No dia 10 de Janeiro de 2015 às 05:05 eu partia para a minha 1º viagem do ano. Dom Pedrito-Rs era meu destino.
Uma manha perfeita para pedalar. As 08:55 eu cheguei na cidade. Foram 3 horas e 55 min até Dom Pedrito, que fica a 90 km de Livramento-Rs.
Foto: acervo pessoal Anderson Alves
Fui então recebido pelo motociclista Daguiomar e o ciclista Fernando. Uma tarde de muita conversa e historias para contar. As 20:00 decidi pedalar um pouquinho, então peguei a BR 293 e pedalei uns 12 km só para matar a vontade.
A noite ocorreu o jantar de confraternização do aniversário dos moto clubes Dragões da Fronteira e Cães da Estrada, e logo após a janta ocorreu a entrega de troféus.
A 00:30 fui dormir, pois as 04:30 eu teria que estar acordado para arrumar as coisas e partir rumo a Livramento. As 05:15 eu peguei a estrada novamente em seguida um lindo nascer do sol e muitas fotos. As 09:15 cheguei a Livramento, muito contente por tudo ter dado certo.
Para 2015 um projeto já esta montado e irei visitar as seguintes cidades: São Gabriel-Rs, Artigas-Uy, Bagé-Rs, Tranqueras-Uy, Dom Pedrito-Rs e Rosário do sul-Rs.
ANDERSON ALVES( BIKE AVENTURA)
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Em 2010 tive a oportunidade de conhecer um rapaz por quem me apaixonei.
No inicio parecia que seria só mais um daqueles encontros de verão, mas este foi um caso diferente. O rapaz será chamado de Didi.
Quando conheci Didi ele vivia em cima de sua bicicleta, onde íamos ele queria levar a bicicleta, com o passar do tempo descobri que ela era um ciclista. No histórico de Didi tinha pelos menos 15 anos como ciclista na pratica de BMX na adolescência, até os dias atuais na pratica diária de MTB.
O relacionamento, como qualquer outro, teve seus momentos de altos e baixos, mas a bike estava sempre presente. No inicio foi difícil administrar a rotina de treinos, viagens, e eu não entendia. Era uma linguagem nova para mim: rodas, guidom, pedais, sapatilhas, capacetes … o “Ciclês” era uma língua diferente.
Mas todas historia tem seu lado bom! Para participar das conversar e entender o assunto, comecei a ler sobre ciclismo, tipos de bicicletas, categorias, equipamentos e os benefícios de ser um ciclista etc. E o resultado foi eu começar a ter milhões de ideias de presentes para aniversários, dia dos namorados e natal.
O namoro durou quase dois anos, foi bom enquanto durou. Porém o que fazer com tanta informação e pessoas ligadas ao ciclismo?
Praticar!
Comecei com uma bicicleta emprestada de Speed que me foi gentilmente cedida por meu amigo Paulo Afonso. Posteriormente, uma mountain bike também emprestada.
Conheci mais gente, que me convidaram para fazer trilhas, onde eu conheci mais gente.
Então, mudei-me de cidade e passei a locar uma bicicleta apropriada e conheci mais ciclistas. Como as trilhas começaram ficar mais difíceis precisei de uma bike apropriada para meu tamanho e montei minha própria bicicleta.
Foto: acervo pessoal Silvana Vanessa Ramos
Passaram-se quatro anos. Hoje eu e Didi não temos mais contato, mais ele me deu algo além da saudade, o amor pela bike.
Realizar uma longa viagem de bike, transpondo os próprios limites, seja de distância ou tempo pedalando, e ainda chegar à um destino ímpar, passando por belos vales, serras e estradas às vezes desertas, às vezes lotadas… Esta é a prévia do que poderá ser encontrado nesta extraordinária opção de cicloviagem, no qual o relato à seguir tenta resumir e incentivar futuros ciclistas aventureiros.
A equipe CicloTP (Alecxander, Digão e Daniel) realizou em meados de agosto de 2011 uma belíssima viagem, saindo de Três Pontas-MG, com sentido ao litoral norte paulista, mais especificamente Ubatuba-SP. Em um percurso de 450 km, percorridos em 3 dias, realizando uma média de 150 km diários. Numa viagem estudada e planejada antecipadamente, como não poderia de ser… Oquê possibilitou que fosse plenamente cumprida, e o melhor: sem imprevistos indesejados, e com toda segurança e animação dos integrantes da equipe.
Primeiro dia de viagem: saída de Três Pontas
A viagem deu-se início em Três Pontas (sul de MG) no dia 18 de agosto de 2011, às 6:30 da manhã, quando o sol ainda raiava, mas já dava pra prever que seria um excelente dia de pedal, visto que a previsão de tempo limpo e temperatura amena se concretizava com o firmar do sol no horizonte. Pedalando sentido à Santa Rita do Sapucaí-MG, onde seria o local de repouso no fim do primeiro dia, pegamos a primeira, e talvez a única temida rodovia, devido ao trânsito e à falta de acostamento, a MG-167, em seus 26 Km que ligam Três Pontas à Varginha. Como era uma quinta-feira, de pleno movimento, optamos por um horário que analisamos ser mais tranquilo. E o planejamento funcionou, pois até a metade do caminho, onde haviam mais curvas e trechos perigosos, o movimento foi bem tranquilo, e depois, no restante, a rodovia já possuía alguns escassos acostamentos, mas já eram bem menas as curvas, o que gerou tranquilidade e o fim da ansiedade inicial da viagem.
À partir de Varginha, fomos brindados com o bom acostamento da BR-491, e rapidamente já estávamos na Fernão Dias com sentido à Pouso Alegre, onde temos que destacar: o pedal rende muito! Há pouquíssimas subidas fortes, e as longas retas, com inclinações suaves, possibilitaram que estivéssemos em Pouso Alegre às 12 horas! Isso, se não fosse 1 pneu furado e umas 3 paradas adicionais para reabastecermos as garrafinhas de água, pois o tempo estava bem seco.
Já que tínhamos adiantado bastante a viagem (já com 140 km dos 160 totais programados do primeiro dia), relaxamos no restaurante Balança II, e aproveitamos para almoçar e fazer a sesta antes de prosseguirmos para Santa Rita.
Na BR-459, a rodovia parecia um “tobogã” gigante cortando as montanhas, bem diferente da BR-381, por sorte havia muito tempo sobrando até nossa previsão de chegada em Santa Rita para as 16 horas, então diminuímos o ritmo, aproveitando para já descansar para o próximo dia. Chegando em Santa Rita do Sapucaí, cidade pequena, mas muito acolhedora e bem cuidada, fomos gentilmente recebidos no hotel previamente contatado. E depois de um primeiro dia de pedal tranquilo e de rendimento acima do esperado, foi possível relaxar bem cedo também.
O segundo dia
Para o segundo dia já esperávamos um pouco mais de dificuldade, visto que teríamos de subir a Serra da Mantiqueira no meio do caminho até o destino: Aparecida-SP. Portanto já às 8 horas estávamos prontos pra seguir sentido à Itajubá, e daí por diante tínhamos um carro de apoio nos acompanhando, o que é imprescindível para longos percursos, como era o nosso caso.
Os 40 km até Itajubá, passando por Piranguinho (capital do pé-de-moleque), segue pela mesma “estrada tobogã” citada anteriormente… E devido ao sobe-e-desce é bem cansativa… Mesmo assim rendeu bastante, aproveitamos para uma rápida parada num dos quiosques que vendem pé-de-moleque (uma delícia!), e chegando em Itajubá, tivemos que atravessar a cidade inteira para acessar a rodovia sentido Wenceslau Braz (WB). Após Itajubá acaba o acostamento, e a estrada vai se estreitando pouco-à-pouco nos 17 km até chegar em WB, onde fizemos um lanche, no único mercadinho aberto ao meio dia! Um salvador pão com salame acompanhado de uma coca-cola geladíssima! Daí por diante, foram 30 km de subida serpenteando a Serra da Mantiqueira, por uma tranquila estradinha, entre a vegetação e os ruídos das várias cachoeiras e pássaros. Vencemos com 1 hora e 15 minutos! E lá estávamos: no alto da serra, numa lanchonete de um posto de gasolina, onde nem celular pega! E depois de um breve descanso e outro lanche, demos início à descida da apelidada “Serra do Piquete”, tem torno de 20 km só de descida, hora por trechos curvilíneos e íngremes, hora por trechos mais suaves, onde se encherga a estrada ao longe com suas longas curvas. A paisagem por lá é sensassional! Com seus vários mirantes, onde se avistam a linda cadeia de montanhas da Mantiqueira, e ainda nos brinda com cachoeiras pela descida. E é lá também que se encontra a divisa dos estados MG-SP. Nesta descida é possível se atingir altas velocidades, mas é necessário muito cuidado, pois já há um movimento mais acentuado de veículos que seguem para Delfim Moreira. Fizemos até um filme, que foi editado e já está disponível aqui mesmo no blog (link).
Chegando no fim da descida da serra paramos em Piquete para aguardar o carro de apoio que vinha um pouco atrás, e logo em seguida já estávamos pedalando pelas longas retas da estrada que liga Piquete-SP até Lorena-SP (continuando pela BR-459), onde seria o início da nossa pedalada pela rodovia Presidente Dutra.
Infelizmente neste trecho também não há acostamento, e o movimento é muito intenso, tando de carros, quanto de caminhões e ônibus. Com a atenção redobrada, apertamos o passo, ou melhor, a pedalada, e rapidamente atravessamos os 17 km até Lorena-SP. Nesse ponto já eram 2:30 da tarde, paramos para abastecer de água e seguimos sentido Aparecida-SP por mais 20 km de uma Dutra de tráfego pesado, um bom acostamento, porém com longas pontes estreitas, sem acostamento, onde haviam estreitas pontes paralelas, definitivamente não planejadas para ciclistas, e que, imagino que até para pedestres não eram muito apropriadas!
Chegando em Aparecida-SP, avistamos a basílica já de longe, ainda na Dutra. A emoção era crescente, e mesmo já tendo visitado o santuário em outra viagem de bike, a sensação é diferente à cada ida! Já estávamos bem próximo, quando fomos obrigados à mais uma pausa, para mais um reparo de pneu. Com a ajuda do Daniel (que praticamente fez tudo), a bicicleta do Digão ficou pronta e seguimos por mais alguns poucos quilômetros até o hotel, onde o nosso descanso do 2º dia já havia sido reservado. No segundo dia completamos mais 150 Km pedalados. Reservamos também um tempo, para que pudéssemos seguir até o santuário e agradecer por todo o caminho já percorrido e pedir por proteção para o restante, no terceiro e último dia de pedal.
Terceiro dia: a chegada
No terceiro dia de pedal, já tendo acumulando 310 km pedalados, o ânimo de todos parecia ainda maior, pois além do fato de estarmos prestes à completar o percurso, também realizaríamos o sonho da descida pela serra do mar, um local mítico e empolgante para qualquer ciclista e admirador da natureza! Já eram 8 horas quando saímos de Aparecida, sentido Taubaté por 40 km em uma Dutra como sempre bem movimentada… Esse trecho rendeu bastante, apesar das várias pontes pelo caminho, algumas bem longas, e como dito anteriormente possuindo pontes paralelas bem estreitas, próprias para a passagem de pedestres… Passar por elas de bike exige cuidado e firmeza, pois qualquer esbarrão nas laterais estreitas pode derrubar o ciclista! E algumas destas pontes são bem altas! Na entrada de Taubaté já se encontra o trevo para São Luís do Paraitinga e Ubatuba. Fizemos uma pausa rápida para aguardar o apoio que veio logo em seguida.
Essa estrada sentido Ubatuba, a SP-125 (ou Rod. Oswaldo Cruz) é bem estilo tobogã também, com muitos altos e baixos (muitos mesmo!!), porém o asfalto é muito bom, e possui um ótimo acostamento para os ciclistas. São mais ou menos 95 km até se atingir o alto da Serra do Mar. Há muitas lanchonetes e barraquinhas pelo caminho, o que permitiu que ficássemos tranquilos quanto aos reabastecimentos de água e lanches. Esse trecho rende bem até chegar em São Luís do Paraitinga. Depois é que as fortes subidas começam a complicar. No nosso caso, foram 60 km com chuva, vento frio e nevoeiro, diga-se de passagem: situação bem comum nesse local! Devido à tudo isso, o ritmo diminuiu um pouco… Paramos apenas para colocar os trajes de frio e chuva, e foi nessa hora que vi o quanto os paralamas ajudam! A quantidade de água e sujeira que os pneus espirram (apesar de finos) é impressionante! Como somente eu estava munido deles, acabei beneficiado pelo suposto excesso de cautela, pois não havia previsão de chuva para aquele fim de semana.
Tivemos sorte ao alcançar o topo da Serra do Mar, chegando lá a chuva já havia se abrandado, tornando-se uma leve garoa, deixando somente o nevoeiro e o asfalto encharcado. Talvez por causa desta chuva o movimento de veículos na descida da serra foi bem pequeno! O nosso apoio também deu uma grande ajuda, segurando um pouco o trânsito. Apesar de que, a velocidade em que descemos de bike foi bem rápida, e acredito ter sido em certos pontos superior à dos veículos! A única lamentação foi não ter podido filmar a descida desta serra, pois minha câmera não é à prova d’água! Mas o que posso dizer é que foi sensacional! Para se ter uma idéia, Daniel, que adora a velocidade e adrenalina das fortes descidas ficou maravilhado! A forte inclinação, somada às inúmeras curvas em 180º (isso mesmo!), em meio à exuberante mata Atlântica e cachoeiras foi realmente… Sem palavras! Foi tão bom que os 8 km passaram num piscar de olhos, e já estávamos nos últimos 10 km que nos levaram até colocar os pés na areia da Praia Grande em Ubatuba!
Foto: acervo pessoal Alecxander Rabello
Comemoramos muito! Encharcados de água e areia, mas com a alma lavada pelo objetivo completo! Sem contratempos, nem imprevistos, tudo correu maravilhosamente bem! O planejamento, treinamento, paciência e principalmente o companheirismo, foram os alicerces para essa conquista! Deixando com tudo isso, a vontade de uma breve repetição desta aventura e sonhos para novos pedais!
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Como a maioria das pessoas aprendi a andar de bike muito cedo. Depois vamos crescendo e deixando esse prazer de lado.
Há 6 anos sai de SP e me mudei para Pernambuco na cidade de Jaboatão dos Guararapes, região metropolitana de Recife. Em 2012 comprei um MTB e saia com amigos pelas trilhas e praias da vizinhança.
Hoje, com 58 anos, e há 3 anos pedalando por essas terras, tenho vivido e revivido o prazer de pedalar.
No começo meu limite era 15 km. Não acreditava que tinha potencial para mais que isso em um dia, mas fui aumentado as dose aos poucos até chegar numa pequena viagem de 200 km (ida e volta) num final de semana.
Depois disso descobri que conseguiria pedalar uns 100 km por dia, e meus horizontes se ampliaram resultando numa viagem de Jaboatão-PE até Pentecoste-CE com quase 1000 km rodados em 9 dias consecutivos.
Foto: acervo pessoal José Antônio Ferrareze
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Junho, véspera de Copa do Mundo no aqui no Brasil, resolvi realizar um grande sonho meu. Uma cicloviagem.
Com uma pesquisa rápida pela internet tracei uma rota no litoral da Bahia. Me informei sobre alguns vilarejos e lugares que iria passar, pois ia pedalar 18 dias por praias quase desertas e toda informação vale ouro, ainda mais porque estaria sozinho em toda minha jornada.
Malas prontas , bike revisada e lá fui eu: voo de São Paulo a Porto Seguro e mais 7 horas de ônibus até Prado de onde iria partir em minha cicloviagem.
Depois de um dia inteiro de viagem cansativa, num ônibus com o mínimo de conforto, começava ali minha aventura. Desmontar toda bagagem, montar a bike, montar toda bagagem na mesma e arrumar um lugar para dormir, pois já era noite e estava só o pó.
Após uma noite bem dormida na casa de um morador que me cedeu um quarto para dormir, lá fui eu em sentido a praia me certificar de tudo que tinha visto pela net. Me deparei com um litoral maravilhoso com águas azuis, falésias enormes e coloridas e praias quase intocáveis.
Foto: acervo pessoal Caio Artur da Costa
Comecei a pedalar as 6 horas da manhã rumo a Cumuruxatiba, minha primeira parada. Tinha que seguir a risca a tábua de maré, pois só pedalava em maré baixa por causa das falésias. Então eu tinha +- 6 horas para chegar até Cumuruxatiba, um trecho de 80 km na areia e um trecho de estradinha de terra batida com subidas e decidas, muito cansativo mas compensador pelo visual e paz depois de pedalar a manhã toda.
Fiquei em Cumuruxatiba por 2 dias, e parti para meu próximo destino: Corumbáu. Mais uma manhã de pedalada solitária, porém, acompanhado de uma chuvinha que me ajudava a pedalar na areia, mas me deixava receoso com o tempo que cada vez fechava mais. E eu sozinho num trecho de litoral de 85 km. Mas cheguei firme e forte num vilarejo de pescadores bem simples como aqueles que a gente vê em novelas, onde passei a noite para poder seguir viagem no outro dia, em sentido a Caraíva. Um dos trechos mais longo da viagem, pois eu iria sair um pouco da minha rota para conhecer o Monte Pascoal e uma aldeia de índios Pataxó.
Fiquei em Caraíva 5 dias. Um vilarejo cravado a beira do Atlântico e margeado pelo rio Caraíva. Um lugar maravilhoso que num dava vontade de ir embora. Mas tinha que seguir viagem, pois tinha que ir para Trancoso. Pelo que tinha pesquisado, era o trecho mais difícil da viagem: 57km de areia fofa que não dava nem pra pensar em pedalar, ainda mais com 43 kg de bagagem na bike. Só empurrando a manhã toda.
Daqui pra frente os dias de pedaladas solitárias acabaram. Cheguei a civilização. Passei 4 dias em Trancoso e fui para Arraial d’Ajuda e depois Porto Seguro. Lá eu me hospedei e deixei minhas bagagens para fazer o resto do percurso: Coroa Vermelha, Santa Cruz de Cabrália e Santo André, onde fui ao Hotel no qual a seleção alemã estava hospedada para a Copa do Mundo.
Uma viagem maravilhosa que jamais vou esquecer todos lugares, pessoas, medos, desafios, e experiências que foram únicas e inesquecível em minha vida!
[Nota do blog:] se você vai pedalar pelas cidades desse roteiro, pode consultar campings, pousadas e hoteis nos links abaixo:
ATACAMA E ESTRADA DE LÁ MUERTE – UM SONHO DE LIBERDADE!
Lá estava eu, onde o azul do céu era mais bonito, admirando a Cordilheira dos Andes ao meu redor, apesar de todos os alertas desesperados da minha família e dos meus amigos de não ir ao Chile por causa do H1N1… Mas não, em meados de 1998, lá estava eu, no cume de uma montanha filosofando sobre os tons alaranjados do Atacama! Até que avistei um grupo de viajantes de bike cruzando o horizonte, se perdendo em sinuosas curvas que levavam ao infinito das montanhas…
Naquele momento descobri que não tinha a liberdade que queria, meus pés não conseguiriam me levar até aquele infinito desconhecido! Entristeci, pois não sabia pedalar… Sim, um velho com mais de trinta anos que nunca se interessou em se equilibrar em duas rodas! Voltei com aquela frustração para São Paulo, um pensamento ficava martelando em minha mente: “Vou aprender a pedalar e voltar ao Atacama!”, estava decidido…
Aprendendo a andar de bike
Comecei a tentar me equilibrar na pequena e velha bicicleta da minha irmã, mas não era fácil, subia na bike e caia, repetia inúmeras vezes, quase duas horas de insistência e nada! Não passava de cinco centímetros… Saía esgotado, suado, desanimado! Mas quando o sol nascia meu ânimo revigorava, então seguia pra casa da minha irmã…
Depois de uma semana decepcionante, eu já não me achava um cara tão persistente assim, mas quando me imaginava pedalando livre, imerso na imensidão azul do céu do deserto, criava forças e continuava tentando, minha irmã até que ajudava, ia segurado no banquinho, era meio constrangedor, todos que passavam olhavam, alguns indignados, outros me desanimavam diziam “Não conseguiu aprender quando criança, agora vai ser difícil!”. Já uns velhinhos tentavam me incentivar: “Rapaz não olhe pras rodas, olhe pra frente!” Minha irmã cansou, eu também e nada, não seria naquele dia que eu sairia pedalando… Mais uma semana de esforços em vão, já estava começando a duvidar das minhas capacidades, mas parecia ser tão fácil, por que eu não conseguia me equilibrar?! Que droga! Fiquei irritado…
Se passaram três dias e eu nem fui tentar, já não acreditava mais, minha irmã insistiu que eu continuasse, que era assim mesmo, que demorava pra aprender… Mais dois dias tentando e nada! Mas minha irmã gritou “Marcelo, está pedalando!” como assim, tentei olhar pra trás meio desequilibrado e não vi minha irmã segurando a bicicleta, estava pedalando, “Viva!” e a bicicleta pegando velocidade, “como que se para esse troço, ahhhhhhhhhhh!” foi também o dia que levei o primeiro super tombo… Agora tinha que descobrir onde ficava o breque!
E foi assim mais uma semana, empolgado, aprendendo a fazer curvas, conseguindo dar a volta no quarteirão… Agora precisava comprar uma bike! Puxa, a nova, tinha dezoito marchas, e, o meu carro velho só ia até a quinta… É… Ainda tenho muito que aprender, até voltar ao Atacama! O novo desafio era o meu condicionamento, não ia conseguir chegar à primeira curva das montanhas dos Andes.
Tracei um circuito pelo meu bairro aonde iria me condicionar, comecei pedalando dez quilômetros, depois aumentei pra vinte, e encontrei uma ladeira enorme em minha frente… Só de olhar a subida eu já caia da bicicleta. Pedalava dia sim e dia não, mas quando chegava à subida não tinha folego, nunca conseguia, mas eu não ia desistir, não agora… Aumentava as distâncias, mas quando chegava a tal subida do Cabuçu, as pernas tremiam, a pressão caia e o velho aqui não conseguia…
Foi um mês de esforços e subia até a metade da ladeira… A chamava de ‘montanha mágica’. Se eu passasse por ela, eu conseguiria transpor qualquer uma nos Andes! Assim segui por mais um mês, trocando as marchas, com os joelhos doendo, bebendo água, cada dia que tentava, mais um pedacinho da montanha eu subia.
Até que num domingo chuvoso, com todas as forças que tinha consegui transpor a montanha mágica. Larguei a bike na rua e pulei que nem uma criança, emocionado por minha façanha. Eu sou assim, me emociono com qualquer coisa. Feliz, agora eu sabia o porquê ela era mágica, porque ela transformava crianças em homens fortes…
Pedalando na Estrada de la Muerte – Bolívia
Não havia passado nem um ano do meu aprendizado e lá estava eu na Bolívia para meu batizado em montanhas… Estava em La Paz acertando os detalhes em uma agência de turismo para descer a Estrada de La Muerte de bike. Se era pra começar, que seja em alto estilo… E se eu sobrevivesse descendo de bike a estrada mais perigosa do mundo, estaria pronto para ser livre no Chile!
A composição química desta jornada pela Bolívia é perfeita para um roteiro trágico num filme de terror: péssimos motoristas, carros velhos sem manutenção, pista molhada, neblinas, deslizamento de terra, estrada extremamente sinuosa e alta velocidade… Tudo colaborou para que ganhasse fama mundial, passou a ser chamada de “The Death Road”! Vários documentários sobre a estrada macabra foram produzidos, várias cenas chocantes no youtube podem ser vistas, e, por tantas e outras cositas que a Carreteira 3 é considerada simplesmente: A mais perigosa da América Latina!
É só por este simples motivo que estávamos ansiosos naquela noite chuvosa, por coisa pouca é claro, apenas uma voltinha de bike pela Bolívia nos aguardava do dia seguinte! À noite foi longa, e a chuva não deu trégua,. Tenso, no dia seguinte me reuni na agência com os demais gringos para a aventura, cerca de umas vinte pessoas. O café foi farto, do tipo: morram de barriga cheia pelo menos. Depois do café tivemos que assinar um termo de responsabilidade, do tipo: A agência não se responsabiliza por sua insanidade de querer descer a rota da morte, assuma os ricos…
Na sequência o guia começou a entregar o capacete e as vestimentas da aventura. Era quando batia a angustia, o coração acelerava, suava frio, os minutos se tornaram modorrentos, quase nenhum dos turistas falava, alguns sorriam pra disfarçar a tensão, um silêncio sufocante. Queria logo subir na bike e soltar toda a adrenalina acumulada, gritar, mas não, estávamos na eternidade no tic-tac… Tínhamos que aguardar as vans chegarem! Essa tensão durou por longa uma hora… Quando vi a magrela amarelona encima da van e aquela chuva em La Paz me deu um frio no estômago, um medoooo…
Com aquele uniforme de ciclista maluco subi na van, o trajeto não foi dos mais agradáveis, ao som do heavy metal boliviano “Alcoholika I am Bolívia” subíamos o morro. A capital da Bolívia não acabava, subíamos, subíamos, subíamos, passamos por uma hidrelétrica e a paisagem finalmente começou a mudar, tudo branco ao redor: montanhas, nuvens! Ora geava, ora chovia, os gringos tiravam fotos da paisagem fascinante, estávamos a mais de cinco mil metros de altitude, até que chegamos num posto policial. Ali ficamos cerca de meia hora, só pra aumentar a ansiedade, devia ter trazido o chocolate! Queria descer e seguir de bike, gritar, gritar, mas não, ainda tínhamos que cruzar as montanhas, descer La Cumbre até os 4700 e ai sim começar o Down Hill.
Quando vi a descida sinuosa e as montanhas nevadas dos Andes, perdi todo medo existente, queria descer logo, pedalar e curtir o local… Lá onde o ar é rarefeito fazia muito frio e foi lá que finalmente pude testar minha bike: o freio traseiro não funcionava, que maravilha! O guia me ajudou a regulá-lo! Cotoveleiras e joelheiras colocadas, tudo pronto pra começar a descida.
Nos primeiros quilômetros de La Ruta de La Muerte, de asfalto, a adrenalina corria nas veias, a velocidade variava entre os 40 a 60 kms por hora, o vento cortante é de trincar, as mãos chegam a doer mesmo com as luvas, e dói muito mesmo devido as baixas temperaturas! A cada curva fechada, a adrenalina vai às alturas e pra trás fica o cheiro de freio queimado. E quando dava pra fugir o olhar do foco, a paisagem se torna deslumbrante, as montanhas nevadas são monstros esculpidos pela natureza…
Os carros passam do lado buzinando sem parar, nada de se apavorar, é neste primeiro momento que vamos conhecendo a magrela e se acostumando com ela. Quando a chuva cai não enxergamos quase nada, o respingo que vem da roda dianteira cai direto nos olhos, pra dificultar a aventura é claro, mas agora nada mais importava! Em cima da bike, tudo passava mais rápido: a estrada, o pensamento, as horas, os kms…
Rapidamente chegamos a Unduavi. Nem parece que pedalamos cerca de duas horas, momento para descansar um pouco. Recebemos água, coca cola, banana, barras de chocolate e lanchinhos com patê de atum. Respirei fundo, um pouco aliviado de ter realizado a primeira etapa da aventura… Todos sobem novamente na van, são oito quilômetros de subida em meio a uma neblina constante, até entrarmos na antiga estrada da morte, esta, de terra e pedra, poucos carros e uma ribanceira enorme do lado esquerdo pra fazer o mais dos valentões cagar nas calças!
De volta sobre as duas rodas, voltamos a descer, a dificuldade aumenta, todas as forças do seu corpo vão para os braços devido à constante trepidação ocasionada pela estrada irregular, nas curvas tem que se tomar mais cuidado para não derrapar e ir parar no fundo do abismo, as pedras soltas são o maior perigo para se perder o controle da bike e acontecer um acidente inoportuno, então com atenção redobrada seguimos o Down Hill.
A paisagem muda drasticamente: agora montanhas verdes, cachoeiras que cortam a trilha, alguns dos gringos vão escorregando e se ralando pelo caminho, as bikes não vão resistindo e abrem o bico no meio do percurso. A minha já estava quase sem freio. Atravessamos dois rios durante o percurso, era no embalo que os cruzávamos. O clima foi mudando, para úmido e caliente, e, nem eu escapei de uma queda. Uma pedra travou minha correia, quando estava em alta velocidade, só tive uma saída para não me estourar: saltei da bike, quando perdi o controle e a roda traseira travou… Aiiiiii! Pra descer a Death Road também é preciso ter um pouco de sorte. Não sofri nenhum arranhão, levantei rapidamente, e segui, pois há uma máxima no esporte: Cair e levantar faz parte da arte de pedalar! Ainda mais pra quem aprendeu a pedalar a cerca de um ano…
Nos últimos quilômetros, agora sem pedra, com terra batida, a estrada se tornou mais plana, senti um alívio, aqui tinha mais controle da amarela, foi o momento que mais me diverti durante o Down Hill. Já batia aquela sensação de dever comprido, cada ciclista fazia o percurso no seu ritmo, agora eu seguia num ritmo de satisfação, atravessava por dentro de cachoeiras que caiam literalmente dos céus.
Estávamos chegando aos 1700 metros de altitude, os moradores do pequeno vilarejo de Coroico nos aguardavam. Foi uma saudação e tanto: Água na cara! Eu estava feliz, muito feliz por poder ter chegado até ali, sem freio traseiro e quase nada no dianteiro, com os músculos da mão direita estourados e com uma gigantesca vontade de fazer tudo de novo! Chegando a Coroico, descobri o porquê do repelente… Pernilongos malditos parem de me picar!
É… Tinha sobrevivido ao teste e agora estava pronto para realizar meu objetivo maior “pedalar livre pelo deserto alaranjado do Atacama!”…
Pedalando no Deserto do Atacama
Agosto de 2014, seis anos depois estava lá de novo, vendo a lua onde o céu é mais bonito, acampado no deserto com uma bike alugada, só o silêncio me separava das estrelas… Naquela noite não consegui dormir, e após a alvorada tomando o café, emocionado chorava olhando pra Bike.
Foto: acervo pessoal Marcelo Nogal Costa
Pensava “Quem no mundo entende de liberdade”, subi na Bike e vi a Cordilheira imponente, e lá bem distante onde o azul é mais azul estava a curva que levava ao infinito… E agora eu podia chegar até lá… Comecei a pedalar naquela direção que tanto sonhei, depois da curva o mundo até podia parar que eu não ia ligar… Um cachorro preto começou a me acompanhar naquela jornada, o nomeei como ‘sombra da felicidade’, seguimos juntos desbotando aquela paisagem alaranjada do deserto como ventos furiosos até a curva dos sonhos…
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