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O mercado das bicicletas para as mulheres: muito além dos clichês

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O mercado das bicicletas para as mulheres: muito além dos clichês
Direitos autorais: <a href='https://br.123rf.com/profile_warrengoldswain'>warrengoldswain / 123RF Imagens</a>

Há algum tempo, quando falávamos em bicicletas para as mulheres, o que o mercado oferecia era apenas um quadro rosa e nada mais. Porém, com a ascensão do número de mulheres ciclistas, esse universo teve de ser remodelado – e hoje podemos encontrar, ainda que timidamente, algumas novidades interessantes.

Se você é mulher e adora pedalar, já deve ter notado que as lojas de bike começaram a contar com um pouco mais de opção para nós. E é sobre elas que discutiremos neste artigo. Continue a leitura e confira!

Bicicletas para mulheres: o que muda?

bicicletas para as mulheres
A Trek lançou uma linha de bicicletas toda pensada nas mulheres: WSD – Women’s Specific Design

No começo, quando as mulheres começaram a mostrar a sua força sobre o pedal, as diferenças entre as bikes para elas e para eles era praticamente inexistente.

A ideia que a indústria tinha de bicicletas femininas se baseava apenas em um quadro colorido, de preferência rosa, um pouco menor – e com uma qualidade duvidosa.

Mas hoje, com o crescimento desse público, a indústria passou a notar algumas exigências importantes, principalmente considerando as diferenças anatômicas entre homens e mulheres.

Embora algumas pessoas acreditem que não exista necessidade de bicicletas para eles e para elas, a verdade é que nós temos diferenças em termos de proporções e até de anatomia que precisam ser respeitadas, para que a bike possa oferecer mais conforto e ajudar a melhorar a nossa performance.

A primeira marca a entrar com força nesse mercado foi a Trek, com a linha WSD (Women’s Specific Design), depois dela outras gigantes seguiram a tendência, como a Scott e a Specialized. Mas o que será que muda nessas bikes femininas? Veja abaixo.

Quadro

Cannondale Tango 1 Feminina mountain bike intermediária
Cannondale Tango 1 Feminina

A mudança mais óbvia, e antiga, é a alteração no tubo superior do quadro. Assim, ao invés de conectar o head tube à base do selim em linha reta, os quadros femininos costumam fazer uma curva em S ou aparecer em diagonal, facilitando na hora de subir e descer da bicicleta.

Porém, aqui cabe um adendo, já que normalmente essa alteração apenas é vista em bicicletas urbanas e ainda é pouco presente em bikes de competição ou modelos mais “radicais”.

Outra diferença é que, em geral, as mulheres possuem estaturas inferiores aos dos homens. Além disso, nós temos pernas mais alongadas e braços mais curtos. Por isso, algumas empresas já oferecem quadros menores e com perfil um pouco mais vertical, com um tubo superior reduzido e com um ângulo diferente do tubo frontal.

Isso evita termos de comprar um quadro masculino pequeno – que, muitas vezes, ainda parecia maior do que as nossas necessidades e não permite uma posição aerodinâmica.

Guidão

Bicicletas para as mulheres Trek Top Fuel 9.8 SL feminina
Trek Top Fuel 9.8 SL feminina

Outra diferença significativa está na distância dos ombros, que nos homens é maior do que nas mulheres. Isso se reflete diretamente nas medidas do guidão, já que ele deve estar em sintonia com a largura dos ombros do ciclista, permitindo que os braços fiquem alinhados.

As ciclistas que praticam o mountain bike sabem muito bem como essa diferença é importante, afinal a dormência nas mãos é uma queixa muito comum e que costuma estar relacionada ao uso de um guidão muito largo, obrigando a ciclista a ficar debruçada sobre ele.

Assim, algumas empresas já estão desenvolvendo guidões menores e capazes de trazer muito mais conforto às pedaladas.

Selim

selim para mulheres selle italia diva
Selim feminino Selle Italia Diva

O quadril feminino também possui diferenças significativas em relação ao dos homens. Afinal, nós engravidamos! Por isso, os ossos ísquios (aqueles que ficam na zona inferior do quadril e que apoiam o corpo quando sentamos) são mais abertos nas mulheres do que nos homens.

Essa diferença faz com que as ciclistas necessitem de um selim mais largo do que o modelo masculino.

Mesmo as mulheres que pedalam em bikes masculinas podem fazer a troca do selim, já que hoje algumas empresas comercializam os modelos femininos, como é o caso da Specialized, trazendo muito mais conforto.

Pedivela

Pedivela 170mm Shimano Sora

Com uma geometria mais curta no quadro, fica difícil melhorar o desempenho usando um pedivela de 175 mm, muito usado nas bicicletas tradicionais. Por isso, os modelos de bicicletas para as mulheres contam com pedivelas de 170 mm.

Além de tudo isso, as mulheres ainda têm diferenças importantes quando analisamos os tamanhos dos pés e das mãos, por isso são necessárias outras alterações como distância entre o freio e o guidão, tamanho do pedal, ajuste da suspensão, etc. Itens que um bom bike fit poderá lhe ajudar.

Mas será que todas precisam pedalar com bicicletas para as mulheres?

Treinar ciclismo com pouco tempo
Direitos autorais: ammentorp / 123RF Imagens

Apesar de todas essas diferenças, muitas mulheres ainda se questionam se realmente é importante contar com uma bicicleta feminina – e principalmente o quanto isso pode afetar o seu desempenho.

Como em tudo no mundo do ciclismo, não existe uma resposta pronta que funcione para todas as pessoas. Algumas mulheres se dão muito bem com as bikes masculinas, com quadros menores, fazendo apenas alguns ajustes na altura do guidão e em outros pontos específicos.

Porém, outras, quando experimentam pedalar em uma bicicleta pensada e desenvolvida exclusivamente para as suas características, conseguem notar grandes diferenças, principalmente no que diz respeito ao conforto e a performance.

E isso é válido para qualquer tipo de bicicleta, desde modelos urbanos, até de estrada, mountain bikes, de competição e assim por diante.

O ideal é se livrar dos rótulos e buscar uma bicicleta que esteja de acordo com as suas necessidades – e que vá além do que apenas cores e outros detalhes que tornem um modelo “feminino” ou “masculino”.

Acessórios para mulheres: o que muda?

Além das bicicletas para as mulheres, o universo do ciclismo também tem se preocupado no que diz respeito aos acessórios. Nós já mostramos aqui algumas diferenças essenciais, mas não custa relembrar, não é mesmo?

Bermuda e calça

Bermuda de ciclismo Free Force Qeen
Bermuda de ciclismo Free Force Qeen

Hoje já é possível encontrar modelos femininos e masculinos e essa diferença é muito importante. Afinal, o posicionamento da parte acolchoada é totalmente diferente para eles e para elas.

No caso dos modelos femininos, essa parte tem um comprimento um pouco menor e é mais larga, ajudando a proteger as áreas mais sensíveis do corpo da mulher.

Bretelle

Bretelle de ciclismo feminino 3xU Refactor
Bretelle de ciclismo feminino 3xU Refactor

Antigamente, era muito difícil encontrar um bretelle feminino – e o resultado era um grande incômodo nos seios e uma dificuldade extrema na hora de ir ao banheiro.

Hoje, já existem modelos para as mulheres, que tem um posicionamento diferente da alça (elas não ficam sobre os seios) e contam com opções práticas para vestir e retirar o bretelle, com zíperes em pontos estratégicos.

Capacetes

Detalhe para o uso do capacete com tranças.
Foto: André Schetino

Embora ainda seja difícil encontrar capacetes femininos, algumas marcas já estão inovando, como é o caso do capacete Louis Garneau Edge (foto abaixo). A principal diferença é que ele tem a parte traseira mais elevada, o que facilita na hora de pedalar com rabo de cavalo, coque e tranças, sem atrapalhar na flexão da cabeça.

Capacete Louis Garneau Edge, com detalhe da elevação na parte traseira
Capacete Louis Garneau Edge, com detalhe da elevação na parte traseira

Como você viu, apesar de bem lento, as empresas finalmente estão entendendo que as mulheres são um público importante dentro do ciclismo – e começando a produzir itens exclusivos para nós, respeitando a nossa anatomia.

As bicicletas para as mulheres possuem muitas diferenças importantes, bem como os acessórios, que podem tornar as nossas pedaladas mais confortáveis e contribuir para melhorar a performance.

Você gostou deste conteúdo? Pedala com uma bike feminina? Aproveite e deixe a sua opinião nos comentários – e contribua com essa discussão!

3 COMMENTS

  1. Minha esposa experimentou várias bikes “comuns”, mas só se adaptou bem com a Specialized Dolce. Caiu como uma luva. No bike fit, precisamos apenas de ajustar a altura do canote e a posição das manetes do guidão. Nem precisou de trocar mesa, nem nada…

  2. Então, eu comprei uma Scott Aspect 960 com o quadro S, e pedi pra diminuir o guidão, eles serraram na hora. Mas depois de umas andadas, principalmente em trilhas, percebi que essa bike ainda é grande pra mim, eu ja cai, porque em uma situação de emergência, não consegui colocar os pés no chão, porque o quadro é alto, eu troquei o selim.
    Então, agora estou procurando um modelo feminino de MTB para atender às minhas necessidades, e onde moro é bem limitado em questão de marcas e modelos, e não queria comprar pela internet sem andar nela.

  3. Ei Naira, obrigado por seu comentário. Existem algumas alternativas pra você comprar pela internet e testar as configurações da bike antes. Não sei se está disponível na sua cidade (ou em cidades próximas) mas o Bike Fit pré-compra utiliza um equipamento ajustável que vai colocar você pedalando no mesmo tamanho e geometria da bike que pretende comprar. Sugiro dar uma olhada nesses 2 conteúdos, acho que vão te ajudar:

    Dicas para comprar bike pela internet – https://ateondedeuprairdebicicleta.com.br/7-dicas-para-comprar-bicicleta-pela-internet/

    Bike fit pré-compra – https://ateondedeuprairdebicicleta.com.br/bike-fit-dinamico-saiba-como-funciona-e-porque-esse-e-o-melhor-sistema-de-ajuste-da-bicicleta/

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