Peguei Joelma na oficina hoje, depois da revisão geral. Uma semana sem pedalar. Talvez alguém pudesse pensar que dá até dó de pedalar de tão arrumadinha que a bicicleta fica. Mas a bike fica tão boa, tão ajeitada que dá vontade é de sair esmerilhando mesmo. As marchas reguladissimas, corrente, passador, tudo lubrificado e limpinho… show de bola! Aproveitei alguns “à fazeres” e subi a Afonso Pena até a entrada do Parque das Mangabeiras, enquanto enrolava pra hora dos compromissos.
O mecânico disse que em breve terei de trocar o movimento central, pois esse tá desgastando muito e não é de uma quelidade que aguente uso mais intenso. Melhor se durar mais um pouco. Pretendo dar uma investida em Joelma, pois desde que comprei não mudei nenhuma peça, só troquei a corrente, sapatas de freio e cabo de marcha. Continuo seguindo a “regra” de uma revisão geral a cada 1000km. Isso porque não tenho muito jeito pra manutenção, e ficar cuidando. Se você tem paciência, tempo e habilidade pra fazer a manutenção básica (limpeza de corrente, lubrificação, pequenas regulagens etc), pode aumentar um pouco esse tempo entre as revisões.
Se no metrô falhou, no Aterro do Flamengo valeu. Uma bike velhinha mas muito estilosa, com guidom lá em cima, no melhor estilo “pimp”. Fiquei imaginando como deve ser esquisito pedalar essa beach cruiser!
Tirei essa foto no metrô do Rio no último feriado. Acho que a ânsia de captar o momento me fez apertar tantos botões no celular que a foto saiu numa resolução ruim. Mas valeu o clique, mesmo com a qualidade fuleira.
Lendo o post sobre os 3000 km fico lembrando de algumas situações onde tentamos passar a emoção de uma pedalada pros amigos ou pessoas aqui no blog, seja com relatos, vídeos, fotos etc.
Eu assisti o vídeo acima já fazem alguns anos. É um comercial da Nike com o Lance Armstrong – provavelmente um dos maiores ciclistas de todos os tempos – que não vende nenhum produto específico. Armstrong venceu a luta contra o câncer, e logo depois ganhou o Tour de France, a prova mais tradicional do mundo, na qual o americano tem 7 títulos consecutivos (a despeito da recente polêmica sobre a perda dos títulos devido ao dopping). Podem falar em apelação, alienação, consumismo, mas é fato: hoje em dia as (boas ou más) pessoas que trabalham com publicidade vendem emoções. E o comercial vende a história de luta e vitória de Armstrong, além da emoção de pedalar. Vale apena assistir.
Dá vontade de pegar a bike logo depois e sair pedalando desenfreadamente!
Mais um dia indo de bicicleta para o trabalho. Cheguei cedo e foi um dia daqueles – como são geralmente os dias de trabalho. Na hora de ir embora caiu um pé d’água. Tive de esperar. Li um bocado, trabalhei mais um pouco, mas a chuva parecia resistir. Chegou o momento do “não aguento mais”, que coincidiu com uma chuva bem fraquinha mesmo, daquelas que não incomodam ninguém, nem mesmo pedalando. Hoje era o dia em que completaria 3000kms pedalados desde que comprei Joelma, minha magrela. Faltavam 12 km, que seriam os 4 de volta pra casa mais um passeio, dado como certo antes da chuva, agora já dúvida pois era tarde e ainda garoava.
Fui destrancar a bike exausto, e lembrei dos versos do Vinícius e do Toquinho: “Mas não tem nada não, tenho meu violão”. Cada um com sua cachaça (whisky, no caso do Vinícius), e a minha é a bicicleta. Voltar de bike do trabalho, mesmo cansado, me renova. Vinícius à parte, fui mesmo de Pavement. Abri uma exceção e fui escutando música, coisa que raramente faço. No som do celular o disco “Brighten the corners” dessa banda que descobri há pouco tempo (os caras já estouraram, a banda acabou, tá se reunindo de novo e eu sempre atrasado nas novidades musicais). Coloquei no volume máximo, um pouco alto, mas com o celular dentro da pochete ficava num som agradável. Encoberto em locais de muito trânsito e barulho, mas uma delícia de ouvir ao longo do trajeto, quando a cidade resolve se acalmar. Afinal, já era tarde.
Saí ao som de Stereo, me acostumando ainda com a chuva e o corpo ainda frio. O asfalto encharcado e o barulho dos pneus espirrando água: nada demais pra quem tem paralamas. Sinais abertos na descida da Av. Brasil e o trânsito vai se acalmando. Já ouvia perfeitamente o som, o corpo esquentava e já tinha me animado pra um passeio pela Andradas, pertinho de casa, onde ia acabar completando os 3000km: “transport is arranged“.
Fui super relaxado, viajando na música, cantando às vezes, curtindo as ruas vazias. A avenida escura, a chuva tinha espantado os carros, a grande parte dos mendigos que ficam por lá, e os últimos gatos pingados que geralmente correm ou caminham depois das 21:00hs. Por isso, fui na pista dos carros mesmo (a av. tem uma ciclovia e uma pista de caminhada, com +- 2km), que estava bem vazia. A noite, sem vento, escuro, chegava facilmente aos 30 e poucos km/h. Estiquei até o final da Av., na estação de tratamento da Copasa, retornando depois pro rumo de casa.
Fiquei pensando nessa coisa dos 3000km. Nada de mais e tudo demais ao mesmo tempo. Já havia pedalado muito mais com outra bicicleta, deixado de marcar por alguns anos, e agora retornara a registrar minhas pedaladas. Os números redondodos na verdade tem o peso simbólico. Os 3000 celebram todos os outros que vieram antes dele. Em algum momento me fiz uma pergunta que muitos já me fizeram ou quiseram fazer e não tiveram coragem: “por que faço isso?” “pra que?”. Mais uma vez não respondi.
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O ciclocumputador acabava de registrar os 3000km. A chuva apertava um pouco. Acelerei, pedalei forte como se quisesse explodir toda energia do meu corpo. Minha voz engoliu o som da música e meus gritos abafaram a cidade: “I’m gonna take you down, I’m gonna take the crown!”
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Parei no viaduto da Av. Silviano Brandão, por onde passam os trens e o metrô. Música interrompida para fotos. Faltavam 3 para o fim do disco. Voltei tranquilo, chegando em casa ao som de Fin. E era o fim. Mas só por hoje.