O ciclismo de estrada foi a primeira modalidade a ser disputada dentro do universo do ciclismo. A estreia aconteceu em 31 de maio de 1868, em Paris. Apesar disso, as mulheres apenas participaram pela primeira vez em 1984, em Los Angeles.
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De lá pra cá, muita coisa mudou e a participação das mulheres no ciclismo de estrada se tornou muito mais forte. Quer saber mais sobre o assunto? Continue a leitura!
O que é o ciclismo de estrada?
O ciclismo de estrada possui duas modalidades que são regulamentadas pela União Ciclística Internacional (UCI), são elas: a prova individual e a prova por equipe contra o relógio e a prova individual e por equipe de estrada.
Prova contra o relógio
Na modalidade individual, os ciclistas devem partir de uma rampa, um por vez com um intervalo de 1 minuto de diferença entre cada ciclistas. Eles competem em um circuito pré-determinado. Os homens costumam percorrer 40 km e as mulheres 20 km. Quem cruzar a linha de chegada primeiro e com o menor tempo é o campeão.
A ideia é a mesma no caso da modalidade por equipe, vencendo aquela com menor tempo.
Prova de estrada
Nessa modalidade, os ciclistas largam em um só pelotão. Apesar do nome, essa prova também pode acontecer na rua e o percurso tem em média 160 km para os homens e 80 km para as mulheres. O vencedor é o que cruzar a linha de chegada primeiro.
As provas podem tanto ocorrer em um só dia ou ser divididas em etapas, disputadas com um mínimo de 2 dias e com a classificação geral sendo realizada pelo tempo de cada ciclista ou equipe.
O ciclismo de estrada é extremamente popular e foi disputado em todas as edições das Olímpiadas, sendo a primeira disputa em 1896, em Atenas.
As mulheres e o ciclismo de estrada
As mulheres demoraram muito tempo para ingressarem no ciclismo de estrada e a primeira participação apenas ocorreu em 1984, nas Olímpiadas de Los Angeles – quase 100 anos depois do esporte já estar incluído como modalidade olímpica.
Depois desse passo, outras modalidades foram introduzidas nos jogos olímpicos como o MTB (1996) e o BMX (2008), com as mulheres participando desde as primeiras edições.
No que se refere as mulheres no ciclismo de estrada, apenas em 2016 foi criado um mundial exclusivo para elas, o Women’s World Tour, regularizado pela UCI.
Graças a essa profissionalização, muitas ciclistas começaram a conseguir viver do esporte, surgindo também equipes importantes como a Sunweb, a WM3, Canyon-SRAM, entre outras.
Para conseguir essa “abertura”, muitas mulheres tiveram de lutar pela chance de pedalar, como Alfonsina Strada, que participou do Giro D’Itália, em 1924, competindo ao lado dos homens.
Tour de France feminino? Quase isso
Uma das provas mais conhecidas do ciclismo de estrada é o Tour de France, que merece um destaque especial no nosso conteúdo. A prova, majoritariamente masculina, tem uma história de altos e baixos no que diz respeito à participação das mulheres.
A primeira prova criada para elas foi o Tour Cyclist Feminin, disputado entre 1984 e 1989, com 15 etapas, mas logo foi cancelado de forma abrupta. O seu retorno, com um formato diferente, aconteceu apenas em 1992 e permaneceu até 2003.
Em 2005, ele ressurgiu com um novo nome, “La Grand Boucle”, mas acabou deixando de existir alguns anos depois, tornando muito difícil para que as ciclistas femininas conseguissem projeção e, claro, poder viver do esporte.
Inconformadas, algumas ciclistas criaram um movimento internacional chamado Le Tour Entier que contava com atletas de nome, como a holandesa Marianne Vos e a britânica Chrissie Wellington.
O grupo usou as redes sociais para mobilizar mais de 100 mil assinaturas. O barulho foi tão grande que a organizadora do Tour resolveu ceder espaço e fazer uma versão para elas.
Porém, as primeiras versões do La Course foram bem modestas e tiveram apenas uma etapa, marcada para o último dia do Tour de France masculino, em um trajeto totalmente plano.
A edição de 2017 já foi uma evolução, por contar com duas etapas. Apesar disso, ainda existe muito para ser feito no sentido de oferecer mais igualdade para as mulheres ciclistas.
As principais ciclistas no ciclismo de estrada
Apesar de toda essa dificuldade, existem muitas mulheres no ciclismo de estrada que merecem reconhecimento. Veja alguns nomes de destaque dessa história.
Marianne Vos
É considerada como uma das maiores ciclistas de todos os tempos. A holandesa conquistou seu primeiro mundial em 2006, na categoria elite, mas foi só a vitória no Campeonato Mundial de Ciclismo de Estrada que a transformou no que é hoje.
Em 2008, Marianne participou pela primeira vez de uma Olímpiada, conquistando também a sua primeira medalha de ouro. De lá para cá, ela colecionou feitos inacreditáveis, como:
- 2 vezes campeã olímpica: uma na prova de estrada (2012) e outra na pista (em 2008);
- 3 vezes campeã mundial de estrada (em 2006,2012 e 2016);
- 7 vezes campeã mundial de ciclocross;
- 2 vezes campeã mundial de pista;
- 5 vezes vencedora da UCI World Cup.
Instagram da atleta: @mariannevosofficial
Leontien Van Moorsel
Também holandesa, Leotien foi uma das maiores ciclistas entre 1990 e 2004. Contudo, poderia ter conquistado muito mais se não tivesse sofrido com anorexia entre 1994 e 1998.
Leotien foi ainda uma das primeiras ciclistas a valorizar a feminilidade, sempre se apresentando com maquiagem. Alguma das suas conquistas foram:
- 4 vezes campeã olímpica;
- 2 vezes medalhista de prata em Olímpiadas;
- 2 vezes campeã mundial de CRI;
- 4 vezes campeã mundial de pista.
Instagram da atleta: @leontienvanmoorsel
Jeannie Longo
A ciclista francesa teve uma longa carreira, tendo iniciado aos 21 anos em 1979 e se aposentando aos 53 anos, em 2011. Alguns dos seus feitos marcantes:
- 3 vezes campeã do Tour de France (1987,1988 e 1989);
- campeã olímpica em 1996 e prata em 1984;
- 5 vezes campeã mundial de estrada;
- 4 vezes campeã mundial de CRI;
- 4 vezes campeã mundial de pista;
- 15 vezes campeã francesa de estrada;
- 4 vezes campeã do mundo de pista.
Entre as ciclistas mais novas, destaque para Anna van der Breggen, ciclista holandesa que já ganhou o Sub-23 do Campeonato Europeu, em 2012, o Tour D’Italia, em 2015 e as Olímpiadas de 2016.
As brasileiras no ciclismo de estrada
O Brasil também possui mulheres no ciclismo de estrada. Algumas que merecem destaque são:
Flávia Oliveira
Considerada a melhor ciclista da história do esporte brasileiro, com vitórias importantes como o Tour de Ardeche na França, o Tour Feminin, na República Tcheca, além de ter sido campeã brasileira em 2014, campeã de montanha do Giro Rosa,pemiada pelo COB, em 2015, como a melhor ciclista da atualidade e nas Olímpiadas do Rio ficou em 7º lugar;
Instagram da atleta: @racingflave
Clemilda Fernandes
Tricampeã brasileira de estrada, conquistou o bronze no jogos Pan-americanos do Rio, representou o Brasil nas Olímpiadas de Pequim e de Londres (2008 e 2012) e também nas Olímpiadas do Rio, em 2016, conquistou o bronze no jogos Pan-americanos de 2014, foi tricampeã da Copa América, campeã da Volta de El Salvador e do Tour de San Luis;
Instagram da atleta: @clemildafernandes
Janildes Fernandes
Irmã de Clemilda, a ciclista possui 3 Olímpiadas no currículo e chegou a liderar a prova de corrida de estrada em 2012, mas após sofrer uma queda acabou abandonando a prova, já foi medalha de bronze no Pan-Americano de 1999 e prata em 2003.
Instagram da atleta: @yanabelomoina
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