Alimentação ideal para treinos e provas de longa duração

No post de hoje você vai acompanhar dicas de nutricionistas sobre alimentação ideal para treinos e provas de longa duração. Sabemos que as escolhas de alimentação podem ser um diferencial pra você que está buscando pedalar cada vez mais e melhor. Por isso, lançamos aqui no blog uma seção especial sobre alimentação no ciclismo, com a consultoria do time de nutricionistas da Natue.

Alimentação ideal para treinos e provas de longa duração

alimentação ideal para treinos
Uma alimentação bem balanceada é garantia de bons treinos. Imagem: 123RF.com

Mas primeiro precisamos entender: o que vai define um treino ou prova de longa duração?

Os cientistas do esporte definem como treino de longo as atividades físicas que ultrapassem 2 horas de duração.

No caso do ciclismo, fica uma situação curiosa, pois nem todo pedal de longa duração tem longa distância. Se você vai pedalar em um trilha ou trecho com muita subida, pode pedalar por 3 horas com velocidade média de 13km/h, totalizando 39km de pedal.

O importante é saber que em uma atividade física de longa duração (seja treino ou prova) seu corpo é muito exigido e passa a ter necessidades nutricionais específicas para manter um bom desempenho.

[icon size=”medium” name=”e-info-circled”] Nesse outro post do blog vamos além da alimentação e trazemos 5 dicas para pedalar longas distâncias.

Mas o assunto agora é alimentação. Então vamos às dicas!

O que comer antes do treino ou prova

macarrao é uma opção de alimentação antes de treino longo
Os carboidratos são importantes antes de um treino longo. Foto: 123RF.com

A preparação para um treino ou prova longa começa no dia anterior, e esse é o ponto em que algumas pessoas ainda se descuidam. Para ter um bom desempenho no pedal é importante que as as refeições anteriores ao dia da competição sejam balanceadas e contabilizadas de acordo com as suas necessidades nutricionais. Se você não costumava se preocupar com a alimentação antes dos treinos longos, faça o teste com essas dicas e veja a diferença.

O almoço e o jantar do dia anterior

Caso a sua prova seja logo pela manhã, o jantar, bem como almoço do dia anterior, deverá conter principalmente boas fontes de carboidratos, além de proteínas de origem animal ou vegetal, boas gorduras e fibras. O prato poderá ser da seguinte forma: mandioquinha cozida (ou batata-doce, arroz integral, inhame), peixe grelhado ou ensopado (ou um mix de cogumelos salteados no óleo de coco) e salada de aspargos frescos com grão-de-bico regada com óleo de coco ou de abacate. As quantidades devem ser ajustadas juntamente com o seu nutricionista, que irá calcular as suas necessidades energéticas e todas as demais adequações.

O Café da manhã no dia do pedal longo

O café da manhã que antecede o pedal poderá ser feito 2 horas ou 1 hora e meia antes do seu início. Aposte nos tubérculos cozidos (cará, inhame, batata-doce, mandioca), ovos mexidos ou cozidos, suco verde com couve ou agrião e alguma fruta que não cause desconforto estomacal em você. Não exagere nas quantidades e evite muitas fontes de fibras, isso evitará que você realize a prova com o estômago muito cheio, o que pode impedir seu desempenho máximo.

Durante treinos e provas de longa duração

hidratação no ciclismo
A Hidratação durante o treino é fundamental. Foto: 123RF.com

Agora é o momento de subir na bike preparado. Durante o pedal você deve fazer reposições estratégicas, pois nos treinos e provas longas corre-se o risco de desidratação pela perda de água e minerais.

Para repor os minerais e renovar o estoque de glicogênio (reserva energética), vale levar água, cápsulas de sal, sachês de mel, bebidas esportivas (ou gel de carboidratos) e há até quem leve a boa rapadura!  Tudo isso vai retardar a fadiga típica em atividades longas, melhorar o seu desempenho e reduzir as chances de desidratação e desconfortos.

O mais importante é administrar a ingestão de água e carboidratos. Se você sentir sede durante o treino é um sinal de que já está desidratado. E se sentir fome, é um sinal de que seu corpo já está com necessidade de carboidratos, e pode perder em desempenho.

Uma boa sugestão é se hidratar a cada 15 minutos, independente de sede. A ingestão de carboidratos pode ser feita a cada 40 minutos ou 1 hora, a depender do esforço do pedal e das suas necessidades específicas.

Dica Bônus: cuidado com as invenções

Lembre-se de não experimentar novos alimentos nos dias que antecederem a prova e muito menos durante elas, pois, caso provoquem mal-estar, não dará tempo de se recompor e continuar o percurso com potencial.

O que comer depois do pedal

Imediatamente após o treino ou prova ainda devem ser utilizados carboidratos de absorção rápida, como água de côco, isotônico e frutas. Além disso, a primeira refeição completa pós-treino deve conter de forma balanceada todos os nutrientes: carboidratos, proteínas e gorduras. Um exemplo pode ser um prato de massa com molho de tomate, carne branca grelhada, além de uma opção de legume e uma opção de verdura.

*              *               *

Espero que as dicas tenham ajudado a entender mais sobre a alimentação ideal para treinos e provas longas. É importante saber que, quanto mais longo e desgastante o treino, maiores serão as suas necessidades nutricionais.

E lembre-se: é muito importante procurar a orientação de um nutricionista para conhecer as necessidades específicas do seu corpo. Bom apetite e boas pedaladas!

[icon size=”medium” name=”e-info-circled”] Veja aqui 5 dicas para pedalar longas distâncias

[icon size=”medium” name=”e-info-circled”] Veja aqui outros posts sobre alimentação no ciclismo

De Divinópolis a Uberlândia (MG)

Por Daniel Maia

Tudo começou em 2014, quando tive a idéia de ir à casa do meu irmão em Uberlândia, de bike. Eu tinha planejado de fazer a viagem em 3 dias, afinal seriam 470km, entre Divinópolis e Uberlândia. Conversei com um amigo que já tinha ido à Guarapari de bike, em 5 dias, rodando 750km.

De Divinópolis a Uberlândia – 1º dia

Divinópolis a Uberlândia
Divinópolis a Uberlândia (MG): eu e o amigo Paulo Fontes

Nossa viagem começou no dia 30 de janeiro de 2015, às 00h30, isso mesmo, meia noite e meia. No mesmo dia (30 de janeiro), chegamos em Araxá, e já tínhamos rodado 290km, faltando mais 180 pra finalizar em Uberlândia.

Nossa viagem seria tranquila, não fosse um pequeno acidente em Bom Despacho, há apenas 70km, afinal ainda faltavam 400km. No acidente tive uma queda, em que a bike quebrou o guidão. Na queda bati as costelas no meio fio da pista, e cheguei a pensar que tinha quebrado e deslocado o ombro.

Resultado da queda. Foto: Daniel Maia
Resultado da queda. Foto: Daniel Maia

Passado o susto o Paulo Fontes, também conhecido como Paulo Trator, perguntou o que faríamos. Em resposta eu disse o que NÃO faríamos, que seria voltar para Divinópolis. Naquela hora pensei em outro amigo do nosso grupo, que duvidou que chegaríamos a Uberlândia.

Continuamos nossa viagem e tivemos que parar na cidade de Luz, para descansar e recuperar da queda. Com isso já tínhamos pedalado 120km, e já estava perto das 6h da manhã.

Depois de um tempo voltamos a estrada, e lá se iam 9h da manhã. Subimos a serra de Luz, que foram uns 25km morro acima. Depois disso ainda subimos mais uns 30km até chegar a Campos Altos. Dali a Araxá, faltavam cerca de 120 km.

De Divinópolis a Uberlândia – 2º dia

No segundo dia saímos de Araxá com destino a Uberlândia, e fizemos uma parada em Perdizes, para um lanche rápido. Conhecemos dois ciclistas que de Mtb, que nos deram uma dica de um rio, próximo a Uberlândia, que daria para dar um mergulho.

Refrescando na viagem, rio entre Araxá e Uberlândia
Refrescando na viagem, rio entre Araxá e Uberlândia

Ao final do dia 31, por volta das 17h45 entramos em Uberlândia. A sensação de dever cumprido foi muito boa.

De Divinópolis a Uberlândia
De Divinópolis a Uberlândia (MG). Foto: acervo pessoal Daniel Maia

Pelo fato de ter feito vários treinos longos, me preparei pra dois Audax, um em BH e outro em Divinópolis. Me saí muito bem nos dois.

E a partir dali eu decidi que iria rodar 12mil km até o final do ano, ainda faltam cerca de 500km pra fechar a meta. Participei de 2 audax, 1 Letape, 1 Desafio de 180km, fiz 10 treinos com distancias superiores a 200km, fui a Araxá, Uberlândia, São João del Rei, Belo Horizonte e várias cidades da região Centro Oeste de Minas, de bike.

Se você tem um sonho, uma meta, acredito e trabalhe que ao final você poderá ser surpreender. Para fazer valer minha meta eu criei o lema #NãoPerderTreino. Só você pode definir onde irá chegar. Valeu!

[Nota do blog:] se você vai pedalar pelas cidades desse pedal, pode consultar campings, hostels, pousadas e hotéis nos links abaixo:

Dicas de Hospedagem nesse Roteiro

Você pode reservar hotéis, pousadas, hostels e até casas de hóspedes através do Booking.com. Assim terá muitas opções para comparar e escolher a que vai te atender da melhor forma.

Emagrecer pedalando: mais saudável, prazeroso e barato

Nesse artigo vou falar um pouco sobre os benefícios de emagrecer pedalando. Pode parecer algo básico pra quem já pedala há muito tempo, ou ainda para aqueles de metabolismo privilegiado e que por isso nunca tiveram problemas com a balança.

Mas vou mostrar nesse artigo 3 pontos de vista diferentes: um sobre a sua saúde, um sobre o seu lazer, e um sobre a sua bike. Acompanhe essas informações e veja como pedalar pode trazer benefícios para várias áreas da sua vida (e no final, uma dica sobre seu peso e o peso da sua bike).

1 – Emagrecer pedalando é saudável.

emagrecer pedalando
Emagrecer pedalando: a combinação perfeita entre atividade física e alimentação saudável. Imagem: 123RF.com

Quem sempre levou uma vida sedentária e descobriu recentemente a bicicleta sabe: emagrecer pedalando é saudável. Isso porque a melhor forma de se emagrecer é combinando a atividade física com uma alimentação saudável.

Falando da atividade física: ela irá aumentar o seu gasto calórico – que é o tanto de calorias que você gasta por dia, acelerando o seu metabolismo podendo propiciar a queima de gordura corporal. Vai deixar seus músculos mais tonificados. Vai melhorar o seu condicionamento físico. Além disso, vai te dar mais disposição para o dia-a-dia. Quem nunca começou a pedalar e percebeu que ficou mais animado?

Falando da alimentação: uma dieta saudável vai te deixar mais disposto, além de levar para o seu corpo todos os nutrientes necessários para o seu bom funcionamento. Segundo os nutricionistas da Natue, o ideal é optar por uma alimentação equilibrada e variada, com aumento no consumo de legumes e vegetais, cereais integrais, leguminosas (como feijão e lentilha), frutas e carnes magras, de preferência grelhadas, assadas ou cozidas.

Os nutricionistas afirmam que perder peso vai além dos benefícios estéticos. O emagrecimento de forma saudável pode trazer uma série de melhoras na sua saúde, como:

  • Reduzir o risco de desenvolver diabetes tipo II e pressão alta
  • Prevenir problemas articulares (como joelho) e de coluna
  • Controlar o colesterol e prevenir doenças cardiovasculares
  • Aumentar a disposição e diminuir a fadiga

2 – Emagrecer pedalando é prazeroso

Emagrecer pedalando é saudável.
Emagrecer pedalando é saudável. Foto: 123RF.com

Como se não bastassem os benefícios para seu corpo e para a sua saúde, imagine alcançar tudo isso de forma prazerosa. Em passeios de fim de semana ou nas suas viagens de cicloturismo. Chegando mais rápido e mais disposto ao trabalho, se você utiliza a sua bike como meio de transporte. Participando de grupos de pedal. Tendo a oportunidade de pedalar com seus filhos ou filhas.

Aqui mesmo no blog temos a seção Até Onde VOCÊ Foi, com mais de 200 histórias de leitores que mostram suas experiências positivas com a bicicleta. Em uma delas, o leitor Ricardo Meni, que fala sobre o prazer em pedalar, e como a bicicleta proporcionou pra ele além do emagrecimento, muito prazer e boas experiências.

A bicicleta é uma ótima opção de lazer e que conquista cada vez mais praticantes. Dos passeios de fim de semana até aqueles que buscam pelo desempenho, querendo pedalar cada vez melhor, ir mais longe ou pedalar mais rápido. Aliás, separei a próxima e última dica pra você que quer melhorar o seu desempenho nas pedaladas.

3 – Emagrecer pedalando é mais barato

Emagrecer pedalando é mais barato
Emagrecer pedalando é mais barato

Essa é uma dica muito boa que você deve seguir, especialmente se estiver começando: emagrecer pedalando é mais barato do que tirar peso da bicicleta. O que você vai gastar com alimentação e acompanhamento nutricional pode ser mais barato do que comprar componentes mais leves (e bem mais caros) para sua bike e continuar carregando uns bons quilos extras.

Claro que estamos falando do ciclismo amador, pois no esporte profissional tanto o peso do ciclista quanto o peso da bicicleta são importantes para o alto desempenho.

No ciclismo amador isso também acontece. Muita gente que começa a pedalar vai chegando a um bom nível no esporte, e perder peso do conjunto bike+ciclista é importante pra quem quer melhorar.

É claro que é importante investir sim em equipamento. Mas estou propondo aqui uma ordem de prioridades: é mais barato e melhor para o desempenho perder peso primeiro no corpo e depois na bike. Se você estiver com peso e condicionamento físico ideais e ainda buscando por melhoras, é uma boa hora para investir em um equipamento mais leve e melhor – e por isso mais caro.

Espero que tenha gostado dessas dicas. Se você está interessado em melhorar o seu desempenho na bicicleta, aqui no blog temos uma seção com dicas para pedalar que podem te ajudar.

[Nota do blog:] No Até Onde Deu pra Ir de Bicicleta incentivamos a valorizamos os profissionais da área da saúde. As informações sobre alimentação saudável desse artigo foram fornecidas pelos nutricionistas da Natue. Se você quiser saber mais sobre alimentação no ciclismo, pode conferir nossos outros artigos nos links abaixo:

[icon size=”medium” name=”e-info-circled”] Alimentação ideal para treinos e provas de longa duração

[icon size=”medium” name=”e-info-circled”] Acompanhamento nutricional: o diferencial para você pedalar melhor

[icon size=”medium” name=”e-info-circled”] Suplementação alimentar e boa alimentação: uma combinação importante para o desempenho no esporte

[icon size=”medium” name=”e-info-circled”] 5 suplementos para ciclistas

De Montes Claros a Porto Seguro de bicicleta: 08 dias de muita emoção e aventura

Por José César Navarro

Movidos pelo espírito aventureiro do Mountain Bike (MTB), presente quando buscamos superar alguns limites em nossas vidas, embora sem grandes pretensões, iniciamos nossa jornada de bicicleta rumo a Porto Seguro (BA), partindo de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, cidade onde residimos. Havia uma expectativa própria se conseguiríamos completar o percurso, uma vez que, não obstante já praticarmos MTB há algum tempo, não contávamos com a força da juventude a nossa favor. Eu, José César, aposentado da Cia. Energética de Minas Gerais, relator da viagem, à época contava com 59 anos de idade, a dois meses de completar 60 anos, o mais velho do grupo. Carlinhos Mourão, representante comercial, 55 anos e Marco Luiz (Lalá),  também representante comercial, o mais novo, com 52 anos, ou seja, todos éramos “over 50”.

A decisão de realizar a viagem surgiu de repente, muito embora sonhássemos com ela já há algum tempo. Havia uma vontade muito grande de realizá-la de minha parte e do Carlinhos Mourão. Ambos gostávamos de Porto Seguro como um lugar especial para passar férias com a família. Montes Claros, por sua localização geográfica, tem facilidade de acesso ao Sul da Bahia, apesar das estradas nem sempre estarem em boas condições. Em sua maioria são pavimentadas, porém com trechos ainda de terra, quando se opta por passar pelo Vale do Jequitinhonha, região que apesar das adversidades e pobreza econômica é rica culturalmente e detentora de uma beleza muito peculiar. Ir a Porto Seguro de bicicleta significava um desafio às nossas idades e para a prática do nosso esporte, além de possibilitar um retorno àquela bela cidade turística.

Nos nossos encontros semanais de mountain bikes  eu e o Carlinhos nos questionávamos sobre uma provável data, porém nunca definíamos e ficávamos apenas no desejo, no sonho, sem contudo concretizá-lo. Particularmente, considerava ser conveniente irmos com o mínimo de três ciclistas, por questões de logística, em caso de eventual necessidade. Já o Carlinhos na sua habitual empolgação, comentava: “vamos só nós dois mesmo Césão”, tipo assim, “já que ninguém mais topa, vamos só nós dois mesmo”. Num belo dia o Lalá comprou a ideia de ir conosco e, mais ainda, convidou-nos a marcar uma data. Eu, empolgado, comentei que não poderíamos perder a companhia dele e imediatamente marcamos: 22 de novembro de 2014, num sábado.

Tendo definida a data efetuamos um breve planejamento da viagem, sem muita complexidade: levantamos as distâncias e o perfil planialtimétrico dos trechos, através do site: www.cycleroute.org, muito útil para verificação do nível de dificuldade de cada trecho. O nosso planejamento, conforme anexamos mais adiante, previa a execução do percurso considerando duas alternativas: ir em seis ou oito dias, com um intervalo de descanso após o terceiro ou quarto dia, dependendo da opção escolhida. Durante o trajeto optamos pela execução em oito dias, porém não houve necessidade do intervalo de descanso mencionado. Essa alternativa previa uma média de cerca de 100km/dia. Na nossa opinião e face às nossas condições, nem pouco nem muito. O nosso propósito era tornar a viagem agradável, com um esforço físico relativo, porém sem a necessidade de muito desgaste físico. Sabemos que muitos vão num tempo inferior, porém esse não era o nosso propósito. Também optamos por não ter um carro de apoio. Preparamos as bikes com bagageiro (muito útil) e selecionamos aqueles itens essenciais: roupas de reposição, protetores solar, cereais, remédios, celulares, etc.

Parafraseando Luiz de Camões: ”Preparada a nau só nos restava singrar aos mares rumo ao Porto Seguro”.

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De Montes Claros a Porto Seguro
De Montes Claros a Porto Seguro: bike e apetrechos prontos (dia anterior ao início da viagem). Foto: acervo pessoal José César Navarro

Primeiro Dia: Montes Claros – Itacambira

Montes Claros a Porto Seguro
De Montes Claros a Porto Seguro: Trajeto Montes Claros – Itacambira

Tudo pronto, partimos de Montes Claros rumo ao primeiro objetivo: Itacambira, ainda no Norte de Minas, localizada no sentido do Vale do Jequitinhonha.

Saímos às 03:00h da manhã. Como era esperado, Itacambira foi um dos trechos mais difíceis face à sua topografia (ver perfil acima): considerando o deslocamento urbano, foram 104,75 km.

Montes Claros fica a cerca de 630m de altitude ao nível do mar, já Itacambira está acima dos 1050m, com alternâncias de aclives e declives bastante acentuados, o pico máximo chega a 1365m, com dois subidões de “doer”. Excelente desafio para testar o nosso condicionamento já no primeiro dia.

Montes Claros a Porto Seguro
Passagem pela cidade de Juramento, início do percurso. Foto: acervo pessoal José César Navarro.

Viagem agradável por uma região muito bonita, esforço físico considerável, porém compensado com banhos de rio e ajudados pela temperatura amena naquele dia. O fato pitoresco desse trecho foram as quedas do Carlinhos Mourão. Ele usava pela primeira vez pedais de encaixe e eventualmente esquecia que estava preso aos mesmos, foram várias quedas, felizmente sem maiores consequências.

Montes Claros a Porto Seguro
Percurso Montes Claros/Itacambira: subidões frequentes. Foto: acervo pessoal José César Navarro.

Chegamos a Itacambira por volta das 16:20 horas, 8:36h efetivas de pedal (sem considerar as paradas), média de 12km/h. Agradecemos a Deus e a Nossa Senhora de Lourdes (gruta na chegada daquela cidade) e comemoramos com frango caipira, cerveja e aperitivo, com moderação.  Aqui cabe uma ressalva: alguns podem estranhar o consumo de bebida alcoólica durante o percurso, incompatível com a prática de esportes, porém, quando nos propusemos a viajar de bicicleta o nosso propósito não era fazê-lo num ritmo de competição e preciosismo, onde devêssemos nos privar daquilo que fazíamos normalmente. Não obstante a entrega física, a viagem teria que ser agradável, é lógico, que, dentro de um nível de responsabilidade, para que não afetasse o nosso desempenho. Assim, sempre que chegávamos e cumpríamos um objetivo, a empolgação nos permitia degustar uma cervejinha e uns golinhos de cachaça, bem de leve. O Lalá, no segundo dia, chegou até a transportar um resto de pinga boa do Norte de Minas, obtida em Itacambira, preocupados que estávamos de não encontrar semelhante iguaria na próxima parada, hehe!

Montes Claros a Porto Seguro
Mirante na chegada de Itacambira. Foto: acervo pessoal José César Navarro.

Segundo Dia – Percurso Itacambira – Caçaratiba – Posto do Vicente (BR-367)

Em Itacambira hospedamos na pensão da Dª Graça, uma simpática senhora que nos tratou muito bem, ofertou-nos quartos simples, porém limpos e aconchegantes, bem como nos preparou um belo jantar de comida caseira. Pela manhã tomamos café e seguimos rumo a Caçaratiba, um povoado que pertence a Turmalina. Saímos por volta das 07:00 horas, bastante animados e descansados. A exemplo do trecho anterior, este também seria difícil, tendo em vista cerca de 55 km de estradas de terra com subidões íngremes e mais 15km de asfalto até o objetivo final, o Posto do Vicente, já na BR-367, onde iríamos pernoitar. Uma particularidade é que fomos aconselhados a não transpô-lo à noite, ou seja, não poderíamos atrasar. Segundo o que nos foi informado, por se tratar de uma região de mineração eram frequentes assaltos por bandidos. Felizmente não tivemos problemas, apesar de lamentavelmente  termos sido abordados em duas ocasiões por motoqueiros que nos questionaram se não teríamos drogas para fornecê-los, retrato triste de um país onde o consumo de drogas se alastra aos mais longínquos rincões, onde antes não se imaginava.

Apesar de nos exigir muito fisicamente foi bastante agradável fazê-lo. Região bonita cortada pelo rio Jequitinhonha e vários outros riachos. Um fato agradável foi o café que tomamos na Fazenda do Sr. Paulo Librelon, família que ficamos conhecendo no caminho, de certa forma ajudados pelo “espírito criativo” do Marco Lalá. Passando próximo à Fazenda avistou uma mangueira carregada. Solicitou à proprietária permissão para apanhar algumas mangas, alegando que estava até aquela hora sem tomar café (hehe!).  A senhora não só nos ofertou mangas como nos preparou um belo café, com biscoitos caseiros e suco de manga, coisas da hospitalidade mineira. Seguimos em frente e chegamos a Caçaratiba por volta das 15:00h, bastante cansados. Mais uma vez prevaleceu o espírito hospitaleiro do povo norte mineiro.  Fomos ao principal restaurante da cidade e àquela hora não dispunha mais de almoço completo, faltava ao prato principal, arroz. O proprietário solicitou que fosse providenciado um arroz fresquinho. Almoçamos satisfatoriamente e ainda, quando fomos pagar alegou que não iria cobrar a comida só as bebidas, não obstante a nossa insistência. Completamos o percurso e chegamos no início da noite ao Posto do Vicente, onde iríamos dormir. Não foi um percurso longo (69,8km) mas nos exigiu bastante, face ao trecho de terra.

Montes Claros a Porto Seguro
Estrada Itacambira/Caçaratiba (rumo às “Terras do Sem Fim”, J. Amado). Foto: acervo pessoal José César Navarro.

Terceiro Dia – Trecho Posto do Vicente/Virgem da Lapa

Neste trecho, face às particularidades, podemos dizer que vivemos uma verdadeira saga. Foram cerca de 111,2 km (média de 14,2km/h) de pedal sofrido e a dificuldade foi devido ao fato de ter sido um dos trechos onde deparamos com chuvas torrenciais, que veio a cair justamente no trecho de terra, próximo ao município de Virgem da Lapa.  As bicicletas, mesmo com redobrado esforço físico não conseguiam andar.  As rodas atolavam no areal e lamaçal que se formou. Oh, sofrimento!  Assim, tivemos que caminhar por cerca de seis quilômetros empurrando as bikes, com chuva caindo sobre nós, já no final da tarde, quase noite, roupas molhadas e o cansaço acumulado do percurso anterior se fazendo presente. Penso eu se tivéssemos um carro de apoio, com certeza teríamos todos optado por subir nele e completado o trecho de carro. Porém, acho que também não conseguiríamos, pois deparamos com vários carros atolados, parados sem poder ir em frente, nos dois sentidos. Daí vem-nos à mente o descaso das autoridades com os moradores locais, um pequeno trecho e sem asfalto. Felizmente, numa iniciativa de minha parte na fase de planejamento, elogiada pelos companheiros, tivemos a prevenção de embalar com sacos plásticos todas as nossas mochilas, o que nos permitiu dispor de roupas secas ao chegar ao Hotel, em Virgem da Lapa. O fato pitoresco deste trecho foi quando a chuva começou a “apertar” muito e tivemos que nos abrigar numa loja de produtos agrícolas, num povoado próximo ao município. O Lalá, mais uma vez, dando uma de “João sem braço” questionou ao proprietário se ali havia um lugar onde poderíamos comprar café já pronto. Este prontamente pediu a sua empregada para fazer. Assim, tomamos um café quentinho bem providencial, graças mais uma vez à “criatividade” do Lalá. Chegamos a Virgem da Lapa por volta das 20:30 horas da noite. Deus, na sua infinita grandeza, além de nos permitir chegar bem, em retribuição talvez ao sofrimento do percurso, permitiu-nos um bom Hotel e um ótimo restaurante, com ótima comida e cozinheira muito simpática, que nos atendeu muito bem. Degustamos talvez os melhores tira-gostos da viagem (peixe frito, dobradinha e fígado de boi acebolado, hehehe!). Isso tudo acompanhado de uma cervejinha e uma pinguinha, é claro, volto a repetir, com responsabilidade.

Montes Claros a Porto Seguro
Trecho Posto do Vicente/Virgem da Lapa, penso que a expressão do Lalá retrata bem as dificuldades desse trecho. Foto: acervo pessoal José César Navarro.
Montes Claros a Porto Seguro
Foto: acervo pessoal José César Navarro.

Quarto Trecho: Virgem da Lapa/Itinga

Quarto dia de pedal, agora o nosso objetivo era chegar a Itinga, no Vale do Jequitinhonha. Devido a necessidade do Carlinhos executar alguns serviços bancários em Virgem da Lapa, aproveitamos para descansar um pouco mais, uma vez que a jornada do dia anterior tinha sido pesada. Assim, saímos já um pouco tarde, por volta das 11:00 horas. Tão logo começamos a pedalar a chuva começou a cair e, embora abençoada, começou a nos incomodar, devido ao corpo ainda frio. Assim tivemos que nos abrigar até que ela amenizasse. Prosseguindo, no meio do caminho, antes de Araçuaí, fomos contatados pelo Chapinha, ciclista de Araçuaí, que nos interceptou de moto.  Ele também tinha ido a Porto Seguro de bike, partindo de Araçuaí e tomou conhecimento da nossa passagem por Virgem da Lapa. Neste trecho foi bom ver mais uma vez uma placa indicando a distância até Porto Seguro. Toda vez que víamos uma placa destas aumentava a nossa motivação e renovávamos a nossa expectativa de alcançar o nosso destino final. Chegamos a Araçuaí por volta das 14:45h horas. Durante o almoço o Chapinha, juntamente com outros ciclistas de Araçuaí, apareceu para nos cumprimentar. Foi muito legal a confraternização e confortante saber que, embora distantes de casa, haviam pessoas que comungavam com o mesmo hobbie. Neste dia fiquei preocupado com um barulho no selim da bike e imaginei que caso o parafuso de sustentação quebrasse teria grandes dificuldades em prosseguir. Assim, procuramos uma loja de bicicleta. Não consegui um parafuso substituto, mas demos uma regulada e aproveitamos para melhorar a sinalização das bikes, tendo em vista que havia uma previsão de pedalarmos à noite e chegarmos tarde a Itinga. Sem “fazer o quilo” após o almoço partimos de Araçuaí por volta das 16:45 horas (tarde) e chegamos a Itinga às 20:45 horas da noite (84,17km, média 16,2km/h). Mais um dia cumprido. Felizes por termos chegado bem e alcançado quase metade do percurso. No dia seguinte partiríamos para Jequitinhonha, igualmente no Vale do Jequitinhonha e para mais um dia de aventura.

Montes Claros a Porto Seguro
Passagem por Araçuaí. Foto: acervo pessoal José César Navarro.
Montes Claros a Porto Seguro
Contato com ciclistas de Araçuaí (ao centro de camisa azul clara, Chapinha, grande figura!). Foto: acervo pessoal José César Navarro.
Montes Claros a Porto Seguro
Chegada a Itinga, já noite. Foto: acervo pessoal José César Navarro.

Quinto dia: Itinga/Jequitinhonha

Em Itinga hospedamos num hotel razoável e ainda tivemos ânimo para um “tour” por um restaurante local. Tomamos café pela manhã e iniciamos nossa jornada rumo a Jequitinhonha. A previsão era pedalar cerca de 100km, uma distância razoável não fosse o fato do sol naquele dia estar escaldante. Embora no início do trecho termos consumido bastante frutas, água de coco  e tivéssemos tomado todas as precauções em relação ao consumo de isotônicos e abastecimento de água, não foi suficiente, eles logo acabaram. Para completar, no restante do trecho até Jequitinhonha a infraestrutura de postos de combustíveis ou até mesmo de uma simples vendinha pra comprar água era praticamente inexistente.

Assim, sentimos muito os efeitos do sol, o que tornou a viagem bastante sofrida, foi o único trecho onde pedimos água em fazendas em duas ocasiões. Mais ou menos no meio do caminho chegamos a uma “vendinha”, do Sr. Didi, pessoa humilde e boa daquela região. Não era uma vendinha do tipo padrão que conhecemos. Com o objetivo de talvez melhorar o orçamento, numa região pobre, afetada pela seca e precária em estabelecimentos comerciais, ele transformou a sua humilde casa em uma vendinha. Identificamos, devido a um cartaz de propaganda de refrigerante afixado na parede. Chegamos ao local e questionamos se havia ali água mineral ou refrigerante. Havia apenas uma lata de refrigerante gelado e algumas quentes. Dividimos a que estava gelada entre nós três. O Sr. Didi sugeriu que aguardássemos um pouco até que as outras ficassem geladas. Num gesto de boa vontade, típico de pessoas humildes e solidárias daquela região, deslocou-se até um vizinho próximo para ver se conseguia água ou refrigerantes gelados para nos atender (sem sucesso). Em determinado momento a sua esposa nos questionou se queríamos que fizesse café (agradecemos e dispensamos).

Após um bom papo (rimos bastante sobre o apoio deles a um político conhecido, de Montes Claros), tomamos mais alguns refrigerantes (que esfriaram um pouco nesse meio tempo) agradecemos, pagamos a conta e seguimos em frente. Detalhe, mesmo na pobreza aparente, o Sr. Didi não queria cobrar um pacote de bolachas consumido pelo Carlinhos (não concordamos), que, como sempre, andava com muita fome (hehehe!). Depois das dificuldades deste dia chegamos a Jequitinhonha à tardinha (17:40h): 101,25km rodados, média de 15,9km/h.

Montes Claros a Porto Seguro
Cerâmicas do Povoado de Pasmado (no percurso): próximo a Itinga. Foto: acervo pessoal José César Navarro.
Montes Claros a Porto Seguro
Vendinha humilde do Sr. Didi (de camisa azul, os demais são filhos) próximo a Jequitinhonha. Foto: acervo pessoal José César Navarro.
Montes Claros a Porto Seguro
Chegada a Jequitinhonha (Quinto dia – 17:40 horas) Foto: acervo pessoal José César Navarro.

Sexto Dia: Jequitinhonha/Jacinto

Em Jequitinhonha tivemos um dos momentos que podemos chamar de “mordomia”, talvez para compensar o sufoco da viagem até então: hospedamos em um bom hotel e assim que chegamos fomos nos hidratar na piscina do hotel(providencial!).  Combinamos com o garçom que a cada 30 minutos nos levasse uma latinha de cerveja à beira desta, até que pedíssemos para parar (hehehe!). Neste dia saímos à noite para encontrar um local apropriado para assistir à final da Copa do Brasil, jogo entre Cruzeiro e Atlético. Eu e o Carlinhos, cruzeirenses, e o Lalá atleticano, diga-se, um bom atleticano, pois apesar do resultado que lhe foi favorável, pegou leve na gozação (hehehe).  Após Jequitinhonha a nossa expectativa só aumentava, pois sentíamos que a divisa entre os estados de Minas Gerais e Bahia se aproximava. No dia seguinte chegaríamos a Itagimirim e dali Porto Seguro, nosso objetivo final.

Saímos por volta das 8:25h de Jequitinhonha rumo a Jacinto, seriam cerca de 108 km e chegamos às 19:50h. Passando por Almenara foi providencial a parada no Ponto Comercial do Erinaldo, onde degustamos um delicioso açaí (nunca fui muito a fim, mas naquela ocasião pareceu ser a coisa mais maravilhosa do mundo, até hoje comentado pelo grupo, talvez devido ao estado de desidratação que nos encontrávamos) e tomamos um boa ducha natural. Almoçamos uma boa comida e mais uma vez sem “fazer o quilo”  seguimos em frente. Neste percurso transitamos por um trecho de asfalto inacabado, diga-se, fruto do descaso do governo mineiro, que há muitos anos executou parte da obra e não concluiu.

Montes Claros a Porto Seguro
Saída de Jequitinhonha, pela manhã (08:25h) rumo a Jacinto. Foto: acervo pessoal José César Navarro.
Montes Claros a Porto Seguro
Açaí e ducha do Erinaldo, maravilha (próximo a Almenara)! Foto: acervo pessoal José César Navarro.

Sétimo e penúltimo dia de viagem: Jacinto/Itagimirim

Se em Jequitinhonha tivemos uma certa mordomia, em Jacinto, ao contrário, tanto hotel, quanto restaurante eram muito precários. Saímos por volta de 7:40 horas de Jacinto rumo a Itagimirim, após um café da manhã muito simples. Iríamos enfrentar cerca de 50km de estrada de terra até o município de Salto da Divisa (na divisa dos estados) e depois mais 50 km de asfalto até Itagimirim, já na Bahia. Trecho difícil, sol quente, a altimetria indicava vários aclives após a divisa, sendo agravado pelo cansaço dos dias anteriores cada vez mais presente em todos nós.

Porém a expectativa de que Porto Seguro se encontrava cada vez mais próximo nos animava.  Antes de Salto da Divisa encontramos uma lagoa e nos esbaldamos nela, para amenizar o calor e tentar combater a desidratação de nossos corpos (maravilha!). Chegamos a Salto da Divisa bastante cansados, muito desidratados ainda, ao ponto de eu não ter apetite para comer e só pensar em ingerir líquidos (faltou uma boa preparação/orientação nessa questão de perda de líquidos, ponto falho do planejamento). Em determinado momento uma senhora nos permitiu que deitássemos num reservado de sua sorveteria e ainda providenciou um ventilador para amenizar o calor (eta povo bom!).

Alcançamos a divisa dos estados por volta das 17 horas neste dia. Embora tivéssemos que pedalar ainda cerca de 35 km até Itagimirim ainda, era só alegria! Carlinhos a todo momento exclamava: estamos na Bahia Césão! Estamos na Bahia! Foi muito emocionante e de muita alegria para todos nós, tanto quanto a chegada a Porto Seguro. Um fato pitoresco deste trecho foi a quebra definitiva do bagageiro do Lalá, após a gambiarra que fizemos. O Carlinhos, cabe ressaltar, num gesto solidário e por dispor naquele momento de maior energia, dividiu o conteúdo do bagageiro com ele e com o próprio Lalá (gesto muito bonito, companheiro é companheiro!!!). A perspectiva era de chegarmos bem tarde a Itagimirim. No percurso, já noite, encaramos um subidão e paramos num lugarejo chamado “Mata-boi”, onde ingerimos cerca de 03 litros de refrigerantes, tamanha era a sede e a desidratação que nos encontrávamos. Enfim chegamos a Itagimirim às 18:50 horas da noite (total de 98,10km, média de 13,70km/h). No dia seguinte rumaríamos para Porto Seguro, oitavo e último dia de pedal (muito felizes!).

Montes Claros a Porto Seguro
Gambiarra no bagageiro do Lalá. Foto: acervo pessoal José César Navarro.
Montes Claros a Porto Seguro
Banho de lagoa, próximo a Salto da Divisa. Foto: acervo pessoal José César Navarro.

Oitavo e último dia de Pedal, rumo a Porto Seguro (Maravilha!)

Finalmente o último dia de viagem chegara, apesar do cansaço e de estarmos quase no nosso limite, a empolgação era total. Após um boa noite de sono em Itagimirim saímos pela manhã, por volta das 08:30 horas, mais um vez sem pressa e agora rumo ao objetivo final, Porto Seguro. Face ao estado de desidratação em que nos encontrávamos, logo no início ingerimos bastante suco e a cada possibilidade de ingestão de líquidos fazíamos. Placas indicando Porto Seguro apareciam por todos os lados (felicidade!).

Apesar de asfalto e região de trânsito intenso, a viagem foi tranquila, chegamos bem a Eunápolis e dali seguimos em frente rumo a Porto Seguro. No meio do caminho paramos para almoçar, eu como continuava sem apetite, comi apenas algumas panquecas e fomos adiante. Nesse trecho aconteceu o único furo de pneu durante toda a viagem (da minha bicicleta) e de acordo com a lei de Murph o pior também aconteceu, das três bombas existentes, nenhuma delas funcionou para encher uma câmara reserva (incrível!). Eu logo pensei, acabo de chegar empurrando a bike, mas não pego carona (faltavam uns 25km). A nossa sorte é que furou em frente a uma fazenda e o proprietário possuía bomba para nos emprestar.

Já a noitinha chegamos a Porto Seguro, por volta das 19:15 horas. Embora cansados ao extremo pelos vários dias de pedal a alegria foi  contagiante e cada um comemorou à sua maneira, lembro do Carlinhos, por exemplo, pegando o celular e ligando para a família, estávamos de fato muito felizes, pois finalmente haviamos chegado! A expectativa de não alcançarmos o objetivo, findara! Foram oito dias de “entrega” total. Só quem viaja de bike consegue explicar: o “eu” próprio e o “tempo” deixam de ser importantes (inexistem) você apenas pensa em seguir adiante, vencer o próximo obstáculo e chegar.

Aproveito para agradecer a todos que torceram por nós, aos que nos contataram por telefone, pelas redes sociais, às nossas famílias que compreenderam o sentido do nosso objetivo e entenderam as nossas ausências por cerca de 10 dias. Agradecemos a Deus pela saúde, bem como às pessoas anonimas que nos cederam água e foram solidárias conosco durante o percurso, nos momentos em que mais precisávamos (show!). Um agradecimento especial aos companheiros Carlinhos Mourão e Lalá (grandes companheiros, em nenhum momento discordamos ou discutimos uns com os outros, prevaleceu a cooperação mutua, espetacular!) agradecer aos amigos pela receptividade e festa na chegada (também show). Enfim, foi maravilhoso, a única experiência que modestamente podemos passar é sugerir a cada um de vocês, que dê uma chance a si próprios de  realizar algo parecido: de bike ou do jeito que melhor convierem……hehehe! Obrigado!

Montes Claros a Porto Seguro
Intervalo: percurso Eunápolis/Porto Seguro, o cansaço é notório. Foto: acervo pessoal José César Navarro.
Montes Claros a Porto Seguro
Porto Seguro muito próxima. Foto: acervo pessoal José César Navarro.
Montes Claros a Porto Seguro
Enfim a chegada, o Lalá olha e parece não acreditar, Carlinhos liga para a família. Foto: acervo pessoal José César Navarro.
Montes Claros a Porto Seguro
No outro dia em Porto Seguro, agora descontraídos e fazendo turismo de bike! Foto: acervo pessoal José César Navarro.
Montes Claros a Porto Seguro
De Montes Claros a Porto Seguro foram 785,64 km de muita aventura durante 8 dias, já com saudades! Aguarde-nos Salvador! Foto: acervo pessoal José César Navarro.

[Nota do blog:] se você vai pedalar pelas cidades desse roteiro, pode consultar campings, hostels, pousadas e hotéis nos links abaixo:

Dicas de Hospedagem nesse Roteiro

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Escalada dos Andes de Bike

Por Tinho Barreto

Depois de uma corrida de MTB, eu e mais 4 amigos (Kellyton, Da Silva, Castelo e Alexandre) fomos assar uma carne e tomar uma banho de piscina pra descontrair. Dai, papo vai papo vem, surgiu o assunto (vamos escalar as cordilheiras dos andes peruano de bike?). Isso foi no dia 18 de agosto de 2015. E ali mesmo traçamos os roteiros e já definimos a data de partida, que foi 24 de agosto de 2015.

Saímos as 4 hora da manhã de carro, levando as bikes a cidade de Quince Mil, que está a 1500m de altitude acima do nível do mar. Onde pernoitamos a beira da estrada no estacionamento aberto do posto de pedágio. No dia seguinte por volta das 6 horas da manhã começamos a desmontar as barracas, tomamos um café reforçado e demos início a nossa aventura que ficou denominada como: ESCALADA DOS ANDES DE BIKE e o nome da nossa equipe é OS CAÇADORES DE AVENTURAS.

Nosso objetivo era chegar na parte mais alta da montanha que está a 4728m de altitude. Sabíamos que encontraríamos muitos obstáculos pelo caminho como por exemplo:

  • mais de 60km de subidas ininterruptas algumas delas com o grau de elevação altíssimos que passaram facilmente dos 40%, a baixa temperatura
  • vento forte
  • falta de oxigênio entre outros

Levamos para nossa alimentação macarrão instantâneo, barras de cereais, doces e frutas. Para a nossa aventura não ficar cara, optamos em fazer as nossas refeições na beira da estrada e dormir em acampamentos também a beira da estrada.

A Escalada dos Andes de Bike

A escalada dos Andes de bike.
Pedalando nas nuvens – A escalada dos Andes de bike. Foto: acervo pessoal Tinho Barreto

No nosso primeiro dia de pedal completamos aproximadamente 59 km, mais ou menos 5 a 7 horas pedalando. Nesse dia chegamos na cidade de Marcapa, que está a 3.150m de altitude em relação ao nível do mar. Então, procuramos um lugar seguro para montar nosso acampamento. Por volta das 15/16h a temperatura já estava 0c°. Cheguei passando muito mal, pois estava com soroche, que quer dizer “mal da montanha ou da altitude” (dificuldade de respirar, aumento da pressão na cabeça e nos olhos e tonturas).

Enquanto sofria, meus amigos trataram de montar as barracas, acender a fogueira para que a gente pudesse se aquecer e preparar o nosso jantar. Com menos de duas horas de tempo, o vento começou a ficar mais forte, as nuvens baixaram bastante e a temperatura caiu mais ainda fazendo com que a gente fosse para as nossas barracas para nos proteger do frio. Mas quando foi por volta das 00:00 o frio já era quase insuportável e a sensação térmica era de -9c°.

A madrugada passou e veio sol meio tímido e aos poucos esquentando (10/14c°). Então, preparamos nosso café (pão fatiado, cuscuz, e patê de salmão) e em seguida desmontamos o acampamento. Pegamos a bike e demos continuidade a nossa aventura.

Andamos cerca de 3km e paramos para tomar o chá da folha da coca e a folha da coca para mastigar durante todo tempo. É um vaso dilatador natural e ajuda a combater o soroche (mal da montanha). Segundo os nativos ainda faltavam cerca de 37km até a parte mais alta da montanha. E a cada quilômetro que subíamos, a dificuldade só ia aumentando. Mas graças a Deus conseguimos cumprir com o nosso objetivos sem nenhum problema mecânico ou acidente.

Pedalamos por um dia e meio ate chegar na parte mais alta e levamos apenas 2:30h para descer (pra baixo todo santo ajuda!). Na descida chegamos atingir a velocidade máxima de 80km/h. Passamos por dezenas de cachoeiras, paisagens lindas que vamos levar para sempre em nossas memórias.

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Cicloturismo depois da aposentadoria

Por Nélio de Souza Mourão

Após trabalhar muito viajando pelo Brasil e Exterior, criar filhos, me aposentei e aos 65 anos sentia-me inútil e sedentário. Foi quando resolvi comprar uma bike para meu neto de 7 anos e o vendedor me convenceu a comprar uma para mim também, para acompanhar o neto. Foi a melhor sugestão naquela época.

Conheci o cicloturismo depois da aposentadoria
Conheci o cicloturismo depois da aposentadoria. Foto: acervo pessoal Nélio de Souza Mourão

Meu neto não se interessou muito por ciclismo, mas eu comecei a andar sozinho, depois entrei em um grupo chamado Campinas Bike Clube, onde pedalamos 4 dias por semana. Através do Presidente deste clube, fui convidado um ano após iniciar, a empreender minha primeira cicloviagem em 2014 quando fomos fazer o Circuito das Araucárias em 6 dias.

Dali em diante meu gosto por este tipo de viagem se tornou um buscar permanente por novas aventuras. Em abril de 2015 fomos para um pedal ainda pouco explorado e sem um roteiro oficial. Fomos a Curitiba de avião com nossas bikes em malas bike, e dali descemos a Serra da Graciosa e fomos contornando o litoral até Peruibe, onde retornamos de Van até Campinas. Pegamos dois barcos para atravessar braços de mar e rio e ainda assim pedalamos cerca de 360 km sendo uns 70 km pela areia da praia.

Para 2016 já estamos discutindo o roteiro, que deverá ser Cascatas e Montanhas no R.G.Sul. Tenho um sonho de daqui 3 anos, quando estiver comemorando meus 70 anos, empreender uma viagem a Europa e comemorar pedalando de Amsterdam até Paris. Espero que consiga e que Deus me de Saúde para tanto. ADORO PEDALAR!

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