Cicloturismo: vídeo-relato de viagem pela Estrada Real

Por Matheus Rezende de Andrade

O leitor  Matheus Rezende de Andrade nos enviou esse vídeo-relato da viagem feita por ele e amigos pela Estrada Real. A viagem foi realizada entre os dias 18 e 26 de Julho de 2011, utilizando o Guia de Cicloturismo da Estrada Real do Antônio Olinto e da Rafaela Asprino. Vale conferir essa viagem pela Estrada Real!

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Cicloturismo Estrada Real Caminho Velho

Por JOTA

CICLOTURISMO ESTRADA REAL CAMINHO VELHO

Estrada Real Caminho Velho
Estrada Real Caminho Velho

ESTRADA REAL CAMINHO VELHO – RESUMO DA VIAGEM

Kms pedalados
Kms pedalados

Cidades por onde passamos
Cidades por onde passamos

– Cidade inicial: Ouro Preto/MG
– Cidade final: Ubatuba/SP passando por Paraty/RJ
– 848 km Pedalados
– 11 Dias de viagem
– 05 Pneus furados
– 38 Cidades
– 03 Estados
– 1.804 m do nível do mar, foi a nossa maior altitude

03 à 13/07/11

O que dizer de uma cicloviagem com onze dias pedalando? São tantos os acontecimentos, fatos e “causos” que mesmo tendo tempo de escrever cada detalhe no ato em que acontecera, com certeza ficariam coisas para trás.

Nesses onze dias pedalando pela história do Brasil, coloquei-me a pensar na vida, na família e mais uma vez em uma viagem dessa os conceitos e os valores mudam. Percebia a cada quilômetro percorrido de que preciso cada vez menos para ser feliz e que já tenho tudo o que preciso para isso.

Um simples por do sol numa tarde de inverno, tendo o vento como trilha sonora em terras onde avistávamos apenas pastos, montanhas, árvores, cavalos e bois nada mais que isso, tinha um valor inestimável e em alguns desses momentos, parávamos de pedalar para apreciar aquela beleza do nosso criador num cenário convidativo, onde eu sempre me pegava lembrando de minha esposa, filhos e amigos.

Tenho muito a agradecer, primeiramente a Deus por me dar saúde e a possibilidade de fazer essa cicloviagem, a minha família que me apoiou mesmo com saudades em todos os dias na qual conversamos, a Ciça por ter embarcado nessa aventura comigo e me aguentado e aos novos grandes amigos que fizemos no caminho Daniel e Erik.

Como falei foram várias coisas que eu poderia escrever aqui, mais vou deixar para que as fotos falem um pouco por si e em nossos encontros com certeza trocaremos experiências vividas nessa viagem.

Estrada Real Caminho Velho
Estrada Real Caminho Velho
Estrada Real Caminho Velho
Estrada Real Caminho Velho
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Saímos de Campinas em dois amigos

– Jota Jaguariúna/SP
– Ciça Campinas/SP

Mais no começo do caminho viramos quatro, conhecendo
– Daniel Santo André/SP
– Erik São Paulo/SP

E mais adiante perdemos a conta… rsrsrs
Tivemos a honra de encontrar outras pessoas fazendo o caminho e pessoas de cidades diferentes como:
– Conselheiro Lafaiete/MG
– Santo André/SP
– São Paulo/SP
– Belo Horizonte/MG
– Fortaleza/CE
– Curitiba/PR
– Pato branco/RS

Passamos por cidades onde tinha uma avenida, uma pousada, ou até mesmo não tinha pousada. Passamos por lugares famosos por suas riquezas históricas ou ecológicas. Por cidades na qual tinham seus rótulos como de cidade do rocambole, do melhor pão de queijo, do artesanato, da cerâmica, das cachoeiras e muitas outras. Tivemos a felicidade de conhecermos pessoas especiais na qual nos receberam de braços abertos e calorosamente como o seu Pedro da cidade de Prados/MG.

Enfim… fotos não falam e não refletem exatamente a sensação que queremos passar quando as tiramos, mais com certeza vão servir para lembrarmos e contarmos aos amigos as aventuras e experiências vividas.

TODAS AS FOTOS:
ER – 01º DIA
ER – 02º DIA
ER – 03º DIA
ER – 04º DIA
ER – 05º DIA
ER – 06º DIA
ER – 07º DIA
ER – 08º DIA
ER – 09º DIA
ER – 10º DIA
ER – 11º DIA

VEJA TAMBÉM AS FOTOS DO ERIC

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Cicloturismo: Natal – São Rafael (RN)

Por Jac Souza

Esse pedal antes mesmo de acontecer já era motivo de piada. Todo mês Moab dizia que iria fazer um pedal para o sítio onde o pai dele nasceu em São Rafael, interior do RN. E todo mês ele desmarcava. As desculpas eram tantas que eu deixei São Rafael pra lá. Até que, devido ao mestrado, eu tive que enxugar minhas férias e no desespero de ao menos aproveitar uma semana de descanso propus a viagem para São Rafael de supetão. Foi tudo meio em cima da hora. Tirei as férias na quinta-feira, arrumamos as bicicletas no final de semana e na madrugada de segunda para terça pegamos a estrada.

Steve McQueen pronto para pegar a estrada

Steve McQueen estava equipado com um brooks emprestado, um amigo havia solicitado o peso de minha bunda para amaciar o danado. Troquei o selim, mas num ato de broquice me esqueci de testá-lo. E não deu outra, foi sentar no selim e começar a escorregar para frente. Decidi que iria ajustá-lo quando parasse no Posto Planalto, local de encontro e saída. Para piorar durante o caminho ao posto começou a cair uma chuvinha chata e o calor aumentou. No posto, calibramos o pneu e pedi a Moab para arrumar o selim, mas minha chave de ferramentas o que tem de bonitinha tem de ordinária. Ela é tão pequena que não dá apoio para a mão. Moab puto fazendo força e eu já achando que iria ter que cancelar a viagem por conta de um selim torto. Angelike foi minha salvação, tirou da bolsa uma chave gigantesca que na primeira tentativa já resolveu o problema. Enquanto isso a chuva fina tinha se tornado um temporal com uma ventania infernal. Estávamos com a saída programada para às 2h mas tivemos que esperar a chuva passar um pouco e só saímos às 3h.

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Esperando a chuva passar

Três Antas prestes a pegar a estrada

Só foi colocar os pneus na estrada que a chuva voltou com toda a força. Eu sou completamente cega à noite e com chuva minha visão fica pior ainda. Odeio pedalar a noite, não enxergo nada, fico com medo dos buracos, fico tensa, me doí os olhos, a cabeça, os ombros, um sofrimento horrendo. Apesar de toda agonia mantivemos um ritmo bom, paramos em Macaíba para fazer o primeiro lanche da viagem (Nunca vi três pessoas gostarem tanto de comer!!) e eu me arrisquei a tomar café para não dar sono e esquentar o corpo (Coisa horrível, continuo odiando o sabor dessa bebida maligna).

O dia demorou a amanhecer por conta do tempo chuvoso e um ponto positivo foi a temperatura que estava sensacional para os padrões infernais do Nordeste.

Amanhecendo
Feliz pela ausência do sol do capeta
Vamos embora para parada em Santa Maria

Chegamos em Santa Maria, parada para tomarmos café, às 06h30min, depois de 62km pedalados. E desce jarra de suco de laranja, cuscuz com carne de sol (bem molinha), tapioca, pão com ovo e frutas.

Parada para o café da manhã em Santa Maria.

Comida!!!!

Bem alimentados e de bom humor (basta comer) aproveitamos para apertar o passo com a intenção de chegar em Lajes ao meio dia para almoçar. A temperatura continuava agradável e colocamos um bom ritmo, parando para outros inúmeros lanches.

Ciclista pelo caminho
Barraquinha de frutas, parada para tomar água de coco
Apesar da temperatura agradável é sempre bom estarmos hidratados
Moab tirando onda com as pregadas, Angelike e Jac
Gaby
Vamos embora que Lajes ainda está longe
Apesar do sol aparecer, ele estava fraco
Pensando no almoço
Paradinha para beber água

Apesar de enchermos a barriga de besteiras, o horário do almoço ia se aproximando e só pensávamos no prato de comida de panela. A fome era tanta que mesmo com as inúmeras paradas conseguimos chegar em Lajes às 12h15min, com 121km pedalados, uma evidencia do desespero por comida.

Almoçamos no restaurante Cabrito do João. Pense numa comidinha boa. Moab e Angelike foram de cabrito, eu preferi um peixinho frito. O feijão estava sensacional! Estava tão bom que Angelike quase esvaziou uma de suas garrafinhas de água para completar com o resto do caldo do feijão.

Restaurante O Cabrito do João
Restaurante O Cabrito do João! Excelente, comida ótima, farta e barata (10 reais com porções generosas de arroz, feijão, macarrão, salada e carne de sua escolha).
Ninguém parou de comer para fazer pose para foto!!

Depois do merecido almoço, desabamos embaixo do pé de algodão para um merecido cochilo de meia hora.

Sono merecido

Seguimos viagem e pegamos uma ventania tão forte, tão tão forte a favor que ficamos praticamente sem pedalar por quase 10km! Sem exageros!!! A velocidade nas retas chegava a mais de 50km SEM PEDALAR!! Quase uma experiência de outro mundo. Acredito que existe alguma área magnética que atrai os metais das bicicletas. Será que o Pico do Cabugi é o culpado?

Chegando no Pico do Cabugi
Até Gaby tirou foto com o Pico

Depois de sairmos da área sugadora de bicicletas o sol começou a querer atazanar nossos juízos. O calor apareceu, a paisagem seca e morta parecia mais seca e mais morta. É impressionante a quantidade de animais mortos ao longo de todo o caminho, o fedor em alguns momentos chega a ser insuportável. Muitos mortos pela seca, mas a maioria mortos por atropelamento. Outra coisa que me deixa doente é o acumulo de lixo gigantesco que existe. Garrafas e latas de refrigerante e cerveja, garrafas de xixi, resto de pneus e peças de automóveis, resto de carregamento, até uma montanha de privadas quebradas encontramos pelo caminho! Reparo bastante, pois vou o caminho todo na esperança de encontrar uma mala cheia de dinheiro jogada no acostamento. Um dia ainda acho!

Moab mais uma vez tirando onda com as pregadas

Estávamos no meio da tarde e resolvemos fazer nossa última parada para descansar, comer (CLARO) e abastecer de água e gelo antes de iniciarmos a trilha. Sim, depois de 180km de asfalto ainda teríamos pela frente 25km de trilha.

Angelike se escondendo do sol que resolveu aparecer e torrar nossas cabeças

Entramos na trilha às 16h30min e o ritmo começou a cair. Tinha a sensação que havia pedalado por horas e quando olhava o GPS não tinha marcado nem 1km!!

Começo da trilha
O sol forte já anunciava a sua retirada
Cansada mas feliz, nem imaginava o que tinha pela frente!
Vamos embora que ainda tem muito chão de piçarro pela frente
Como cantava Luiz Gonzaga “Que bom, que bom que é. Uma estrada e a lua branca. No sertão de Canindé”

Fizemos uma ultima parada antes de começar a escurecer, pretendíamos chegar no Curral Velho, o sítio, às 19h, mas pelo andar das bicicletas sabíamos que iriamos demorar bem mais.

Última parada na trilha para comer e esticar as pernas.
O rio ao fundo totalmente seco! Água é coisa rara por aqui.
Apesar da seca a paisagem é linda
Última foto antes de escurecer e antes das presepadas

Voltamos a pedalar, mas a condição da estrada não ajudou nada. Para piorar o pneu traseiro de Steve McQueen, em simpatia a minha pessoa, criou um bucho gigantesco. Eu pedalando e sentindo a bicicleta rebolar. Quando fui verificar, estava lá o bucho, igual ao meu! Fui empurrando a bicicleta por um bom tempo, lá na frente encontrei Angelike e Moab e resolvemos esvaziar o meu pneu um pouco e deu para continuar pedalando. Não deu nem 10 minutos e o pneu traseiro de Gabi furou! Olhei para Moab e indaguei:

Eu: “Cadê a câmara de ar?”
Ele: “Não trouxe!”
Eu (com olhar fuzilante): “COMO ASSIM ‘NÃO TROUXE’”?
Ele: “Meu pneu é tubeless”
Eu (com os olhos esbugalhados sem acreditar no que estava ouvindo): “COMO VOCÊ VIAJA PARA O MEIO DO NADA, COM UMA BICICLETA ARO 29 E NÃO TRÁS UMA CÂMARA DE AR????”
Ele: “Mas, meu pneu é tubeless”

Eu juro que tive vontade de torcer o pescoço dele! Mas a situação era tão engraçada que eu deixei pra lá. Moab ficou puto com a própria broquice e fechou a cara. Não havia mais nada que podíamos fazer. Já estava um breu danado e ainda faltava uns 15km. Começamos a empurrar as bicicletas e Moab puto se picou na frente, deixando eu e Angelike pra trás. Aí só foi risada. Angelike morrendo de medo das cobras. Eu pisei numa pedra, escorreguei e dei um jeito na perna. Fiquei capenga, com a perna doída e dura. Mas continuei achando graça.

Moab puto com o seu pneu tubeless furado. hahahaha

Chegamos na primeira casa do povoado por volta dàs 19h. Aproveitamos para comer e Moab tentou dá um jeito no pneu dele, mas em vão. Ainda restavam 10km de caminhada no meio do mato e na escuridão para o sítio da família de Moab.

E como desgraça vem sempre acompanhada por mais desgraça, nos perdemos nas trilhas!! Sim, a presepada foi grande. Eu e Angelike riamos de tudo, Moab puto ficava com mais raiva ainda das nossas risadas. Foram os 10km mais sofridos e engraçados de toda viagem. Sobe morro, desce morro, abre e fecha porteira, atravessa rio seco, passa por meio de vaca… Pense na aventura.

Lá vem Angelike rindo na escuridão!!

Chegamos ao Curral Velho, nosso destino final, depois das 22h, imundos, mortos de cansaço, com uma barriga gigantesca de tanto beber água  Fomos diretos para o banho, fizemos um último lanche (vocês achavam que íamos ficar em comer??), armamos as redes e fomos dormir por volta da meia noite.

Chegamos e encostamos as bicicletas

Acordamos por volta das 09h, Angelike e eu, e tivemos que derrubar Moab da rede para ele levantar. A viagem para São Rafael tinha como objetivo principal visitar os sítios paleontológicos e arqueológicos da região, que ficam cerca de 10km do Curral Velho. Com as bicicletas no prego, ficamos impossibilitados de ir. Resolvemos então caminhar pelas redondezas, mas antes sentamos na mesa para tomar café da manhã.

Acordamos com barrigões gigantescos mas nem por isso deixamos de comer

O sol já estava castigando a região lá fora. Tomamos banho de protetor solar, carregamos as garrafinhas com água do pote e fomos bater perna.

Curral Velho, a casa onde nos hospedamos.
O rebanho procurando algo para comer
Isso é São Rafael!
Caminhando por onde um dia foi um rio
A paisagem é sensacional

Voltamos para almoçar e dormimos a tarde toda. Ao menos tentei, mas tinha um bezerrinho que fora rejeitado pela mãe que chorava pela mamadeira toda hora. Acho que ele tinha sangue de ciclista. Tinha também uma vaca que vinha mungir ao lado da minha rede, atrás de comida. Outra ciclista. E uns gatinhos atentados que ficavam se pendurando na minha rede e me dando susto. Mas o pior era o calor, não batia uma brisa, nada de vento. Eu só não levantei porque a preguiça era maior.

Felicidade na hora do almoço!
Ovelhinhas querendo mamadeira
Tomando a mamadeira

Nosso plano inicial era ir pedalando para a cidade de São Rafael, dormir lá e de manhã cedo pegar uma van que nos traria de volta para Natal. Mas tivemos que alugar uma caminhonete, a mesma que leva os estudantes dos sítios para as escolas na cidade.

Segura que a estrada é cheia de pedra
Na caminhonete indo para São Rafael

Ficamos hospedados na casa de um conhecido de Moab e acertamos com a van para nos buscar às 4h. A van tem uma carrocinha e nossas bicicletas foram bem transportadas. Na volta paramos novamente em Santa Maria para tomar café da manhã (oh carne de sol boa!) e chegamos em Natal por volta dás 07h.

Esperando a Van aparecer às 4h da madrugada em São Rafael para nos levar de volta à Natal
Eu estava morrendo de sono e morrendo de fome, já que dava para sentir o cheiro de pão de alguma padaria próxima.

Combinamos que próximo ano faremos São Rafael novamente, para enfim visitarmos os sítios paleontológicos e arqueológicos. Mas antes todos devem tomar um banho de sal grosso, tomar um passe numa rezadeira e um banho de pipoca na Igreja de São Lázaro em Salvador.

Mapa Natal – São Rafael/RN

Distância: 196.20 km
Tempo: 11:25:59
Veloc. Média: 17.2 km/h
Veloc. Máxima: 68.3 km/h
Ganho de elevação: 1,107 m

Link GPS: http://connect.garmin.com/activity/227111808

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Cicloturismo: Expedição Porto Alegre – São Francisco do Sul

Por Fábio Vieira

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A viagem começou de forma inesperada ao checar que no bagageiro do ônibus que nos levaria até Porto Alegre, não havia espaço para as bicicletas. Depois de conversas e telefonemas, ficou acertado que as megrelas iriam na sexta 16 pela manhã. Fábio segue viagem sozinho enquanto Rafael e Joci dormem em Joinville para partir na manhã seguinte com as bikes.

A chegada do Joci em Porto Alegre foi às 23:15 de sexta e o Rafael ficou em Osório.

Joci na chegada em Porto Alegre
Joci na chegada em Porto Alegre

Conforme planejamento, foi dado início a viagem no sábado 17 às 08:30, porém com atraso de 30 minutos e com um integrante a menos, o Rafael.

Joci, Vó do Fábio e Fábio
Joci, Vó do Fábio e Fábio

Com 23 km veio o primeiro pneu furado do Joci com um parafuso de 3 cm cravado na borracha não há antifuro que resista.

Depois de percorridos cerca de 90 km encontramos o Rafael na Freeway próximo a Osório.

Rafael iniciando sua jornada
Rafael iniciando sua jornada

A avó do Rafael, dona Anésia serviu um almoço farto em Osório, e após um merecido descanso seguimos rumo ao litoral gaúcho. No primeiro dia foram percorridos 162 km de Porto Alegre até Xangri-lá onde fomos acomodados na casa da prima do Fábio.

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Na saída do segundo dia constatamos que o pneu do Rafael havia furado (2ª vez). Com um certo atraso seguimos até encontrar uma borracharia aberta no domingo no horário do jogo do Santos e Barcelona. O que parecia impossível aconteceu depois de 25 km. Encontramos em Capão Novo a borracharia do Sílvio e do seu filho Guilherme que além de consertarem a câmera do Rafael nos serviram um chimarrão.

Joci e Sílvio num papo descontraído
Joci e Sílvio num papo descontraído

Pneu consertado é hora de pedalar rumo a Torres-RS para o almoço. Como a avenida Interpraias de Arroio do Sal estava em péssimas condições, optamos por seguir pela areia da praia que apesar de tudo oferecia condições e assim fomos até a última cidade do litoral gaúcho, onde paramos para almoçar.

Beira mar de Arroio do Sal
Beira mar de Arroio do Sal
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Ponte pênsil na divisa do RS e SC
Ponte pênsil na divisa do RS e SC
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No estado catarinense, seguimos pelo litoral até o Balneário Gaivota onde depois de muita estrada de chão e pedra optamos por seguir pela beira da praia com areia dura e sem vento até Arroio do Silva depois de 127 km.

Estrada em meio aos pinus
Estrada em meio aos pinus
Beira mar em Balneário Gaivota
Beira mar em Balneário Gaivota

Em Arroio do Silva discutíamos em uma padaria onde dormiríamos, enquanto a chuva caía. Um senhor curioso pela aventura puxou papo e gentilmente cedeu uma casa desocupada que nos serviu de hotel naquela noite após pedalarmos 167 km. Seu Braz foi mais um amigo que conhecemos em nossa viagem.

Joci, Fábio, Seu Braz e Rafael
Joci, Fábio, Seu Braz e Rafael

No terceiro dia, seguímos para Araranguá (BR-101) para não atrasarmos a viagem pois o Rafael tinha compromisso na quinta 22 pela manhã e achamos que pelo litoral via Morro dos Conventos poderia demorar mais que o previsto.

Ao chegarmos em Laguna o Rafael informou que a partir daquele momento seguiria a viagem até Florianópolis sozinho abandonando a Expedição.

Depois do almoço e de um descanso, Fábio e Joci enfrentarma o sol forte e o vento contra até Garopaba onde foram hospedados pelo casal André e Lena, amigos do Fábio da época em que morava em Porto Alegre.

Joci e Fábio em Garopaba-SC
Joci e Fábio em Garopaba-SC
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Joci, André, Lena e Fábio

No quarto dia o cansaço já era evidente mas o entusiasmo só aumentava a medida que íamos vencendo cada km. Nos despedimos de Garopaba subindo os 170 metros de altura do Morro do Siriú, onde após uma parada para a foto, descemos em direção a BR-101 em Paulo Lopes.

Joci e Fábio no Siriú
Joci e Fábio no Siriú

Seguimos pela 101 até Biguaçú onde paramos para o almoço e esperamos o sol dar uma trégua pois o calor era muito forte. Passamos por Tijucas e rumamos a Balneário Camboriú pela interpraias e suas 4 fortes subidas onde a vovózinha foi acionada. Na chegada a Balneário fomos recepcionados por nada mais nada menos que ele, o Papai Noel.

Interpraias de Balneário Camboriú
Interpraias de Balneário Camboriú
Joci e Fábio sendo recepcionados belo bom velhinho
Joci e Fábio sendo recepcionados belo bom velhinho

Depois de 145 km do quarto dia fizemos um churrasco para repor as proteínas e relembrar os momentos da viagem que para o Joci encerrava-se naquele dia.

No quinto e último dia não é preciso dizer que eu estava cansado, mas disposto e confiante em mais um dia de pedal até São Francisco do Sul.
Parti de Balneário para Itajaí onde atravessei de Ferry Boat até Navegantes e dali passei por Penha, Piçarras e Barra Velha, retomando o caminho pela BR-101.

Travessia Itajaí x Navegantes
Travessia Itajaí x Navegantes

Com o sol forte e o desejo de chegar em casa, os km foram sendo vencidos sem muita dificuldade até deixar pela última vez a BR-101. Cheguei na entrada de São Francisco do Sul antes do meio dia, faltando apenas 15 km para o final da viagem.

Acesso para a BR-280
Acesso para a BR-280
Chegada em São Francisco do Sul
Chegada em São Francisco do Sul

Como era de se esperar, em mais 40 minutos a Expedição Porto Alegre x São Francisco do Sul chegou ao fim dentro do prazo planejado, sem nenhum acidente e com muitas lembranças pra contar.

Fábio na chegada da Expedição Porto Alegre - São Francisco do Sul
Fábio na chegada da Expedição Porto Alegre – São Francisco do Sul

Resumo da Expedição

Distância: 720 km
Dias: 5
Pneus Furados: 3 (2 Rafael 1 Joci)
Tempo de pedal: 35h36min
Calorias: 20.000

Agradecimentos:
Bikesul (Lúcio), Hotel Fragata (Zé), Surf Bar (Walmor), Panificadora Santa Marta (Marcelo), Urtado Refrigeração (Gesiel), Farmácia São José-Master Farma (Luciano) e Multigrafi (Roque)

Francielle (esposa Rafael), Márcia (esposa Joci) e Cintia (esposa Fábio)

Vó Arinda, Vó Anésia, Cláudia, Braz, André e Lena, e a todos que de uma forma ou de outra apoiaram e contribuíram para a realização deste projeto.

Fotos e vídeos aqui:

https://picasaweb.google.com/108962677449482591540/ExpedicaoPortoAlegreXSaoFranciscoDoSul17A211211#

[Nota do blog:] se você vai pedalar peas cidades deste roteiro, pode conferir uma opções de hospedagem nos links abaixo:

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Cicloturismo: Caminho da Fé – O Caminho Peregrino no Brasil

Por Emerson Lacerda

O Caminho da Fé é uma trilha de peregrinação, inaugurada em 11/02/2003, que vai de Tambaú, no interior de São Paulo, até Aparecida do Norte, no Vale do Paraíba/SP, atravessando a Serra da Mantiqueira, pelo sul de Minas Gerais.
Inspirado no famoso Caminho de Santiago de Compostela, da Espanha, narrado pelo escritor Paulo Coelho em “O Diário de um Mago”, o caminho brasileiro foi idealizado por um grupo de Águas da Prata, liderado pelo presidente da Associação Comercial da cidade, Almiro José Grings, que percorreu a trilha européia por duas vezes.

Caminho da Fé
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Caminho da Fé
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Faz parte dos objetivos do Caminho: proporcionar às pessoas que se dispuserem a percorrê-lo, momentos de reflexão e fé, saúde física e psicológica, e um passeio turístico ecológico.
Desde meu inicio no cicloturismo, era um sonho percorrer o Caminho da Fé. Sempre lia à respeito sobre as experiências dos peregrinos caminhantes e os peregrinos de bicicletas(bicigrinos). O preparo iniciava-se, fazendo algumas pequenas cicloviagens e aumentando o percurso com cargas mais e mais pesadas no Alforge Alto Estilo. Achando assim que, para mim, o caminho mais correto para o preparo físico ideal para enfrentar o Caminho da Fé de bike.
Chegada a hora, em Julho de 2011, já me achava preparado à fazê-lo, e assim iniciei o planejamento, recolhi informações e mapas altimétricos e com isso montei meu planejamento.
A princípio, iria sozinho, ou melhor, eu e Deus, mas com o passar dos meses, meu amigos também começaram à particicpar desta idéia comigo e em 29/10/2011 saímos de Santa Rosa de Viterbo – SP rumo à Aparecida-SP. Eu(Emerson), Genésio, Seu Geraldo, Paulo e a Helen Cardoso.
Prévia – Saímos de São Paulo, pela viação Danubio Azul até Santa Rosa de Viterbo, chegando lá, me encontrei com Fábio Massaro, em seu aconchegante bar o “O Curral”, responsável pela credencial do Caminho da Fé em Santa Rosa.

Caminho da Fé
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Caminho da Fé – 1° dia – Santa Rosa de Viterbo à Pousada da Dona Cidinha e seu Francisco – 96km

Resolvemos sair bem cedo, o sol ainda estava escondido entre as serras e ainda estava escuro, ligamos nossas lanternas e seguimos pela Rodovia Padre Donizete de Santa Rosa de Viterbo à Tambaú.
Caminho da Fé
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Presenciamos o nascer do sol na estrada, em cima da bike, um privilégio contemplar o nascer do sol, sentindo o restante da brisa da madrugada em nossos rostos, inflando nossos pulmões com o mais puro ar. Seguimos aproximadamente 30km até Tambaú, chegamos à igreja Padre Donizete, com decorações em vasos de barro-cerâmica, característico da região.

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Chegando em Tambaú, quando estávamos carimbando nossas credenciais, encontrei o Emmil Takeda e sua esposa Magna, também de bicicletas iniciando em Tambaú o Caminho da Fé.

Magna, Takeda, Paulo, Seu Geraldo, Gê, Helen e Emerson
Magna, Takeda, Paulo, Seu Geraldo, Gê, Helen e Emerson

Eu e o Takeda, já tínhamos conversado pelas paginas sociais específicas do Caminho da Fé pela internet e combinado mais ou menos um horário de nos encontrarmos pelo caminho, mas deixamos rolar e se Deus quisesse, iríamos juntos fazer esta empreitada. O Takeda e sua esposa Magna, são de João Pessoa-PB e foi um prazer enorme tê-los ao nosso lado praticamente todo o Caminho da Fé.

Magna e Takeda - o casal show
Magna e Takeda – o casal show

De Tambaú a Casa Branca, foram mais uns 35km aproximadamente, passando por plantações de cana, bananas, laranjas…. enfim,  paramos ao lado de um pé de laranja e já sabem né…… só sobraram as cascas.

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Coloquei mais um quilo em meu alforge e fomos embora, o sol estava pegando, nossas garrafinhas estavam secas, pedimos aos moradores locais água, é incrível como as pessoas são solidárias com o peregrino nesta região, conhecemos a Dona… e o Seu…. que nos deram água geladinha, o Gê e o Paulo partiram para um banho de mangueira…hahahha!! Fica aqui nosso agradecimento ao casal!!

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Seguimos para Casa Branca na paróquia Nossa Senhora do Desterro, para carimbarmos nossa credencial, chegando lá fomos recebidos pela Dn.Maria e a Dn.Vera quem nos deram almoço, estávamos pensando em ficar por lá mesmo, mas em consenso comum, resolvemos pedalar mais 30km até a Pousada da Dona Cidinha em Vargem Grande do Sul, só que não sabíamos o que iria acontecer pelo caminho, e a primeira novidade apareceu, a corrente da bike do Seu Geraldo quebrou no momento em que estava anoitecendo e iniciando uma chuva… paramos para arrumar e a noite já estava consumada, estava escuro, difícil de enxergar e chovendo

Igreja Nossa Senhora do Desterro
Igreja Nossa Senhora do Desterro

Pois bem, consertamos a bike e seguimos, não contávamos que para chegarmos à Pousada da Dona Cidinha, tinha uma “subidinha”…. além de não enxergarmos mais nada, só com as luzes das lanternas, a chuva apertava e na subida com as pedras soltas tivemos de empurrar nossas bikes, com alforges pesados e o trecho com lama, a gente dava um passo pra frente e o pé escorregava meio passo para trás, subidos  o morro em ritmos de passo de balé. Em vários relatos, todo mundo dizia muito bem da Dn. Cidinha, uma pessoa de coração enorme, uma atenção extraordinária, uma casinha aconchegante e comida da boa fresquinha toda produzida ali mesmo, seu marido o Seu Francisco, um prozeador dos “bão” mesmo, nos deixou super a vontade…. parecia que eu estava em minha casa, e tudo que a gente passou até chegar ali foi recompensado pelo carinho da Dona Cidinha e Seu Francisco.

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Caminho da Fé – 2° dia – Vargem Grande do Sul à Águas da Prata – 65km

Dormi igual a uma ‘’pedra’’, mas mesmo assim levantei cedo para organizar as coisas, lubrificar a minha ‘‘magrela” e tomar um maravilhoso café na pousada da Dona Cidinha, preparado com muito carinho para nós peregrinos. Na mesa tinha leite, da vaquinha mimosa, café de terreiro, pão preparado pela Dona Cidinha, biscoitos de tranças e pão de queijo uai…. tudo ela quem faz…. me acabei de tanto comer.

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Na saída, o seu Geraldo percebeu que o pneu tinha murchado, furou mesmo!!! Até trocar a câmara de ar, deu tempo de tomarmos mais um pouquinho de café e curtir o visual deslumbrante do local. Comecei a perceber que a felicidade de fazia com pouco e naturalmente, comecei a pensar na cidade de São Paulo, seu problemas sociais, e eu ali, curtindo o que Deus me deu de presente…..
Saímos por volta das 9:30, após tudo resolvido. Na saída nos deparamos com dois ciclistas o Matheus e o Pantera, de São Carlos, que são ciclistas profissionais, e estava pelo Caminho da Fé pela 3° vez só neste ano.  Conversamos e logo saímos, seguimos em direção à São Roque da Fartura, mas devido a alguns problemas com o Paulo, tivemos de mudar o percurso e fomos por asfalto. O Paulo estava com fortes dores no joelho, e estava impossibilitando de continuar o trajeto, após 120km percorridos, infelizmente o Paulo abandonou a empreitada do Caminho da Fé. Seguimos por asfalto, saindo de Vargem Grande do Sul até Águas da Prata, cidade que iniciou o Caminho da Fé e logo depois foi estendido à algumas cidades, mas sendo Águas da Prata a cidade de encontro de todos os caminhos confluentes.
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Chegamos por volta das 15hs em Aguas da Prata, ficamos na Pousada do Peregrino, fomos bem acolhidos pela…. .

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Chegando, conheci o Renato e o seu Waldir, ambos da Bahia, sendo o Renato, delegado por lá e o Waldir o seu sogro e iniciariam o Caminho da Fé em Águas da Prata.
Lavei minha roupas e tomei banho, de repente, uma chuva muito forte finalizou o dia enquanto jantávamos no Apallooza Churrascaria. Sabíamos que o dia seguinte  seria de muita chuva….

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Caminho da Fé – 3° dia – Águas da Prata à Serra dos Lima – 64km

Saí na frente do pessoal, juntamente com o Matheus e o Pantera, mas os caras sumiram, mesmo porque eu estava com alforje pesado e sem condição física dos caras… e de cara, uma subida forte.
Encontrei o Delegado Renato e o seu Valdir pelo caminho, conversamos um monte de coisa, foram quase 10km de caminhada proseando pelo caminho chuvoso e neblinado. Nos deparamos com uma igrejinha muito antiga, no meio do “nada” mas muito bem conservada resolvemos tirar fotos.

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Resolvi seguir sozinho, pois a galera estaria vindo logo atrás e eu queria subir até o vôo livre do Pico do Gavião, apesar da neblina. Segui com este propósito e assim foi, subi subi subi… ufs… após umas 2 horas estava lá em cimão, estava acima da neblina, pena que estava nublado o tempo, mas deu para ver alguma coisa.

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Agora teria de voltar e não sabia se o pessoal já tinha passado, fui ao encontro deles, descabelando a bike…. consegui encontra-los na cidade de Andradas-MG, comendo um X-Egg…. parei no hotel para carimbar a credencial e comer também, estava totalmente enlameado… queria logo tomar um belo banho, mas o pedal por enquanto não tinha terminado, o destino seria a temida Serra dos Lima, na Pousada da Dona Natalina.

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Chuva a dar com pau, saímos de Andradas, cidade maravilhosa, bem cuidada, limpa e organizada, em sentido à Serra dos Lima, chegando nela, com a chuva, lama e pedras soltas, era impossível pedalar a todo momento, só a Helen mesmo conseguia subir pedalando…. acho que a bike dela tem um sistema de motorzinho… sei lá……

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Todos naquela hora se achavam cansados, estávamos muito sujos, molhados, com frio e com fome, até que chegamos na Pousada da Dona Natalina, onde fomos muito bem acolhidos por ela e o seu Claudio, seu marido. Tomamos banho, e fomos jantar, que maravilha…. eu, o Gê e a Helen partimos para um vinhozinho da região, e assim foi que deu um sono danado….. dormimos cedo, devido ao frio também, mas antes fui ver o planejamento para o dia seguinte, meus papeis estavam encharcados. A sorte que o Gê levou uma cópia, e deixou muito bem guardada, estava sequinho. Combinamos de sair cedo, pois o trecho seria de 58km, e não sabíamos se seria com tempo chuvoso.

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Caminho da Fé – 4° dia – Serra dos Lima à Borda da Mata 58km

Levantamos bem cedo, o sol ainda estava escondido atrás da serra, arrumamos nossas coisas, tomamos café, e saímos. O sol já se mostrava e o céu azul de brigadeiro dizia que o dia seria de muito calor.

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Seguimos no Caminho da Fé, passamos por Barra no bar do seu….., que tinha um campo de futebol profissional.

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Após a passarmos pelo Bar do seu…., logo a frente tinha uma bica de agua mineral, apesar do calor intenso, a agua estava gelada pra caramba… mesmo assim fui me refrescar nela… GEELAAADA!!!

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Após o refrescante banho, mais uma subidinha e logo nos deparamos com mais um anjo que estava em nosso caminho, ou melhor, dois anjos, Dona Maria Alice e o Seu Rovilson, observamos que, na região, se planta muito café, e nos aguçou a vontade de tomar um cafezinho plantado, colhido, torrado e moído pela Dona Maria Alice e seu Rovilson. Um casal muito simpático e atenciosos, nos recebeu em sua casa com maior carinho.

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Em Crisólia, almoçamos no Restaurante da Zeti, feijoada!! Tive de me conter, pois se passasse da conta iria ficar por ali mesmo, maravilhosa comida!! Carimbamos a credencial e….

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Passamos em Ouro Fino e conhecemos o Menino da Porteira, que já aparece na descida de uma montanha…. passamos em Inconfidentes, pelo bar do Maurão para carimbar a credencial e tomarmos uma Tubaína,  logo pedalamos em direção à Borda da Mata pois o dia estava acabando e teríamos de nos ajeitar ainda na cidade.

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Ficamos no Minas Hotel em Borda da Mata este dia, saímos para comer pizza, pedimos uma pizza mista… vem de tudo…. e uma pizza 4 queijos… de Minas hahaha… Queijo fresco, meia-cura, queijo curado e queijo tipo reino…  Maravilhosa pedida do Takeda…. O trajeto deste dia foi super tranqüilo, sem muitas subidas, só até chegar ao centro de Borda da Mata, no hotel.

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Caminho da Fé – 5° dia – Borda da Mata à Tocos do Moji – 20km

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Saímos de Borda da Mata, sabíamos que seria o pior trecho até então. Resolvemos dividir o percurso, que seria de 40km, em 20km. O que seria de Borda da Mata até Estiva, resolvemos encurtar até Tocos do Moji, onde descansaríamos para o restante do Caminho da Fé. Logo na saída de Borda da Mata a primeira subida…. e descida e subida e descida…. uma montanha russa, subia subia subia e despencava em uma descida pra subir tudo de novo… e assim foi até Tocos, com bois e vacas atravessando o caminho, o medo de uma chifrada…. mas com bravura conseguimos chegar em Tocos do Moji, no Bar do Bastião, e comermos o pastel de farinha de milho… é uma DELÍCIA… comi uns sete pasteis… e já que não iríamos pedalar mais, resolvi tomar uma Brahma gelada com o Genésio.
Ficamos na Pousada da Tonha, que é administrada pela Sandra, a tarde em Tocos foi de muito calor, à noite, o frio pega ali…. chega a doer….

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Desmontamos nossas bikes, limpamos toda a relação e lubrificamos. Fomos dar uma volta na cidade onde conhecemos a equipe de apoio do Matheus e do Pantera de São Carlos, com mais alguns cicloturistas, dentre eles o Maninho, que fazia pela 12° vez o Caminho da Fé, e já tinha feito o famigerado Caminho de Santiago de Compostela. Dizia ele que o Caminho de Santiago não é nem a “unha” do Caminho da Fé, e em comparação aos dois caminhos, ele preferia o Caminho da Fé, pelo desafio que é bem maior, e pelas paisagens que são bem mais belas… só que em contra partida, culturalmente, o Caminho de Santiago, tem grandes histórias e é um Rota Peregrina milenar, e vale a pena conhecer.
Jantamos e fomos dormir.

Caminho da Fé – 6°dia – Tocos do Moji-MG à São Bento do Sapucaí-SP – 80km

Pernas descansadas, seguimos bem cedo. Tomamos café e sentido à Estiva, só no soooobe e deeesce, chegando em Estiva, paramos para carimbar as credenciais e tomarmos um café, o almoço programamos de pararmos em Consolação na Pousada da Dona Elza, pedalamos muito, até que chegarmos, mas já não tinha mais almoço, resolvemos comer pão com mortadela em frente a igreja de Consolação, eu, Seu Geraldo, Takeda, Magna, Genésio e Helen.
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Sabíamos que estava chegando o momento, estava chegando o fim do Caminho da Fé, restavam alguns kms ainda, e por incrível que pareça, a saudade começava a pontar dali. Seguimos, e o que seria a parada em Paraisópolis, resolvemos estender para a Hospedaria Vó Maria, da Lúcia e do Rogério, após o bairro do Canta Galo, na divisa com São Bento do Sapucaí, entrando já quase no estado de São Paulo novamente.

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Chegamos e nos deparamos com um local muito bem cuidado, limpinho, confortável e simplesmente…. simples e muito aconchegante!! Com comida de fogão à lenha, toda produzida no quintal… na hortinha, leite de vaca tirado hora, cafezinho colhido, torrado e moído da terra, dali mesmo. Não sei se para todos foi assim, mas foi para mim, o local que mais eu me senti à vontade, não sei se por devido à minha infância, eu ter contado com um ambiente tão parecido com aquele, fiquei recordando de minha avó, da comida que ela fazia com tanto carinho no fogão à lenha… saudades dela….. Hospedaria Vó Maria, é parada obrigatória

Caminho da Fé – 7° dia – São Bento do Sapucaí(Hospedaria Vó Maria) à Campos do Jordão 40km

A Lucia e o Rogério, fora extremamente atenciosos e nos deixaram bem a vontade, proseamos um monte de coisas, estava um friozinho e aproveitamos o calor no fogão à lenha….. fomos dormir, por sinal, dormi feito uma pedra, pois o dia anterior foi bem desgastante, o Genésio estava bem cansado, resolvemos acordar mais tarde. Tomamos café da manhã, tiramos algumas fotos e partimos em sentido à cidade de Luminosa.
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Este trecho já era esperado. Iríamos encarar a temida Serra da Luminosa de 1820m de altitude em relação ao nível do mar, assim fomos, escalando a montanha com nossas bikes, vezes pedalando, vezes empurrando e assim foi. Começamos  perceber que o “monstro” não era o “monstro”, era sim, um dos locais mais belos que eu tinha visto, uma visão panorâmica fantástica. Em meio à subida, na metade do trecho da Serra da Luminosa, no meio ao “monstro” que todos diziam, uma pousada nos chamou a atenção.

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Era a pousada da Dona Inês, um local espetacular, com uma visão promordial, uma pousada linda, aconchegante. A Dona Inês, pessoa extraordinária, logo de prontificou em nos dar um cafezinho e torradas, fez pão com ovo caipira para nos dar energia e vencer a temida montanha. Vendo algumas fotos expostas, vi um rosto familiar, perguntei se ela o conhecia, ele prontamente disse que era seu sobrinho, o Zil, meu amigo de faculdade, mas que mundo pequeno. Me despedi dela, e seguimos. Percebi que, após a pousada, a subida começou a ficar mais íngreme, e já não estava dando mais para pedalar, tínhamos de empurrar mesmo.

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Chegamos ao distrito de Campista, e ali passa uma referência de que estávamos no Estado de São Paulo, a Luminosa estava vencida, agora tínhamos de chegar até Campos do Jordão, na pousada do Peregrino, e assim foi. Chegando em Campos do Jordão, fomos recepcionados pela Bianca e pela Clara…., que é quem toma conta da Pousada, tudo bem limpinho, bem organizado, uma música relaxante de fundo e uma geladeira forrada de cerveja, apesar de que eu não bebi. Ela fez o jantar naquela noite, estava divino…. eu, o Genésio e a Helen, prontamente abrimos uma garrafa de vinho Merlot chileno, e brindamos a conquista da Serra temida Luminosa, estávamos felizes e cansados, ao mesmo tempo, dava um aperto no  coração, pois estava findando o Caminho da Fé, nos pomos a refletir o que aprendemos, a lição de vida, colocar em equilíbrio corpo e mente…. e isso estava se fazendo.

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Sabíamos que o outro dia seria o da consagração, chegaríamos ao objetivo que era a Basílica de Aparecida, o que toda noite eu fazia, que era o planejamento da meta do próximo dia, se tornava em um texto com nomes de todas as pessoas que nos ajudaram a percorrer de uma forma mais confortável o árduo caminho, e que eu estava incumbido de pedir a proteção de Deus à essas pessoas quando chegasse lá.

Caminho da Fé – 8° dia – Campos do Jordão à Basílica de Nossa Senhora Aparecida 40km

Levantamos cedo, queríamos muito chegar à Aparecida no horário do almoço. Pedalamos em direção à descida da serra de Campos do Jordão, deu mais ou menos 20km só de descida, passamos pelo Bar do Genésio para carimbar a credencial, passamos por Pinda, Roseiral e finalmente Aparecida, na pousada Jovimar, para carimbar a credencial, seria o ultimo carimbo do Caminho da Fé, antes do da Basílica, me dei por conta que tinha findado, um dos meu sonhos cicloturísticos estava concluído.
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Mais 3,5 km estava eu, na imponente Basílica, muitos que estavam comigo, devotos de Nossa Senhora Aparecida, não conteve a emoção, e em lágrimas chegaram, realizados.

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Enfim, mais um pedal realizado graças à Deus, missão cumprida e mais experiência na bagagem. Obrigado à todos que compartilharam comigo esta aventura, às pessoas que nos ajudaram durante o CF, seja com um copo d’água ou um palavra de apoio. Obrigado aos cicloturistas pioneiros, sem vocês o planejamento seria um desastre total. Muito obrigado à você, que acompanha nosso blog, tentamos passar à vocês que a vida, vivida simplesmente e intensamente, pode ser a melhor opção. Valeu AdHocBikers… até o próximo pedal!!! Fiquem com Deus!!!
 ***OBS-Quem quiser o planejamento da cicloviagem posso passar por email, emerson.lacerda@ig.com.br, será um prazer ajudar!!

 

[Nota do blog:] Muitos ciclistas pedalam de vários lugares do Brasil com destino a Aparecida. Veja opções de hospedagem em Aparecida neste link

Dicas de Hospedagem nesse Roteiro

Você pode reservar hotéis, pousadas, hostels e até casas de hóspedes através do Booking.com. Assim terá muitas opções para comparar e escolher a que vai te atender da melhor forma.

Cicloturismo: Pedal Lençóis – Igatu – Poço Azul na Chapada Diamantina

Por Romulo Coelho Spiridigliozzi

Na sequência do Trekking Guiné – Vale do Capão, fizemos o tão esperado pedal na Chapada Diamantina. O planejamento inicial era de 7 dias de pedal, mas não queríamos pegar agência para esse tour, porque o preço é bem salgado, então deixamos para decidir lá em Lençóis o que fazer. Escolhemos esse trajeto, que sai de Lençóis e vai até Igatu, pernoita lá e depois segue até o Poço Azul.

Chapada Diamantina

A preparação da viagem

Como estávamos preparados para um pedal maior, levamos bagageiros e alforges, mas que poderíamos ter dispensado nesse trajeto, pois fomos “leves”. Na realidade o alforge, mesmo leve muda toda a dinâmica da bike, mas valeu como experiência de primeiro pedal com alforge.

1º dia – de Lençóis a Igatu (Chapada Diamantina)

No primeiro dia, o trecho, que é normalmente cortado por vários rios de correnteza forte, estava seco. Os poucos rios que tinham água, possuiam poucos centímetros de profundidade e as estradas eram pura areia, ou seja, um desafio para pedalar.

Chapada Diamantina

Paramos na Cachoeira do Roncador, quase seca, para um merecido banho e lanche.

Cachoeira do Roncador - Chapada Diamantina

O calor estava pegando e aí que senti meus lábios rachando, vacilo causado pelo sol forte, suor salgado e falta de protetor labial.
Passado o trecho de terra, chegamos na BR até a cidade de Andaraí, com pausa na famosa sorveteria.

Mais uns quilômetros de asfalto chegaríamos a grande subida de Igatú. Em condições normais seria uma subida de respeito, pesadinha devido a distância e as pedras difíceis de pedalar. Agora some a isso uns 10 kg de alforge desestabilizando a bike + um sol que devia estar beirando uns 40ºC + uns 40 km sendo boa parte pedalados na areia !!!

No começo da subida eu pensei que não ia dar conta, mas o tempo foi passando, fizemos algumas paradas, quase esgotando a água que tínhamos. Estava tão quente que primeiro me livrei do capacete, depois foi o óculos que estava totalmente molhado de suor. Uma hora e tanto depois chegamos e fomos direto para a pousada.

Houve disputa pela mangueira de água. Acho que foi uma meia hora jogando água na cabeça para refrescar. Insano o calor.

A cidade de Igatu não tem muito que fazer à noite e nos contentamos com o excelente jantar na pousada.

2º dia: pedal Igatu – Poço Azul (Chapada Diamantina)

No dia seguinte, descemos as pedras das ruínas de Igatu, que é basicamente o que sobrou da casa dos mineradores da época da extração do diamante. Essa trilha, se podemos chamá-la assim, é um caminho pelas rochas, com alguns trechos bem técnicos de pedal, ótimos para um downhill nervoso. Com o nosso peso, sem chances de qualquer adrenalina na descida. Aliás, nessa hora minha caixa de direção começou a bater.

Esse detalhe, cagada minha na hora de desmontar a bike para colocá-la no malabike. Ao invés de tirar o guidão, tirei o avanço e com isso o tubo central da suspa ficou solto. Na hora de montar, não centralizei o retentor da caixa e estourei ele no aperto. Dava para pedalar, mas a cada quilômetro rodado ficava pior.

Acabando a descida de Igatu, chegamos na BR e rumamos sentido ao Poço Azul, num trecho de subida de uns 2 ou 3 km. Novamente o sol estava castigando, só que agora a subida era mais humana. Em um trecho de descida, percebi que não dava para continuar pedalando, pois o jogo na caixa de direção estava muito grande, e o quadro estava encostando direto na suspa. Com isso, não havia como acertar o rumo do guidão e a bike ficou extremamente instável. A 30 km/h, eu mal conseguia controlar a bike na descida de asfalto liso. Uma hora quase fui para o chão, aí parei para ver o que podia fazer.

O nosso guia Cabelo tirou umas borrachinhas, seçcões cortadas de uma câmara de ar velha. Tirei a suspa, coloquei 3 desses anéis de borracha, montei tudo e segui. Problema acabado !!! Que gambiarra danada, mas a bike ficou como zero. Nessa hora o ânimo voltou.

Logo chegamos a Mucambo, um vilarejo no caminho do Poço Azul, onde começava o trecho de terra. Era um domingo por volta do meio-dia, então o que víamos era o que sobrou de uma festa no sabadão. Achamos um bar aberto, descansamos um pouco, comemos um sanduba e seguimos caminho. Não preciso nem dizer que devia estar fácil fácil mais de 40ºC. O estradão de terra não tinha fim. Era relativamente plano, com alguns trechos curtos de subida. Mas a sensação é que ele não tinha fim.

Vilarejo do Mucambo - Chapada Diamantina

Mais de uma hora depois chegamos no Poço Azul. Paramos as bikes na sombra, ficamos uma meia na ducha gelada com roupa e tudo, chamamos umas geladas no restaurante do lugar e ficamos aguardando nossa vez, sem pressa alguma.

Quando descemos o poço, percebemos que o lugar era muito louco. Pegamos snorkel, minha câmera e entrei. Foi minha primeira experiência com snorkel. É meio esquisito no começo, mas 5 minutos depois já basta para acostumar. Uma das minhas câmeras waterproof entrou água, mas felizmente a filmadora aguentou, donde fiz vários vídeos da belíssima cor da água quando os raios solares entram no poço.

Poço Azul - Chapada Diamantina
Poço Azul – Chapada Diamantina

Após almoçarmos no restaurante encontramos o resgate para nos levar de volta a Lençóis. Uma volta pedalando seria impossível, devido ao cansaço e principalmente ao sol.
No geral o pedal foi bem técnico, no trecho de areia nas proximidades do Roncador, e nos trechos de subida e descida de Igatu. O calor dobrou a dificuldade. Nunca havia pedalado com aquela temperatura. Mas foi massa. Desafio vencido !

Pedal na Chapada Diamantina – Mapas e rotas de GPS

A seguir, captura do Google Earth (1º dia: vermelho e 2º dia: azul) …

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… e trajeto do GPS de Lençois – Igatu …

… e Igatu – Poço Azul

Opções de Hospedagem

Se você vai pedalar pelas cidades desse roteiro, pode consultar campings, hostels, pousadas e hotéis nos links abaixo:

Pedal na Chapada Diamantina: o vídeo

Segue o videozinho que fiz da aventura:

Dicas de Hospedagem nesse Roteiro

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