cedo devido a vida que levava. Eu bebia, e não conseguia enxergar o lado bom da vida.

Mas graças a DEUS aos 45 anos de idade, começou uma nova fase da minha vida, onde tudo mudou. A Bicicleta entrou de vez na minha história e até hoje é minha principal diversão. Todos os dias venho trabalhar na minha bike! Da minha casa até meu trabalho são exatamente 14.7 km. Mas a minha maior pedalada, foi do meu bairro Conjunto Ceará a cidade de Canindé, que fica no interior do Estado do Ceará, a exatamente 120 km.

Ou seja, rodamos em um só dia, 240 KM graças a DEUS.

Foto: acervo pessoal Francisco Gondim
Foto: acervo pessoal Francisco Gondim