Mountain Bike: 237 km no pedal Brasília – Cristalina (GO)

Por Max Djamys

Há cerca de oito meses atrás, o grupo de ciclismo Família Maximus no Pedal desbravou uma nova trilha entre Brasília e o município goiano de Cristalina. No total, foram cerca de 237 quilômetros, em uma maratona digna de ser percorrida, com fortes subidas, principalmente em sua parte final. Para se ter uma ideia do nível de dificuldade, nas descidas os ciclistas atingiram velocidades de até 70km/h, enquanto que nos aclives, a velocidade não passou de 6km/h. Durante o percurso de ida, o consumo médio de líquidos, entre água e suplementos, foi de 5 litros por pessoa.

O trecho inicial da viagem (74km) nos levou até a Fazenda da Senhora Mara, que fizemos em cerca de 3 horas de viagem. Lá, fomos muito bem recebidos com um bom papo e um tradicional cafezinho, enquanto nos preparávamos para pegar a balsa de travessia do Rio São Bartolomeu. A balsa, com cerca de 30 anos de idade, é operada manualmente. Devido a isto e ao nosso cansaço, levamos quase 40 minutos para atravessar os 30 metros de largura do rio. Como éramos apenas dois ciclistas (eu e o Celso Luiz P. Santos), o trabalho de puxar a corda foi extenuante, pois além do peso da balsa, a força da correnteza dificultava bastante.

Após essa travessia começa uma das partes mais difíceis, onde o terreno é bem acidentado e rochoso e as subidas predominam praticamente até o destino final. O local do término da trilha é na BR 050, quase 18 quilômetros do centro da cidade, no sentido Catalão para Cristalina. O percurso de ida, foi feito em quase 6 horas de pedalada, com o tempo total da cicloviagem de 7 horas. O Ganho de elevação do ponto de partida Parque Estrela Dalva IV em Luziânia até o centro da Cidade de Cristalina, na Rua Coronel João José Taveira, foi de 1.164 metros.

Foto: acervo pessoal Max Djamys
Foto: acervo pessoal Max Djamys

BSB – Cristalina – Depois de um bom e merecido descanso, a volta começou bem empolgante. Começamos em ritmo forte, mas depois de aproximadamente 30 quilômetros de percurso em uma descida a quase 60km/h, o pneu da bike do Celso furou. Levamos um bom tempo reparando a câmara de ar, o que quebrou nosso ritmo e a concentração. Como consequência, erramos o caminho em cerca de 7 quilômetros e aumentando nosso tempo de pedal na estrada.
Na volta, obtivemos um tempo médio de 7 horas de pedalada, com um total de 9 horas de cicloviagem, finalizando ida e volta em 16 horas.

O lugar é muito bonito, cercado por muitas fazendas e próximo a barragem Corumbá III. Lindo, mas com alto grau de dificuldade.
A parte mais engraçada foi quando uma boiada de Nelore colocou o amigo Celso para correr. Nem parecia que já estávamos cansados, pois o garoto deu um mega sprint de categoria!

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Minha história com a bike: do sedentarismo aos 100km

Por Marcos Cristian Wendt

Gostaria de compartilhar minha história ciclística, a qual venho escrevendo há menos de 02 anos!

Tenho 30 anos, sou casado e pai de um menino, o Samuel, que está agora com 01 aninho e alguns dias. Trabalho na área comercial de uma empresa do ramo agrícola em minha cidade, Panambi – RS e minha história ciclística começou em 09/Janeiro de 2013 com uma Caloi Montana.

Quando criança, morava na zona rural do município e costumava passar boa parte do dia montado na bicicleta, mas assim que meus pais se mudaram para a zona urbana, as pedaladas diminuíram. Logo comecei estudar à noite fazendo um curso técnico em eletricidade e trabalhar durante o dia na empresa onde estou atualmente (já há mais de 15 anos). Com isso, andar de bike ou qualquer outro tipo de atividade física ficou simplesmente na lembrança. Passei a viver no sedentarismo. Logo obviamente adquiri alguns quilos, mas sem chegar a ficar obeso.

A falta de atividade física começou, ao longo desses 15 anos, a trazer dores lombares, encurtamentos, alguns sintomas estranhos nos joelhos e uma série de outras coisas que me faziam não ter resistência física nem para subir uma escada sem ficar ofegante. Entretanto, em meados de 2012, comecei planejar a aquisição de uma bike para iniciar uma atividade física, com o objetivo de abandonar o sedentarismo e buscar uma melhor qualidade de vida, sem nenhuma pretensão maior além disso. Foi quando adquiri uma Caloi Montana e comecei pedalar.

No inicio pedalava distâncias de 03km, depois 06km, 10km, 15km, 20km, 30km, 45km… Até o final de 2013 havia pedalado cerca de 1.830km e dado adeus às dores lombares e todos os demais sintomas causados pela vida sedentária.

Foto: acervo pessoal Marcos Cristian Wendt
Foto: acervo pessoal Marcos Cristian Wendt

Logo nos primeiros meses de pedal já resolvi adquirir um capacete, luvas, um óculos; depois comprei uma camisa.
Nesse tempo fiz várias alterações na bike. Troquei rodas, cambio, corrente, catraca, mesa, coloquei suspensão e um canote de 400mm para tornar a bike mais adequada à minha altura, já que tenho 1,90m e estava com uma bike um tanto pequena para mim.

Quando comecei pedalar distâncias maiores de 20km fui para a BR. Depois disso, quase não pedalei mais no centro da cidade.

Não demorou muito e comecei projetar a compra de uma nova bike, o que consegui concretizar em Dezembro/2013, adquirindo uma Caloi Elite 10 29er.

Com a nova bike comecei pedalar distâncias sempre em torno de 45km, até surgir a possibilidade de fazer um Desafio de 100km na cidade vizinha de Ijuí em Junho/2014. Me inscrevi, na empolgação. Lembro que alguns amigos disseram que eu deveria andar do lado da ambulância pois não terminaria a prova, visto nunca ter pedalado mais de 50km antes. Mas, não dei muita importância às piadinhas. Feita a inscrição, fiz dois treinos de 70km e fui ao Desafio. Concluí a prova com facilidade, fechando o percurso em 06 horas, uma vez que tínhamos o limite de 08 horas. Após esse desafio os pedais já alongaram um tanto e já pedalava sempre cerca de 70km. Depois, em Agosto/2014, participei de um segundo desafio na cidade de vizinha de Cruz Alta, dessa vez de 80km. Junto com isso somei um pouco mais de tecnologia ao pedal, passando a usar um ciclo-computador que ganhei de um amigo além do aplicativo “Cycle Tracks GPS” no smartphone, o que passou a ajudar bastante nos treinamentos.

Após esse Desafio, fiz alguns pedais até as cidades vizinhas, sempre focando treinos para o próximo Desafio que tenha condições de participar.

Até então já visitei as cidades de Santa Barbara do Sul, Condor, Pejuçara, Bozano, Ijuí, Cruz Alta, Catuipe e Santo Ângelo. Foram esses os lugares até onde já fui de bike.

Atualmente tenho o sonho de realizar uma prova de Audax, um BRM 200 km. Se conseguir continuar treinando e tiver condições para isso, vou tentar concretizar isso em 2015 em Passo Fundo – RS.

Enfim, essa é minha história, e gostaria de compartilhar aqui para servir de inspiração e motivação para quem hoje está pensando em se arriscar no pedal.

De Lauro de Freitas (BA) a Salvador

Por Ranilson Rodrigues Barbosa

Sou bahiano de Itabuna – sul da Bahia, a 490 km de da capital Salvador. Sou amarradão no ciclismo e era doido para conhecer a capital da Bahia. Aí uni o útil ao agradavel e juntei com cinco amigos para esta aventura. Passamos bons momentos e aí estamos em Salvador, no ponto do Cristo na orla da Barra.

Foto: acervo pessoal Ranilson Rodrigues
Foto: acervo pessoal Ranilson Rodrigues

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Cicloturismo: 1106km pelos Pampas Gaúchos

Por Julio Cesar Araujo

Pampas Gaúchos: onde o frio aquece a alma e a distância aproxima os corações

Partimos numa manha fria de inverno e pedalamos , através do Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina em uma travessia de bike pelas capitais do Mercosul. Saindo de Porto Alegre, giramos mais de 1100 km até Buenos Aires; Resolvemos refazer o trajeto que os gaúchos ancestrais faziam a pé de Porto Alegre até a Colonia del Sacramento no Uruguai, que era a maior causa de guerras e disputas entre as coroas de Portugal e Espanha na colonização do continente Sul Americano. A cidade finalmente se consolidou como território espanhol, com a troca definitiva deste território na época português, pelo então território dos Sete Povos das Missões, hoje no Rio Grande do Sul, depois das guerras jesuíticas, mas isto é outra historia.

Planejamos a viagem por alguns meses, compramos as bikes, e finalmente nos lançamos, meu irmão e eu à estrada. No primeiro dia, pedalada tranquila entre Porto Alegre e Camaquã. Pedalando sempre próximo às cidades, assim foi até Rio Grande. De lá, entramos no praticamente deserto que é a Reserva do Taim, são mais de 200 km até o Chui, fronteira com o Uruguai, onde a beleza enche os olhos, mas a solidão e o deserto nos fazem ter noção de quão pequenos somos. De carro é um pulinho, mas de bicicleta com mais de 35 kg de carga, são dois dias bem pedalados.

No segundo dia de deserto pegamos chuva fria e vento contra, manter 10km/h de média era uma dificuldade imensa, mas foi ai que pensei que nunca tinha estado tão perto de meu irmão e que aquele minuano cortante e a distância que nos encontrávamos de qualquer outra pessoa, me aquecia a alma e me aproximava mais ainda da minha família. Depois deste trecho quase deserto entramos no Uruguai, paisagens fantásticas, gente hospitaleira, a verdadeira expressão do Gaúcho pampeano. Estradas lindas, fortalezas onde se disputaram palmo a palmo o direito de governar estas terras, boa carne e muito pedal para literalmente cruzar boa parte deste pais até a fronteira com a Argentina. A capital Uruguaia é uma cidade linda, que mescla o moderno com a historia, souberam entrar no futuro sem esquecer seu passado de glorias.

Ainda no Uruguai, pernoitamos uma noite em Punta del Este, para mim, a ilha da fantasia de toda a viagem. Praias lindas e frias, gente bonita e muita grana pelas ruas. Lá se deu um fato engraçado da expedição: como chegamos à noite e não tivemos condições de achar um hotel com preço mais módico, ficamos hospedados em um dos hotéis bacanas da cidade, mas para não estourar o orçamento… jantamos bolacha recheada e coca cola. Mas na estrada tudo vale. Você pode ver uma lista de hotéis, pousadas e hostels em Punta del Este clicando aqui.

Cicloturismo nos Pampas Gaúchos.
Cicloturismo nos Pampas Gaúchos. Foto: acervo pessoal Julio Cesar Araujo

Depois de 11 dias de viagem chegamos a Colonia del Sacramento, como descrevi anteriormente, Colonia, é onde nasce o Rio Grande, pois era para la que os tropeiros do Brasil, vindos de SP, traziam mulas para comerciar com os argentinos e entre estas idas e vindas, muitos foram ficando pelos pagos Gaúchos e começaram a colonizar o RS. Caminhar em Colonia é andar nos alicerces da historia sul americana, em cada esquina parece que vamos ver tropas de soldados em prontidão para a guerra, ou algum velho fantasma em trajes de gala a entrar em alguma de suas casas centenárias.

De colonia, atravessamos de barco, ou melhor, Buque Bus, um enorme navio que faz a travessia de mais de três horas, cruzando o Rio da Prata do Uruguai até a Capital Argentina. Bom, e de Buenos Aires falar o que… encontro de culturas, noites boemias fantásticas e muita diversão.

Foram 12 dias de viagem pedalados, 1106 km rodados, um sonho realizado e a união de dois irmão mais afirmada do que nunca.

Só quem já percorreu uma grande distancia de bicicleta, sabe realmente o significado das “lonjuras” como se diz no pampa americano.

Nota do blog: Se você for pedalar por este roteiro, pode conferir uma lista de hotéis, pousadas e hostels com preços de diárias nos links abaixo.

Hotéis em Montevideu

Hotéis em Colônia do Sacramento

Hotéis em Buenos Aires

Dicas de Hospedagem nesse Roteiro

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Cicloturismo: uma lição de vida na Cordilheira dos Andes

Por Carlos Eduardo de Carvalho Filho

Viajar de bicicleta é sempre transformador. Saber que somente com seu esforço físico e mental você é capaz de cruzar não apenas cidades, mas países e até mesmo continentes é uma lição pessoal e para as pessoas com quem você cruza nos caminhos. É um estímulo enorme para que todos possamos romper nossos limites.

Foto: acervo pessoal Carlos Eduardo de Carvalho Filho
Foto: acervo pessoal Carlos Eduardo de Carvalho Filho

Escolhi essa foto pois quando decidi cruzar a Cordilheira dos Andes, de Mendoza a Valparaíso, fui considerado louco e inconsequente por muitas pessoas com quem trabalho e convivo. Acreditavam que fazer tal trajeto era muito perigoso, desgastante e alguns até o consideravam impossível. Após algumas conversas, eu e meu companheiro de aventura, Giuliano, decidimos partir de Mendoza, Argentina caminho à Valparaíso, Chile. Dessa maneira subiríamos 3100 metros pelo lado argentino que é mais longo e menos íngreme e evitaríamos subir os temidos Caracoles.

Pedalamos dois dias até chegar ao topo, encontramos muitas pessoas fazendo o mesmo trajeto e isso era uma fonte de motivação para continuarmos. Encontramos inclusive um senhor de 63 anos que faz esse percurso todos os anos, dessa vez acompanhado de seu sobrinho e três americanos que tinham saído do Alasca e iam em direção à Ushuaia, na Terra do Fogo. Esses encontros foram ampliando nossa noção de impossível e eu imaginava a reação de cada um daqueles que viam tanta dificuldade na minha viagem ao escutar esses relatos de superação.

Minutos após fazer essa foto, descendo os Caracoles, avistamos no acostamento do outro lado da pista duas bicicletas paradas e decidimos parar para conversar com esses ciclistas. Um deles puxava um pequeno reboque e fiquei muito impressionado com o fato dele estar subindo os Caracoles com tanto peso, porém o maior ensinamento de toda a viagem, e porque não dizer, da minha vida, foi descobrir o segundo ciclista. A bicicleta dele era reclinada, o que já apresenta maior dificuldade e resistência em trechos de subida, à medida que me aproximava percebia que não era uma simples bicicleta reclinada. Aquele homem beirando seus 50 anos de idade, tinha as pernas atrofiadas; muitos o considerariam incapaz de usar uma bicicleta. Com sua bicicleta adaptada, ele vinha pedalando com as mãos pelo caminho que no auge da minha forma física eu não tive coragem de fazer.

Lágrimas escorreram no meu rosto e aqueles cinco minutos parados no acostamento tiveram o poder de me ensinar a maior lição da minha vida; limites são como horizontes, enquanto alguns os vêem como barreiras, outros, como caminhos. Quanto maior sua determinação, mais ele se amplia e mais belas as paisagens que você vê.

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História com a bicicleta: O menino do limão galego

Por Carlos Roberto dos Santos

Quando criança eu era mais pobre do que sou hoje, e não tinha recursos financeiros para o sustento da família. Então meu velho pai, empreendedor desde a época em que essa palavra nem existia, teve uma ideia genial. Passou no Mercadão Municipal de São Paulo, comprou uma caixa de limão galego, um pacote de redinhas plásticas e uma caixa de maçãs vazia. Chegou em casa e me ensinou o que fazer com tudo aquilo: encher as redinhas com 12 limões cada uma, amarrar a caixa no bagageiro da velha bike aro 28 (sem marcha), carregar os pacotes e sair pedalando pela vizinhança vendendo o limão de boteco em boteco, até que a caixa estivesse vazia, e eu com um pouco de dinheiro para ajudar nas despesas de casa.

a-limoes

Isso se repetia varias vezes na semana, sempre nas horas vagas, pois nunca deixei de estudar para trabalhar e ajudar em casa. Tenho saudades daquela velha bike, dos tombos, e das vezes que ela quebrava e me deixava a pé com a caixa de limões.

Aprendi que para conseguir ganhar meu sustento tinha que trabalhar e estudar, e me preparar para futuro.