Até Onde VOCÊ Foi: coletânea de pequenas histórias nº 2

O projeto Até Onde VOCÊ Foi recebe histórias de todos os tipos e tamanhos, inclusive algumas bem pequenas, mas ainda assim, muito legais. Pensando nisso, resolvemos agrupar algumas pequenas histórias em textos coletivos, para que a leitura fique mais interessante. Confira abaixo 4 histórias

01 – 40 anos pedalando – por Luiz Carlos

Pedalar muitas vezes é visto como uma aventura de final de semana ou de um amigo que sai por grandes distâncias passando de cidade em cidade, o que não foi o meu caso. Eu tenho a bike para o dia a dia e isso já há 40 anos, ficou mais significativo quando entrei para a PM e não me adaptei a moto ou carro, e por isso estou pedalando por 25 anos na capital, tanto para ir ao serviço, como lazer, e para fazer minhas compras, com toda alegria do mundo. E ser sustentável paga se um preço alto num pais de consumismo, pois existe a ideia de que quem pedala são pessoas pobres sem condições de comprar carro ou moto. Precisamos de mais ciclovias e bicicletários para guardar as bikes no centro, pois em muitos estacionamentos não há interesse  de aceitar a bike lá. Mesmo assim sou feliz em cima de uma bike.

Foto: acervo pessoal Luiz Carlos
Foto: acervo pessoal Luiz Carlos

02 – Aprendendo a andar de bike depois de adulto – por Josenildo Pereira

Aprender andar de bike, esse era meu sonho. Só consegui aprender aos 46 anos em uma empresa que trabalhei, que era uma termoelétrica. Trabalhei em um setor que de uma em uma hora tinha que ver o nível de óleo. O problema era chegar lá, mas a empresa disponibilizava bikes para isso mesmo. Certa hora chegou a minha vez de ver o nível de óleo, e lá vou eu a pé. Aí o colega perguntou: “por que você não vai de bike?”. Eu respondi que preferia ir a pé, e o colega matou logo a charada. “Você não sabe andar de bike não é?”. Aí não tinha como negar. E ele resolveu me ensinar naquela hora mesmo. Montei na bike ai ele disse: “olha pra frente não olha pro pneu”.

Dai em diante não parei mais. Agora outro sonho é comprar uma aro 29, porque a minha e uma aro 26 muito pequena pra mim, pois tenho 1,96.

Foto: acervo pessoal Josenildo Pereira
Foto: acervo pessoal Josenildo Pereira

03 – De Ribeirão a Aparecida – Por Adalgiso Alves

Até agora o lugar mais longe de Ribeirão a Aparecida, 467 Km

Foto: acervo pessoal Adalgiso Alves
Foto: acervo pessoal Adalgiso Alves

04 – Pedalando em torno do Distrito Federal – Por João Anselmo Ferreira

Eu Anselmo e um amigo o Alison fizemos uma viagem de bike, a volta do entorno do Distrito Federal: 797km em 05 dias passando por 14 cidades goianas em torno do DF.  Foi uma aventuras inesquecível, sol, chuva, frio, raiva, piadas e muito mais, mas sempre juntos.

Foto: acervo pessoal João Anselmo Ferreira
Foto: acervo pessoal João Anselmo Ferreira

Cicloturismo: de Balneário Camboriú (SC) a Porto Alegre (RS)

Por César Augusto Sant’anna

1982 – Pedalando de Balneário Camboriú a Porto Alegre (aventura)

Eu, Cesar Augusto Sant’Anna(gaúcho), aos 15 anos, já estava numa fase de fazer aventuras em praias vizinhas a Balneário Camboriú/SC (onde parte da família morava). Então dessa vez me despertou mais uma brilhante ideia: foi a de ir de Balneário Camboriú /SC a Porto Alegre/RS pedalando de bicicleta…

Estava procurando “algo mais”, além de ficar pedalando somente ali até as praias vizinhas, em Balneário Camboriú. Para mim, o principal agora era querer experimentar a sensação de estar me aventurando “um pouco” mais longe de casa… Aproveitei que tínhamos um apartamento em Porto Alegre e, com meus dois irmãos morando lá, além de outros parentes e decidi ser nessa direção que eu iria. Comecei logo a me concentrar por alguns dias e a estudar detalhadamente nos mapas como faria essa aventura…

Uma bicicleta Monark de 10 marchas eu já tinha, uma barraca para duas pessoas também, mochila grande também e o dinheiro básico também; quanto à disposição e o espírito aventureiro, estes estavam sobrando…

Esperei dar uma época de tempo seco e mesmo sem ter bagageiro na bicicleta dei a minha “louca”, mas confiante partida carregando tudo nas costas (acho que não é nem preciso dizer o que uma mãe pensa de um filho numa hora dessas)…

Resolvi então fazer em duas etapas, a primeira foi de um dia: Balneário Camboriú/Florianópolis (81 km), onde eu dormi no centro, no apartamento do meu amigo; já no outro dia, resolvi começar a segunda etapa: 476 km- Florianópolis/SC a Porto Alegre/RS…

A cada dia que passava, após pedalar(se possível em acostamento e sem pressa), eu armava a barraca num dos matos fechados na beira da estrada e descansava; deu uma média de 95 km por dia, ou seja, durou mais cinco dias e, graças a Deus, sem chuva alguma…

Uma das melhores sensações foi a do último dia, ao sair da BR-101 e entrar pedalando na estrada “Freeway”, que liga o litoral a Porto Alegre. Eu agora já podia sentir a emoção aumentar a cada km, principalmente quando foi possível avistar ao longe os enormes prédios de Porto Alegre; eles foram se aproximando, aproximando, aproximando… Até que cheguei na bendita cidade desejada e, logo a seguir, no nosso apartamento maravilhosamente bem. Foi uma “louca”, mas bela aventura e bela vitória concluída, após 557 km em 6 dias…

Balneário Camboriú
Balneário Camboriú. Foto: acervo pessoal Cesar Augusto Sant’anna

Cicloturismo: do Chuí (RS) a Montevideo (URU)

Por Diego Kwecko Lima

DIEGO KWECKO – CICLOTURISMO – CHUÍ/ RS – MONTEVIDEO/ URU

Meu colega de curso técnico, Guilherme Bica, e eu, Diego Kwecko Lima já havíamos pedalado no ano anterior (2013) de Porto Alegre/RS ao forte Sta Tereza/URU e dessa vez decidimos cortar as estradas esburacadas e violentas do Brasil e somente aproveitar as rodovias do amistoso povo uruguaio.

No dia 10 de fevereiro de 2014, embarcamos com duas bicicletas e 15kg de equipamentos e alimentos para a cidade do Chuí/ RS. A título de informação, pagamos R$ 40,00 para levar as bicicletas no bagageiro do ônibus e é necessária a retirada da roda dianteira da bike. Chegamos ao anoitecer no Chuí e decidimos dormir em um posto de combustível e começar nossa trip pela manhã. Mais uma dica: no Chuí vale a pena comprar um chip de celular uruguaio e utilizar a internet durante a viagem (http://macblogger.com.br/como-usar-seu-iphone-no-uruguai).

1º dia – do Chuí a Punta del Diablo (57km) pela Rota 9.

Almoçamos em La Coronilla em frente a uma construção abandonada a beira mar. No caminho, paramos no forte Sta. Tereza para um banho de chuveiro quente free, pois sabíamos que seria uma raridade durante a viagem. Chegamos a Punta del Diablo pouco antes do entardecer e perguntamos a alguns policiais onde podíamos dormir e, para nossa surpresa, disseram que em qualquer lugar que coubesse nossa barraca. A cidade é pequena, mas tem muitos bares e restaurantes bons.

2º dia – Punta del Diablo a Valizas (62km)

Na região da Castijos, saímos da Rota 9 e pegamos a Rota 16 que passa pelo litoral. Almoçamos em uma ótima pizzaria em La Esmeralda, que é uma praia bem pequenina e estava sendo loteada ainda, portanto tinha muito poucas construções. Em Valizas, dormimos em um camping, más como chegamos muito tarde e saímos muito cedo ninguém cobrou nada pela noite.

3º dia – Valizas a La Paloma (52km)

No caminho paramos e visitamos o Cabo Polônio, passeio muito bom, recomendo. Almoçamos ao pé do farol. La Paloma é uma cidade grande e tem tudo que possa fazer falta para o resto da viajem. Dormimos na beira da praia, com as barracas protegidas do vento pela flora local.

4º dia – La Paloma a José Inácio (48km)

Decidimos seguir pela beira da praia, péssima ideia, acabamos tendo de atravessar uma linha de dunas para pegar a estrada até a barra da laguna de rocha (10km de La Paloma). Outro erro, achamos que conseguiríamos passar pela barra com as bikes. Estava muito profunda pelo excesso de chuvas naquele período. Acabamos pagando R$20,00 para um pescador nos atravessar de barco.
Para atravessar a laguna de Garzon há uma balsa gratuita, pelo menos para ciclistas. Chegamos a José Inácio e, após conhecer a cidade, dormimos na beira da estrada próximo à entrada da mesma.

Chuí a Montevideo
Foto: acervo pessoal Diego Kwecko Lima

5º dia – José Inácio a Piriápolis (77km)

Há várias barracas de frutas e verduras na beira da estrada, vale a pena aproveitar e comprar algumas frutas. Almoçamos em Punta del Leste e visitamos o porto e o monumento clássico dos dedos gigantes. Pegamos a Rota 10 e paramos em Punta Ballena, vale a pena a subida, e que subida, até o mirante e a Casa Pueblo. Saímos da Rota 10 na estrada Américas unidas para continuar pelo litoral. Dormimos em Punta Colorada, pouco ante da cidade em si de Piriápolis, em uma das entradas da praia tinha espaço para as barracas. E Jantamos uma pizza uruguaia muito boa e barata de um mercado, que fica na calle central do mesmo balneário.

6º dia – Piriapolis a Montevideo (93km)

Paramos na praia de Atlântida para um descanso. Chegamos a noite em Montevideo. Procuramos direto o Willy Fogg Hostel (http://www.willyfogghostel.com) e um banho quente, e cama macia!

Dois dias de turismo em Montevideo:
Almoço no mercado do porto
Museu do acidente de avião nos andes
Estátuas, Praças, Monumentos…
…e se tiverem $$$ lojas de peça de bike. (nós só visitamos mesmo)

Para duas pessoas, 3 diárias saíram menos de 100 doletas (sim, aceitam dólares, mas não reais).

Voltamos de ônibus para Porto Alegre e, por mais incrível que pareça, a passagem de Montevideo – Chuy para duas pessoas e duas bikes custou menos que a passagem de uma pessoa sem bike do Chuí a Porto Alegre.

Feito. Alguns dados por cima: 8 dias, 410km, 20 praias, 4 banhos, 50 litros de Pilsen, muitas amizades, algumas inimizades e uma parrija animal.

Mais algumas dicas:
Só bebam água potável e levem balas de goma.
Carregamos o celular sempre que tinha uma tomada a disposição.
Filtro solar é indispensável!

Fotos da trip: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.493926460711243.1073741830.100002816808650&type=1&l=14042d6d2b

Dicas de Hospedagem nesse Roteiro

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Cicloturismo – pedalando pelo Brasil e pelo mundo

Por Rodolfo Galassi

Bom, meu nome é Rodolfo, no dia 08 de fevereiro de 1995 meu pai me botou para fora de casa. Eu tinha 12 anos de idade quando decidi roubar a bicicleta do meu irmão e ir atrás da minha mãe em Vitória – ES, percorrendo de SP para Vitoria mais de mil quilômetros sozinho.

Quando eu cheguei em vitória depois de 4 meses (porque eu era uma criança e não sabia o caminho)… não vou contar os detalhes se não vai ficar grande a história. Mas a minha mãe não me recebeu na sua casa e eu decidi sumir.

Então fui para Bahia e fiquei pedalando pelo Brasil. Percorri bastante até que um rapaz da Globo resolver fazer a primeira matéria. Depois que saí na tv as coisas melhoraram, mas não consegui nada com isso.

Hoje já percorri 32 países e dei dez voltas no Brasil, totalizando 293 mil quilômetros. Ao longo do caminho fui roubado, perdi algumas coisas e hoje moro em Francisco Morato – SP. Moro de aluguel e meu sonho é conquistar a casa própria, pois nessas andanças tive dois filhos em Fortaleza que praticamente não conheço, mas um dia quero ajudá-los.

Cicloturismo Salar de Uyuni – Bolívia

Por Joel de Oliveira Rios Neto

Cicloturismo Salar de Uyuni – Bolívia (2012)

Férias perfeitas, pedalar sobre o maior “mar de sal” do mundo e escalar um vulcão, estar neste território pouco conhecido por Brasileiros, mas muito conhecido por europeus e outros latinos americanos e, o melhor disso tudo: sobre uma bicicleta.

Alguns meses atrás conheci um grupo de ciclistas: Tunari Clube Montanha, pessoas maravilhosas, apaixonados por uma bicicleta e o prazer de compartir da natureza sobre duas rodas, sempre incentivando um ao outro nas buscas de realizações pessoais, pessoas que trocam conhecimento, afim de se realizar pessoalmente. Dentre estas, quero aqui relatar uma pessoa com uma larga experiência de vida, digo isso em função da sua idade, da sua paixão pelo ciclismo, da forma como ver o mundo: Jorge Cordeiro, 68 anos, 1.60m, nascido em La Paz, um atleta digno que tem sua bicicleta como instrumento para vida. Ele que teria um sonho em pedalar sobre o Salar, na oportunidade conheceu um “louco” pelo ciclismo, juntamos nossas vontades e planejamos este passeio maravilhoso que vocês leitores irão transcender abaixo.

Com ajuda de uma revista de turismo que hoje em dia não mais se publica realizamos nosso roteiro “La Ruta Intersalar”“, onde atrativos turísticos como: Huari – Quillacas – Salinas de Garci Mendoza – Jirira – Ilha Incahuasi (mal chamada de Ilha do Pescado), a partir deste leitura, Jorge Cordeiro planejou seu sonho em pedalar neste roteiro, chegou o dia e na data 15/07/2012 em minhas férias, resolvemos encarar o grande branco (Salar de Uyuni).

A convite dele uma decisão tomada, tive a oportunidade de conhecer lugares maravilhosos, cultura, clima e alimentação o qual nunca pensei passar/provar. Então decisão tomada, iniciamos nossa aventura por 04 dias:

Dia 01: Viajar de ônibus e trem.

Dia 02: Visita ao cemitério de trem em Colchani, pedalar de Colchani até a Ilha de Incahuasi, em seguida ao povoado de Caqueza.

Dia 03: Subir até o topo do Vulcão Tunupa (5.300m).

Dia 04: Pedalar de Coqueza a Salinas de Garci Mendonza, em seguida tomar um ônibus para retornar a Cochabamba.

Através do conhecimento de Jorge Cordeiro, tivemos a oportunidade de conhecer a empresa de turismo: Lost City, a dona, sua amiga Suzam, que nos ofertou um guia (Sr. José) em um auto para nos acompanhar em todo Salar.

Relato do que passou nestes dias de aventura:

Cicloturismo Salar de Uyuni – Dia 01

Eu e Jorge Cordeiro, pedalamos de Tiquipaya, Cochabamba até o terminal de ônibus para viajar a Oururo, saímos as 8:00h, chegamos as 12:00h. Teriamos tempo até as 19:00h para o embarque do trem, na oportunidade Jorge Cordeiro, me mostrou grande parte da cidade pedalando até a praça principal e ruas das cidades, um convite para o almoço um excelente carneiro ao vinho, que delicia de prato; tempo tínhamos de sobra, fomos conhecer a igreja de Socavón (principal da cidade), em anexo conheci a mina e o museu mineralógico que atravessa grande parte da cidade, em seguida fomos a feira comprar alguns materiais (lanterna, mascara e uma bússola, pois não tínhamos GPS) e fomos para a estação de trem.

Cicloturismo Salar de Uyuni – Dia 02

Chegamos ao Uyuni de trem as 2:30 da manhã com um frio de -22°C, quando coloquei os pés fora do trem, parecia que “Sub-Zero – Mortal Kombat” teria atirado em mim, uma sensação que arrepiou tudo, olhei ao longo do trem todas as janelas tinham uma camada de gelo, muito impressionante, fomos então buscar as bicicletas no último vagão e, todas as duas estavam congeladas (cabo de aço, amortecedor…). Seguimos para o hotel, tentei tomar um banho mais quente possível, mas nada adiantou com esta temperatura, conseguir dormi as 3:40h para acordar 6:20h e seguir rumo, sobre 4 cobertores conseguir deitar e o mais impressionante é que acordei com um apenas, os demais estavam no chão, acho que sentir calor. Acordei fui olhar as bicicletas que “dormiram” do lado de fora, meu vaso de água estava congelado, a corrente que usei para prender as bicicletas, estavam congelados, tudo estava congelado, no termômetro marcava -20°C, sorte nossa que o dono do hotel nos deu água quente para beber e também descongelar as bicicletas. Saímos para tomar café, andando em passos curtos em função do frio, outra coisa me chamou atenção, quando pedimos café este veio super quente, mas em 2 minutos estavam frio.

Em seguida, uma volta pelo povoado de Uyuni, conhecer a igreja, algumas fotos e seguimos para agência de turismo para buscar orientação das pedaladas, fomos avisados que seria impossível pedalar 140 km/dia, em função do tempo, muita atenciosa e educada a senhor Suzam, nos ofertou um carro com alimentação, para nos acompanhar, pelo Salar (cemitério de trem, Colchani, Ilha de Incahusi e Caqueza) onde o auto iria retornar para Uyuni.

Iniciando nosso passeio, fomos ao Cemitério de Trem, passamos por Colchani onde fizemos alguns registros em fotos, assim iniciamos nossa pedalada para a Ilha de Incahusi.

Nossa primeira meta partindo de Colchani as 10:30h era pedalar 12 km até o hotel de Sal, fácil? No inicio para mim, não foi em função da altitude (3700m), % do ar (12) e temperatura (0°C), ótimas condições para um nordestino. Pedalamos com uma média de 23km/h, seguindo pelas marcas dos carros, passando por buracos pequenos mas fundos (30 a 60cm) de profundiade, cheios de água, onde poderíamos tropeçar de bicicleta. Pedalávamos, curtindo a brisa e a paisagem, no meio do nada estávamos como um navio perdido no mar.

Cicloturismo Salar de Uyuni
Foto: acervo pessoal Joel de Oliveira Rios

Chegamos ao hotel, a sua frente a praça das bandeiras, fotos, descanso, fomos orientados a fazer uma pequena pausa para o almoço em função da próxima parada, que seria nas próximas 4h pedalando, nosso cardápio: Quínua, carne de Lhama, tomate, pepino e tangerina, devorei tudo que podia (risos). Seguimos pedalando pelas próximas 4h, paisagens deslumbrantes, um branco infinito e, fomos mais uma vez alertado pelo motorista que não teríamos como ir pedalando mais, pois nossa aventura tinha muito a acontecer e já era 16h, colocamos a bicicleta sobre o carro, fomos visitar a Ilha de Incahusi – lugar maravilhoso, referência central do Salar, encontrei lá Cactus (lembrando o mandacaru do nordeste) de até 10m de altura, por curiosidade, estes crescem 1cm ao ano; uma volta completa por toda ilha e queríamos seguir para o vulcão, onde iríamos ficar hospedado em um pequeno povoado, mas antes o segundo tempo do almoço, eu: “devorei” o que tinha sobrado. Tudo pronto, entramos no carro, seguimos ao Tunupa, meus olhos brilhavam cada vez mais que me aproximava do vulcão, nunca tinha visto nada igual antes, para mim tudo era: primeira vez. São 30km da Ilha até Coqueza (Tunupa), paramos um momento para fotos, registros importantes e, chegamos ao tão esperado. Acomodamos-nos no pequeno alojamento, saímos para aproveitar o resto da tarde e, um fenômeno da natureza o qual desconheço, me chama a atenção. O sol vai se pondo e ao seu lado oposto ao leste um triângulo começa a se formar no céu, mais alguns minutos um segundo triângulo é formado, como se fosse duas pirâmides encontrando-se no seu ápice, cores entre azul e rosa se trocam, para surgir a noite, espetáculo. Voltamos ao alojamento, onde o café da noite é acompanhado de sopa de verdura, frango assado e batata com arroz, em seguida dormi as 20:30h.

Cicloturismo Salar de Uyuni – Dia 03

O dia começa as 6:00h, um café da manhã com marmelada, entre outros; nos preparamos para um outro grande momento, escalar o vulcão, temperatura: -1°C, saímos para a praça principal de Caqueza, buscamos orientação no posto (guia), somos informados que a subida é dividida em 12 pontos (miradores), acolhemos e seguimos, até o primeiro mirador são 50 minutos subindo, com altitude de 3.957m, alguns turistas e uma curiosidade nossa, encontramos turista do Japão, com máquinas profissionais, acreditávamos ser estudantes/jornalistas ou científicos, mas nada disso – questionamos eles, eram apenas turistas registrando belas paisagens, uma pequena socialização, uma amizade se forma com eles e, seguimos a visitas as Múmias Andinas de 1200 anos, são 7 ossadas, incluindo 2 crianças.

Seguimos nossa aventura, acompanhado por nossos companheiros japoneses até o quarto mirador, registros com fotos para lembranças, eles nos deixam: voltam, pois tem outros compromissos e, seguimos subindo a nossa meta; durante o caminho encontramos llamas e Vizcachas (família do coelho), ambos fotogênicos. Olhando adiante, o topo do vulcão, somos cada vez mais surpreendidos com a bela paisagem do alto, e, também as variações de cores da montanha (laranja, verde escuro, preto, cinza), nossa escalada tem momentos no qual devemos subir em quatro apoios, pois é impossível caminhar na posição bípede, chegamos a um ponto no qual imaginávamos ser o topo, mas ainda estávamos no mirador nove, tínhamos um longo caminho pela frente com muita inclinação, uma pequena reunião com Jorge e, resolvemos mudar nosso roteiro, conseguimos avistar um caminho; fomos até ele, poderíamos enfim andar normalmente, mas com passos de até 20cm, nada mais. Assim seguíamos, subindo 20m em 7 minutos, descansando 5 minutos, sofrido, mas glorioso, porque não perdíamos de vista nossa meta.

Estávamos nos hidratando com água e coca-cola, nos alimentado de pão com marmelada, estes estavam no limite, até que ao chegarmos ao mirador dez, tudo se esgotou. Estávamos perto da meta após 5:30h de subida, porém um pouco tarde, próximo das 14h, pensávamos na descida e o que comer. Mas enfim, chegamos a nossa meta, após esse tempo de 5:45h, em vista um penhasco bonito, cheio de neve, estávamos no vulcão (Tunupa), infelizmente não pudemos chegar ao mirador doze, mas nos encontramos entre o dez e onze em função do tempo e falta de material especifico para escalar; mas uma satisfação a qual não sei descrever aqui, apenas estando lá para ver 100% do salar, o grande branco, belas vistas, cores incríveis, emoções a parte, registros feitos com fotos e vídeos, temos agora que planejar a descida, sorte nossa termos encontrado gelo para colocar em nossos vasos de água. Para registro aqui, não estava fazendo frio neste momento, temperatura de 10ºC, com pouco vento, dava até para montar uma rede e jogar vôlei.

Começamos nossa descida de 3h até o alojamento, difícil e um pouco cansativo este momento, mas gratificante pelas paisagens.

No final, cansados após um total de 9h com subida e descida, fomos outra vez admirar o fenômeno “triangular” que aparecia no céu. Tomamos café, dormimos e pensávamos na pedalada de 40 km até Salinas.

Cicloturismo Salar de Uyuni – Dia 04

As 7:30h saímos de bicicleta rumo a Salinas de Garci Mendonza, um povoado economicamente muito importante na produção de Quínua, fundado por espanhóis no ano de 1498 – época colônia para ali, explorar metais. Uma data que me chama a atenção em relação descobrimento do Brasil pelos portugueses no ano de 1500, sempre tive essa dúvida em mente, será mesmo um descobrimento?

Essa viagem de 40km, mais um espetáculo de paisagens, com uma dificuldade em relação a quantidade de pedras no caminho, mas ao mesmo tempo divertido: no caminhos encontramos diversos povoados, e, tive o prazer de mais uma vez sentir de perto a cultura local, um destes povoados encontramos 03 crianças simpáticas, educadas e curiosas pela nossa presença, para registro tiramos fotos com elas, o qual ficaram muito curiosas ao se ver na câmera e, ofertamos balas como uma pequena lembrança de nossa passagem.

Segue nossa viagem e, outra coisa nos chama a atenção, umas árvores sem folha, porém com seu troco e galho brilhante, como se dele saíssem água constantemente. Chegamos ao povoado de Salinas, uma grande festa estava acontecendo em comemoração a Virgem do Carmo (estavam a 4 dias festejando), muitos estavam bebendo e dançando pelas ruas. Outra vez, tive a oportunidade de encontrar uma criança (menina) de 07 anos de idade, educada, simpática e curiosa, me fez vários questionamentos: de onde era; meu nome; nome dos meus pais; se tinha irmão ou irmã, porque eu gostava de pedalar, enfim – tive a oportunidade de trocar informações com esse querida menininha, registrei foto com ela e, ainda pude ter o prazer de conhecer a irmã dela de apenas 5 anos. Em seguida, fomos conhecer as ruínas espanholas deixadas na exploração do metal e também uma fonte para mim curiosa de água mineral com gás, e, claro fui provar.

As 17:00 voltamos a praça principal para comprar a passagem de ônibus a Oururo, chegamos nesta cidade as 24:00h, num percurso de 190km, muita demora em função das condições da pista, que um dia irão asfaltar. Em Oururo, dormimos em um pequenos hotel, esperando o ônibus que iria sair para Cochabamba as 5:30h, onde chegamos nesta cidade por volta das 10:30, e, agora em casa estávamos.

Que foi o melhor: O prazer de pedalar no salar; escalar um vulcão; conhecer novas pessoas; comer algo diferente; a temperatura e a viagem de trem.

Que foi o pior: para ser sincero, não encontrei esta parte.

Qual a novidade: Por ser a primeira vez neste lugar, diria que tudo para mim é novidade.

Uma dica sobre a Quínua: A Quinoa (Chenopodium quinoa Willd.; Amaranthaceae) é uma planta nativa que produz um grão considerado muito importante à alimentação e à vida do homem no altiplano andino. Originária das alturas dos Andes e conservada por quechuas e aymarás, com suas 3.120 variedades, a quinoa pinta o arco-íris nas áreas de cultivo sendo a Bolívia o seu maior produtor mundial.[carece de fontes]. A Bolívia tem também o maior banco de grãos do mundo.[carece de fontes] Uma fundação custodia este que é o tesouro herdado dos povos indígenas, que conhecem a quinoa há aproximadamente 10 mil anos e asseguram que, sem ela, a vida humana seria impossível no altiplano. Mais informações nutricionais: http://saude.abril.com.br/edicoes/0323/nutricao/conteudo_551339.shtml

Para concluir: Durante estes dias que passei pedalando e escalando montanha, foi uma satisfação conhecer lugares espetaculares, vivenciando o lado de um outro amigo aventureiro (Jorge Cordeiro). Recomendo a todos uma visita a esta lugar, conhece este grande salar, a cultura dos povos, alimentação – uma experiência gratificante.

Se querem conhecer mais a respeito, programar uma viajem, por favor entre em contato com Jorge Cordeiro pelo email: jcorde3@gmail.com

Dicas de Hospedagem nesse Roteiro

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Minha história com a bike: viajando pelo mundo

Por Fernando Menegaz

Minha primeira viajem de bicicleta foi de 200 quilômetros: Florianópolis X Brusque ida e volta. Foi até um pouco estranho.

Eu não sabia pegar ônibus e queria rever uma antiga namorada. Conheci ela aqui em Floripa e quando ela voltou pra casa eu decidi ir lá de bike… Foi uma grande aventura e a partir dai nunca mais parei de pedalar.

Logo após essa viajem, pedalei por quatro meses pelo Brasil, rodando 5 mil kms. Depois fui para o Uruguai rodando mais 3 mil kms em 2 meses de viajem.

E assim minha vida foi se tornando uma grande aventura, até que em 2010, depois de muito pedalar, decidi rodar em Israel e Itália onde realmente encontrei um novo proposito de vida.

Foi uma experiencia marcante que jamais vou esquecer.

viajando pelo mundo
Viajando pelo mundo. Foto: acervo pessoal Fernando Menegaz

O espaço aqui é pequeno para tanto assunto. Mas dou uma dica para todos: viajar é bom demais. Viva a vida aproveite cada segundo, seja de carro, moto, avião, bicicleta, a pé, do jeito que você pode. Mas nunca perca seu sorriso, seu brilho.

Conheça o mundo e serás uma pessoa melhor… mas antes que eu me esqueça: vá pedalando que é bem melhor…Deus te abençoe.